domingo, 8 de junho de 2014

A coisa - Alan Dean Foster (Parte 11)

Nesta época do ano a noite chegava rapidamente no lado inferior do mundo.
Vários homens na sala de recreação estavam reunidos em torno do grande monitor de TV. As imagens que mostravam os noruegueses encontrando o misterioso objeto enterrado e que Norris e Macready estavam prontos a acreditar que se tratava de uma embarcação de tipo e origem desconhecidos.
De repente, a paisagem na tela, os movimentos dos membros da equipe norueguesa, já não pareciam tão monótonos. A fita não era mais um registro maçante de eventos comuns, cotidianos. Tinha adquirido algo mais do que mero interesse histórico.
Algo intangível e ainda assim muito real para os homens na sala.
Continha uma presença.


Macready estava sentado em silêncio em frente ao novo aparelho de xadrez, embora sua atenção estivesse dividida, entre pensamentos privados e o copo de uísque descansando sobre a borda da mesa.
Clark havia se recuperado do choque do dia anterior. Estava sentado sozinho em uma cadeira de canto, folheando uma revista recuperada do acampamento norueguês. O conteúdo não era de natureza científica, mas uma sucessão de fotos brilhantes, no entanto atraentes. Levava sua mente para longe de fatos menos prazerosos, recentemente observados.
Virou outra página, a mão livre brincando com um pedaço do peculiar metal que a equipe de exploração havia trazido de volta, do local da explosão.
Childs finalmente afastou-se do grupo que estudava a fita de vídeo e foi até Macready. O piloto o olhou distraído.
— Oi, Childs —  acenou com indiferença. — Que tal uma partida?
O mecânico sacudiu a cabeça. — Não sei jogar.
— Vou te ensinar. Estou cansado de jogar contra a máquina.
— Agora não — disse Childs impaciente. — Mac, me explica de novo. Milhares de anos atrás, esse foguete caiu naquele lugar, certo?
— Ele provavelmente não tinha foguetes, de acordo com o que me disse Norris.
— Tá bem, eu não dou a mínima se ele tinha remos. Esta nave caiu no gelo na...
A mente de Macready estava em outro lugar.
— Macready!
O piloto piscou e endireitou-se na cadeira. — Olha, nós estamos apenas supondo coisas. Poderia ter sido parte de uma instalação soviética, ou algo assim. Algum experimento secreto.
— Não foi isso que você disse para Garry.
— Ele queria a minha opinião. Isso é tudo neste momento. Norris também acha.
— Vai, me explica!
Macready suspirou antes de começou a reiterar a teoria que ele e o geofísico tinham inventado no voo de volta do local da cratera.

Era difícil de participar plenamente na vida diária do campo, quando eram obrigados a passar a maior parte do tempo de vigília em um quarto. Nauls não se importava com o isolamento, no entanto. Ela gostava de ficar sozinho com sua música.
Naquele momento, caçava no grande armário de armazenamento.
— Onde está o panelão de aço? Maldição! Eu nunca consigo encontrar nada quando preciso.
Bateu a porta do armário e virou sua frustração para as várias prateleiras altas, quando avistou um resto de embalagem velha. O lugar daquilo era no lixo. Foi até a lixeira principal, descartar-se daquilo. Abriu-a e reparou em algo diferente dos restos de sempre. Curioso, aproximou-se de verificar e, quando reconheceu do que se tratava, se voltou com nojo.
Alguém estava sempre pregando peças com ele. O bom e velho Nauls, sempre o alvo fácil. Todo mundo no acampamento sabia como ele era meticuloso sobre a sua cozinha. Estendeu a mão e pegou a ceroula suja e rasgada. Alguém ia ter que se explicar. Fazer piada era uma coisa, higiene era outra coisa.



