sábado, 14 de junho de 2014

A coisa - Alan Dean Foster (Parte 16)


Apenas uma fração superior da esfera solar revelou-se no dia seguinte, sinalizando o início do equinócio vernal.
Era o início de seis meses de escuridão total.

Os homens estavam reunidos na sala de recreação.
Clark sentou em uma cadeira cercado por seus agora suspeitos colegas de trabalho. O adestrador de cães parecia exausto e defensivo.
— Tô falando pra vocês — disse pela décima vez — eu não me lembro de ter destravado o canil.
Childs estava nas proximidades, segurando a tocha. Tinha reduzido o arco de disparo, para que pudesse ser utilizada em lugares fechados. Fez uma careta, não acreditando no que dizia Clark.
— Isso é besteira! Você nos disse depois que você sempre verifica tudo.
— Eu sempre verifico — Clark mordeu o lábio inferior, não tão confiante. E não estava mesmo, e a tocha estava muito perto.
— Eles devem ter aberto depois que eu fechei à noite.
— Você deixou aberta, — Childs disse em tom acusador — para que pudessem fugir.
Clark manteve sua exasperação em suspenso, juntamente com a resposta sarcástica que imediatamente lhe veio à mente. Sarcasmo não seria prudente neste momento, considerando as expressões nos rostos dos homens cercando-o.
A atitude de Childs era que ele ficaria feliz em experimentar a tocha industrial dentro da sala, se Clark lhe desse a mínima desculpa para isso.
— Será que eu contaria para vocês que eles tinham fugido, se eu tivesse alguma coisa a esconder? — Argumentou com fervor. — Será que diria, que verificava regularmente a trava, depois que eu deliberadamente deixei aberta? Seja razoável!
— Isso ainda não explica porque você não colocou o cão no canil imediatamente — Garry ressaltou.
— Eu te disse que não o encontrei... — fez uma pausa com raiva empurrando o bico da tocha de lado. — Mantenha essa coisa longe da minha cara!




Childs estendeu a mão e agarrou o tratador pelo colarinho, levantando-o da cadeira. O mecânico estava perto de estourar, desde que voltaram para o acampamento. Ele ainda estava pensando em Bennings, e se perguntando se eles tinham matado-o enquanto ele ainda era Bennings.
— Você não vai me dar ordens!
Nauls se colocou entre eles e falou bruscamente para o mecânico: — Vai devagar, seu tolo! Você não é juiz e carrasco por aqui!
Childs relutantemente largou o adestrador.
Clark caiu para trás em sua cadeira, mantendo um olhar atento ao mecânico, enquanto falava com Nauls.
— Obrigado — disse agradecido.
Childs voltou sua frustração e raiva sobre Nauls.
— Quem você está tentando proteger, filho da puta? Estou tentando lhe dizer que este filho da puta poderia ser um deles. Você quer uma daquelas coisas, que poderiam ser qualquer um, mexendo em sua cozinha, cara?
Garry separou-os.
Ninguém notou Macready no corredor, assistindo ao confronto. Ele tinha estado fora, remexendo no depósito de lixo. Tinha um pacote debaixo do braço.
— Esperem! — Disse o gerente da estação aos dois brigões. Esforçava-se para manter o tom de voz. — Não estamos chegando a lugar nenhum agindo assim. Lutando e discutindo, não vamos provar nada! Se a teoria de Blair sobre essa coisa assumir estruturas celulares, até mesmo o cérebro estiver correta, então o cão poderia ter possuído alguém. Teve tempo o suficiente, uma noite inteira!
— Clark, ou qualquer outra pessoa — disse Copper tranquilamente de sua cadeira.