—... e após a colisão — Macready estava dizendo a Childs — esse cara, o piloto, ou o que foi jogado fora, ou escapou, acabou congelando. Cem mil anos depois, os noruegueses o encontram e desenterram-no, em seguida, explodem acidentalmente o seu transporte, enquanto tentavam escavá-lo.
Childs fez uma careta. — Eu simplesmente não posso acreditar nessa besteira— olhou através da sala. — Você acredita que nessa merda, Blair?
Perdido no pensamento, o biólogo não respondeu. A estrutura celular estava toda misturada, confundindo sua mente como nunca antes.
— Eu vou ficar com a teoria do acampamento soviético —  disse Childs. — Quanto a esse grande bloco de gelo que cortaram fora, pode haver provas que corroborem. Algo como marcações em cirílico ou coisas assim. É por isso que eles estavam tendo tanta dificuldade. Talvez tenha explodido porque estava armado para isso.
Macready olhou para o mecânico desafiadoramente. — Claro, e depois se enterrou vinte metros de gelo glacial. Enfim, vamos saber em breve. Garry irá verificar os registros da estação para ver se no passado, os russos estavam operando na região. Nós vamos verificar novamente com McMurdo, assim que Sanders conseguir contato.
— Mas não espere muito. Norris diz que é impossível enterrar qualquer coisa em gelo desta idade, sem deixar algumas indicações de que você cavou. E nós não encontramos sequer um arranhão, exceto o que os noruegueses deixaram.
O baseado pendia frouxamente da boca de Palmer. Estava apagado, mas a sua presença o confortava. De qualquer maneira já estava chapado o bastante, uma condição ideal quando você tem que lidar com a possibilidade de que uma antiga nave alienígena pode ter estar a poucos quilômetros de sua cama.



O estado de espírito relaxado também facilitou a pesquisa de Palmer. Norris e Blair não eram os únicos na estação que podiam realizar uma pesquisa séria, não senhor! Palmer tinha vários meses de edições do National Enquirer e do The Star para pôr em dia.
Ele olhou para o mecânico com escárnio. — Isso acontece o tempo todo, cara. Estão caindo dos céus feito moscas. O governo sabe de tudo. ‘Eram os Deuses astronautas’, cara. Eles eram donos da América do Sul. Quero dizer, eles ensinaram aos Incas tudo o que sabiam. Como você acha que aqueles indiozinhos magros construíram Sacsayhuaman, cara? Você consegue imaginá-los transportando aquelas pedras de dez toneladas nas costas?
Childs deu-lhe um olhar de desdém. — Alguém tem que bater em você com uma pedra de dez toneladas, cara. Tire essas teias de aranha —  indicou a pilha de revistas de escândalo. — Essa merda que você está lendo não é exatamente a Scientific American, sabe?
Palmer acenou para um punhado de manchetes espalhafatosas.
— As revistas comuns não querem que a gente saiba. O governo não quer que ninguém saiba. Leia von Däniken! Você já leu Von Däniken, né? A verdade dos fatos. Eles estiveram nos observando há anos.
Ele revirou os olhos para o céu, com a voz cheia de medo fingido. — Eles provavelmente estão lá em cima agora, olhando para nós.
 — Se eles estão à procura de espécimes, eu com certeza espero que te levem — Childs revidou. — Nunca mais iriam nos incomodar. Algumas gargalhadas soaram entre os outros homens.
Clark deslizou para mais baixo em sua cadeira e virou a revista que ele estava olhando para o lado.
— Jesus, ...por que esses caras saíram da Noruega?
Um barulho crescia cada vez mais alto no corredor. Nauls segurou-se na porta e virou-se para o interior, com seus patins derrapando. Balançou a amassada ceroula como uma declaração de guerra.
— Qual de vocês imbecis jogou esta roupa suja na minha cozinha?
Atirou a peça ofensiva para a sala, que caiu como uma coberta sobre as peças de xadrez de Macready.
— Eu quero a minha cozinha limpa, livre de germes. Melhor pararem com isso! Da próxima vez que eu encontrar algo assim na minha cozinha eu vou servi-la para vocês no jantar!