Alguns olhos se voltaram para Mac quando este entrou na sala. Mas a atenção ainda estava no médico.
Cooper pigarreou. — O que eu estou dizendo é que, teoricamente, qualquer um de nós poderia ser essa coisa. Ela aprende rápido. Rápido demais! E pode ser sutil, quando tem que esperar a sua vez, como aqueles cães fizeram.
Norris balançou a cabeça, esfregando o peito e fazendo caretas de dor.
— É demais para absorver tudo de uma vez, doutor. Posso aceitar o negócio sobre os cães. Eu vi acontecer. Mas se apoderar de vários de nós e manter-se em segredo? Inferno, todos nós conhecemos uns aos outros. Se aquilo, o alienígena, está no controle de Clark... — o adestrador enrijeceu ao ouvir seu nome — ou Childs, ou eu, ou qualquer outra pessoa, não iria querer dar o fora? Não seria um erro, se expor para que nós o pegássemos?
Cooper sorriu sem graça. — Se ele pode tornar-se cão o bastante para enganar outro cão, com seus sentidos caninos aguçados, então por que não um homem? Esta coisa chegou aqui em um veículo extraterrestre. Ele não é um animal. É muito inteligente, bem como extremamente adaptável. Tudo que necessita para sobreviver é assumir o controle de um hospedeiro orgânico. Porque não um homem, ao invés de um cão?
— É demais para mim! — Norris argumentou. — Não posso acreditar. Não sem evidência mais forte do que alguns cães de trenó.

Macready jogou para trás o sombreiro. — Bem, agora você vai acreditar.
Atirou sobre a mesa de carteado o pacote sujo que estava carregando. As ceroulas que Nauls tinha encontrado na lata de lixo da cozinha.