Sem dar qualquer chance de alguém responder, ele girou e patinou para longe pelo corredor.
Macready se inclinou para frente e cuidadosamente levantou a roupa íntima de seu tabuleiro de xadrez, enrolando-a como uma bola. Childs ignorou a interrupção, e retomou o assunto, desinteressado da ceroula ou da reclamação de Nauls. Tinha sido uma piada de mau gosto na melhor das hipóteses.
— Então Macready. Vamos tentar mais uma vez. Os caras noruegueses passaram por aqui, encontraram-no, desenterraram...
Macready jogou a bola de pano, que caiu em uma pequena lata de lixo. Sorriu interiormente. Ele preferia basquete a xadrez, mas é difícil montar uma quadra na Antártida. Não que ele não tivesse tentado. No verão você descobria que a bola não quica muito bem na neve. A fina camada de gelo sob a neve tornava o jogo mais emocionante, mas muito mais letal.
Xadrez era bem mais seguro. Esfregou a perna, onde havia quebrado no ano passado, ao tentar fazer uma simples enterrada.
— Sim — disse distraidamente para o atento Childs — retiraram do gelo e levaram para a sua base. Ele derreteu, acordou, e o inferno começou.
— Ok, ok, tá bem!
Childs saltou a última parte da explicação do piloto. Tinha uma expressão de triunfo. — Agora que você acabou, Mac, uma coisa. Como está este filho-da-puta acordou depois de milhares de anos como um pedaço de carne congelada, hein? Me diz!
A intensidade do mecânico irritou Macready, quase tanto quanto as inconsistências em sua teoria.
— Eu não sei como. O que pensa que sou, Einstein? Ele faz isso porque ele é diferente de nós. Porque ele é do espaço. Porque ele gosta de ser congelado por cem mil anos. Talvez ele tivesse acabado de pilotar por um par de cem mil e parou para tirar um cochilo. O que você quer de mim, afinal? Vá perguntar a Blair ele é o cérebro. eu sou apenas um piloto.
Childs virou e falou bruscamente para o biólogo sênior. — Ok, Blair, o que me diz sobre isso? Você concorda com isso?
Blair estava olhando para frente, mas não para a parede. Algo irreal. Falava consigo mesmo, mas sem que toda a gente pudesse entender suas palavras.
— Foi aqui...tem esse cão... neste acampamento. É por isso que eles estavam perseguindo-o... é por isso que eles estavam agindo como loucos. Não estavam atirando em Macready e Norris...tentavam acertar o cão...não se importavam...só o cachorro, só acertar o cão.
O monólogo de Blair tinha dominado todas as outras conversas. Mesmo Clark desviou-se de sua revista.
— Então — disse Garry finalmente de seu assento perto do bar — e daí? Acabou!
Blair se virou para ele, não disse nada. Não precisava. Sua expressão era eloquente o suficiente.
— Bem — disse Bennings — acabou, não?
Blair se levantou de seu assento. Seus olhos pareciam atentos, mas sua voz ainda estava subjugada.
— Todos vocês venham comigo. Todos. Tenho uma coisa para lhe mostrar, e algumas coisas a dizer!
Eles saíram lentamente para fora da sala de recreação, conversando baixinho entre eles.
— O que eu quero dizer, preciso que todos ouçam —  Blair anunciou da porta. — Alguém vá buscar Nauls. O jantar pode esperar.