— Nauls encontrou isso ontem. Lembram? Está rasgada do mesmo modo que a roupa do norueguês que nós trouxemos de volta. A mesma coisa aconteceu com as roupas de Bennings. Parece que essa coisa não imita a roupa, apenas carne e sangue.
— Qualquer coisa orgânica — Copper estava murmurando. Puxou a ceroula. — Se fosse lã, talvez a coisa conseguisse.
Os homens olharam um para outro, em silêncio, pensando. Macready pegou os trapos e verificou a etiqueta no cós.
 — É fibra artificial, Doutor, mas há mais informação que possamos tirar disso.
— Por exemplo? — Norris questionou desafiadoramente.
— Por exemplo o tamanho, extragrande — sorriu maliciosamente e estudou o aglomerado nervoso de homens. — Qual o tamanho que você usa, Clark?
O adestrador de cães se mexeu desconfortavelmente na cadeira. Seu lábio inferior tinha sangue.
— E daí se for do meu tamanho?
— Sim, — Norris acrescentou — o que vai fazer? Eu uso um tamanho grande, também.
 — Extragrande — declarou Childs.
— Grande — disse Cooper.
— Eu também — o olhar de Macready viajou por toda sala. — A maioria de nós.
A sensação de mal-estar se intensificou.
Macready deixou-os cozinhar sobre esse novo pensamento um pouco antes de continuar.
— Duvido que pegou mais de um de nós. Dois, no máximo. Não teve tempo suficiente para mais do que isso. Além disso, se tivesse feito, não acho que nós estaríamos aqui debatendo isso agora. Nós estaríamos tentando explodir as cabeças um do outro, como aqueles pobres malditos noruegueses. Ou então pior. Mas definitivamente ele tem alguém. Alguém nesta sala não é o que está em sua carteira de motorista.
Sanders nem sequer tentou esconder seu medo. — Então o que vamos fazer?
Norris se virou para Cooper. Fuchs estava de pé ao lado do médico, olhando pensativo.
— Pode haver algum tipo de teste? — Perguntou o geofísico. — Certamente, se essa coisa altera a estrutura celular e outras funções biológicas tão radicalmente quanto Blair parece pensar que faz, deve haver alguma forma de detectar as alterações. Alguma forma de descobrir quem é o quê.
— Possivelmente um teste de soro — Copper sussurrou. — Sim, isso deve funcionar.
— Certo! — O entusiasmo de Fuchs era genuíno. — Por que não?
— O que é um teste de soro? Dá trabalho fazer um? — Perguntou o gerente da estação. 
 — É um simples exame de sangue — explicou Cooper.
Os homens se aglomeraram ao redor dele para ouvir a explicação.
— Como Blair disse, a coisa gera alterações severas na estrutura celular dos seus hospedeiros. Acho que iria aparecer em uma verificação de qualquer fluído corporal básico, como linfa ou sangue. Ou urina. Mas um exame de sangue seria mais fácil.
— Usamos o sangue humano não contaminado — disse Garry — misturando com o sangue de cada um. Se não conseguir a reação adequada é, no mínimo, uma boa indicação de que a pessoa cujo sangue foi retirado é normal.
— Mas e se essa coisa de assimilação for completa, e chegar até aos pêlos do bigode? — Macready argumentou.
— Não vejo como isso poderia alterar a sua estrutura celular o suficiente para enganar um teste tão básico. Vale a pena uma tentativa, de qualquer maneira, é simples e rápido. Se isso não funcionar, podemos sempre tentar outra coisa.
— Parece bom para mim, Doutor, exceto por uma coisa — disse Childs.
— O que?
Childs olhou para os rostos ansiosos. — Que sangue não contaminado nós vamos usar?
Cooper sorriu.
— Nós mantemos o sangue de cada um de nós em armazenamento, para emergências —  disse buscando a aprovação do gerente da estação. — Tudo bem Garry? Posso usá-lo? Fuchs pode me ajudar.
Garry refletiu um instante e, em seguida, virou-se para o ansioso biólogo assistente. — Qual a sua opinião, Fuchs?
 — Acho que é uma ideia inteligente, chefe. Blair seria o primeiro a aprovar.
O gerente parecia um pouco desconfortável.
— Infelizmente, o nosso biólogo sênior não está em condições para fazer avaliações racionais, ou qualquer outra coisa agora. Mas se você for junto com o doutor...
— Certamente — Fuchs assentiu vigorosamente.
— Então vamos tentar. Como disse, podemos sempre tentar algo depois, se este teste acabar inconclusivo. Quanto tempo vai demorar para ficar pronto?
Cooper arriscou uma estimativa conservadora. — Duas horas deve ser suficiente. Desde que eu não tenha... interferência.
— Haverá alguém com os dois, em todos os momentos. Vamos!
Tirou uma chave do molho pendurado em seu cinto e entregou-a ao médico. Cooper e o jovem biólogo dirigiram-se para a enfermaria.
O resto dos homens circulava, conversando amigavelmente.
Agora que eles iriam descobrir quem era real e quem estava fingindo, eles relaxaram visivelmente.
— Como essa coisa chegou a esses três cães? — Palmer perguntou a Macready.
— Não há certeza, mas acho que eles podem ter ingerido partes dele durante a luta no canil.
— E seria o suficiente?
— Não vejo por que não. Ao menos agora vamos descobrir se esses cães eram a última coisa que ele possuiu ou não — Macready murmurou sombriamente. — Pode ser que não tenha conseguido chegar a qualquer um, no acampamento.
— Garry! 
O grito veio do corredor, fraco, mas imperativo. — O restante de vocês também, venham!
Macready olhou para Palmer. A expressão rancorosa do último havia desaparecido.
— É o Cooper!
Como um único corpo, a tripulação correu pelo corredor para a enfermaria.
Fuchs e Cooper estavam lá, em pé na frente do freezer de armazenamento aberto. O interior era um desastre. Cacos de vidro e sangue seco endurecido. Cada embalagem tinha sido aberta e despejada.



A expressão de Cooper era de descrença escancarada. Sua compostura habitual fora embora, seu rosto estava pálido.
— Alguém chegou ao sangue. Sabotou o estoque! Não sobrou um pingo utilizável!
— Meu Deus! — Nauls olhou para seus companheiros. — Nenhum cão poderia fazer algo assim. Abrir uma trava do canil é uma coisa, mas abrir uma geladeira trancada à chave... isso significava que...
Macready abriu caminho através do silêncio horrorizado e examinou a porta aberta.
— Foi arrombada?
— Alguém a abriu — disse Cooper lentamente — e fechou, depois de ter terminado o trabalho. Em seguida trancou-a novamente. Se tivesse sido arrombada, eu teria notado.
Sanders se afastou da geladeira como se fosse uma coisa viva, sussurrando em espanhol e tentando manter o espaço entre ele e seu vizinho mais próximo.

Alguma coisa tinha que ser feita, e rápido, Macready sabia. Talvez tenha sido assim que começou no acampamento norueguês. A coisa não quer se mostrar. Tudo o que tinha a fazer era deixá-los saber que estava por perto. Um estado de completa paranoia em breve assumiria o controle dos sobreviventes humanos e eles se reduziriam a um número administrável.
Se perguntou se a coisa tinha um senso de ironia, de humor, e decidiu que provavelmente não.
Fale alguma coisa, disse para si mesmo. Qualquer coisa, mas fique calmo. Mantenha as mentes trabalhando e os seus pensamentos longe de suspeitas sombrias.
Deu um passo para frente. — Bem, vamos tratar disso com lógica. Quem tem acesso à chave e ao freezer?
Cooper pensou por um momento. — Acho que eu sou o único com autorização, fora o Garry.
O gerente da estação acenou em acordo.
— Eu tenho a única chave. Esse é regulamento. As drogas também ficam lá.
Os olharem mudaram-se para o gerente, mas ninguém expressou o que estava pensando...ainda.
— Será que o teste de soro realmente funcionaria? — Macready perguntou ao médico.
— Acho que sim. Não teria sugerido se não achasse. Não estava usando-o como uma manobra para tentar forçar esta coisa a revelar-se, se é aonde você quer chegar.
— Alguém com certeza pensou que iria funcionar — Norris fez um gesto para o freezer. — Se era necessária uma prova de que a coisa pegou algum de nós, agora já temos.
Macready ainda estava pensando. — Quem mais poderia ter usado essa chave, chefe?
— ...ninguém que eu posso pensar — Garry respondeu lentamente. — Como eu disse, o doutor e eu somos os únicos autorizados para abrir essa unidade de armazenamento. Dou a chave para o Cooper, quando ele precisa de alguma coisa. É mais seguro assim.
— Estou começando a me perguntar —  o piloto olhou para Cooper —  se alguém poderia tê-la roubado de você, Doutor?
 — Não vejo como. Quando termino, eu devolvo para Garry de imediato— sorriu levemente — estou sempre com medo de perdê-la, pois é a única chave, eu tenho muito cuidado com ela.
— Quando foi a última vez que você a usou?
Cooper arrastou os pés e olhou para o chão tentando se lembrar. — Um ou dois dias atrás...eu acho.
Garry começou a notar olhos desconfiados se voltarem contra ele.
— Suponho que...é possível que alguém possa ter tirado de mim.
— Esse molho está sempre ligado ao seu cinto —  Childs apontou acusador. — Como alguém pegaria sem você saber?
O gerente da estação soou estranhamente nervoso.
— Enquanto eu estava dormindo... olha, eu não estive perto desse freezer!
Ninguém disse nada. Continuaram a olhar para o chefe do posto avançado.
Sanders escorregou para um canto, suando bastante.
— O Cooper é o único que tem contato com ele — acrescentou Garry.
A atenção dos homens momentaneamente deslocou-se para o médico.
— Espere um segundo, Garry. Você esteve na enfermaria em várias ocasiões.
Fuchs estava tentando ser racional em meio a crescente onda de pânico.
— Penso que podemos eliminar o doutor da lista de suspeitos. Ele foi o único que pensou no teste.
— Talvez a coisa tenha proposto o teste, só para poder chegar nisso, e afastar a suspeita de si mesma — disse Norris olhando duramente para Cooper.
Macready pareceu duvidar.
— Desnecessário. Melhor seria não propor o teste. Fuchs teria pensado nisso?
O jovem balançou a cabeça. — Fisiologia humana não é a minha área.
— Assim, vamos liberar o doutor por enquanto, de qualquer maneira. Porque ele sugeriu o teste.
— E daí? — Childs parecia querer usar a tocha — Tudo isso é para deixá-lo de fora? Besteira! Talvez Norris esteja certo. Talvez essa coisa sempre esteja dois passos à nossa frente. Vai nos manter andando círculos até ser tarde da noite e decidir acabar com tudo por...
Um gemido inarticulado subiu do fundo da sala. Os homens viraram a tempo de ver as costas de Sanders desaparecendo no corredor. Todo mundo correu atrás dele.
— Sanders! — Garry gritou para o operador de rádio em fuga. — Não entre em pânico! Temos que ficar juntos! A coisa quer nos separar!

Sanders não parou. Só não estava pensando direito. Desejava ardentemente estar de volta em casa, em Los Angeles, de volta à universidade. Em qualquer lugar, menos onde ele estava, preso na parte debaixo do mundo, com uma coisa que poderia fazer se passar por seu melhor amigo.
Ele acelerou ao longo dos corredores, abrindo portas à frente e batendo-as ao ultrapassá-las. Gritos o perseguiam.

Estavam vindo pegá-lo. As coisas estavam apenas brincando com ele. Certamente, era isso! Banqueteando-se com o seu medo, brincando com ele até que o momento certo chegar.
Então, todos se reuniriam a sua volta, todos eles, prendendo-o impotente no meio deles, e enquanto observava-os, iriam mudar. Tubos brancos e finos sairiam deles, como o cachorro, e eles entrariam em seu corpo infeliz, enquanto os homens que não eram homens, sorririam para ele, assumiu seu cérebro e corpo, célula por célula...

Ele estava gritando quando alcançou a caixa de vidro que continha as armas da estação. Estavam ali para caso os homens tivessem vontade de fazer tiro desportivo, ou caso  os biólogos necessitassem de derrubar um espécime.
Entre as armas casualmente dispostas haviam três espingardas que Macready, Bennings e Childs haviam levado com eles em sua recente caça aos cães. Agora estavam de volta em seus lugares, limpos e prontos para serem utilizados no próximo verão. O verão ainda levaria seis longos meses para chegar, e Sanders precisava de uma arma agora.
O clamor de vozes se aproximando, mais alto agora, acompanhado pelo bater de muitos pés.
Sanders olhou freneticamente ao redor e lançou-se sobre o vidro, que rachou com o terceiro golpe, e partiu-se no quarto.
Livrou uma das espingardas do seu encaixe e, em seguida, alcançou a caixa de munição.
Freneticamente ele lutou para carregar a arma de um único cano, uma calibre doze, grande e letal. Poderosa o suficiente para parar até mesmo uma coisa. Sua mão trêmula virou a tampa da caixa e balas caíram na palma da mão e por todo o chão. De alguma forma, enfiou uma após a outra no carregador.
Os homens chegaram.
Garry puxou a Magnum onipresente e apontou-a diretamente para o operador de rádio.
— Sanders! Largue isso…agora!
Sanders olhou para ele, os olhos arregalados. Tremia violentamente. A caixa caiu de seus dedos, saltou no chão e rolou aos pés de Garry.
— Não!
— Eu vou colocar uma bala na sua cabeça — o gerente da estação falou lentamente, de modo que o operador de rádio entendesse.
A pontaria da Magnum nunca errava e ninguém duvidava da sinceridade de Garry.




Sanders se dirigiu aos homens agrupados atrás de Garry, no corredor.
— Vocês vão deixá-lo dar ordens? Ele poderia ser uma daquelas coisas. E a chave do freezer? Como você explica isso?
Algumas cabeças se viraram para Garry, a espingarda momentaneamente esquecida. Nenhum deles era alheio ao fato de que Sanders podia estar certo.
— Guarde a arma — disse o gerente de novo. Seu tom de voz era suave. — Basta baixar a arma, em seguida, vamos falar sobre o freezer. Mas não podemos falar como amigos, se estamos apontando armas um para o outro, podemos? Por favor, coloque–a no chão, Sanders. Eu sei como está se sentindo, estamos todos confusos. Mas também estamos todos juntos nessa.

Nem todos nós, Macready corrigiu-o silenciosamente.
Um de nós está se sentindo muito diferente.

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