Quando entraram no laboratório do biólogo, ele metodicamente acionou cada um dos vários interruptores de luz. Em seguida, mudou-se para a mesa de centro de estudo e afastou o lençol que cobria o seu conteúdo. Alguns dos homens se aglomeraram ao redor. Alguns trouxeram cadeiras. Eles já tinham visto os dois corpos sobre a mesa.
Os dois cães entrelaçados não ficaram mais bonitos da segunda vez que o viram do que a primeira. Um pouco de frio irradiava a partir deles, pois foram mantidos no freezer do laboratório até minutos atrás. Apesar disso, já estavam começando a cheirar mal.
— O que quer que o cão norueguês fosse... era capaz de duplicar a si mesmo — disse Blair solenemente. — Nosso visitante — apontou para a massa no lado esquerdo da mesa. — Quando atacou o animal, tomou posse dele, começou a tentar ligar-se a ele.
Indicou as estruturas semelhantes a tendões, firmemente embrulhando ambos os cadáveres.
— Eu acredito que essas estruturas eram parte do processo de duplicação. Quando falo de 'tomar posse ' de outro cão, quero dizer no sentido biológico. Tecnicamente não há nada de misterioso ou sobrenatural sobre o processo. A metodologia é puramente mecânica. Nós só podemos teorizar neste momento quanto aos detalhes. Eu não tenho quase recursos para fazer mais do que isso. Eu acredito que o que acontece durante o processo de aquisição, é que a coisa original injeta certa quantidade de seu próprio DNA nas células do animal que pretende controlar. 
Levantou uma perna pegajosa do cão que tinha sido parte do animal norueguês
— Por exemplo, este não é um cão comum. Parece cão, mas a estrutura da célula não tem qualquer semelhança com a arquitetura celular de um canino normal. As paredes celulares, como na criatura original, são incrivelmente flexíveis. controlada pelos padrões do DNA, eles podem assumir qualquer padrão que a criatura desejar, desde que possa obter um modelo, um DNA para cópia. neste caso, o DNA do cão. Me deem um bom microscópio e em poucas horas eu não vou adivinhar, vou provar isso.  O requisito fundamental é o DNA para copiar. Aparentemente, a coisa é incapaz de duplicar um ser vivo a partir do nada. Ele precisa das informações contidas em materiais nucleares de um sujeito para se fundir com ele. Felizmente, chegamos antes que ele tivesse tempo de terminar.
— Terminar o quê? — Nauls questionou.
Blair indicou os restos dos cães de trenó. — Concluir o controle de nosso animal.
Sua mão repousava sobre o crânio peludo.
— A atividade de fusão que ocorre entre as células do cérebro é particularmente rápida. Como eu disse, eu realmente não tenho o equipamento aqui para este tipo de trabalho, mas pelo que eu vi até agora, o tecido cerebral desse animal —  indicou o cadáver inchado do cão norueguês — contém algumas das mais estranhas conexões sinápticas que qualquer biólogo jamais imaginou. Combinações e ligações que não tem nada a ver com a evolução canina. Então, além de tomar o controle das estruturas celulares existentes e dos padrões, a criatura original também é capaz de criar novas para os seus próprios requisitos.
Cooper franziu a testa. — Um corpo não é projetado para suportar tanto material celular. Se a invasão por esta criatura cria nova matéria, além de assumir estruturas existentes, como o sistema de vida do corpo lida com a carga extra?
A voz de Blair permaneceu a mesma, tutorial.
— Como você disse, o corpo só é concebido para manter o material orgânico vivo e funcionando. Partes do cérebro deste cão, por exemplo, parece terem sido bloqueadas por novas estruturas. O fluxo de sangue oxigenado foi redirecionado.
— Em outras palavras — disse Cooper tranquilamente — parte de seu cérebro foi desligado?
Blair assentiu. — Certas regiões cerebrais estavam mortas antes que este animal morresse, tendo sido suplantada em importância pela nova atividade em outro lugar.
— Que regiões foram...foram desligadas?
— Difícil dizer. Houve maciça invasão parasitária. Partes da memória, inteligência e, em particular, a individualidade. Difícil dizer com um cão, é claro, esteja ele vivo ou morto.
Voltou a olhar para os corpos entrelaçados.
— Eu acho que todo o processo teria levado cerca de uma hora. Talvez mais. Não tenho como saber ao certo, é claro. Não há nada comparável na literatura. Estou extrapolando o melhor que posso com o pouco que fomos capazes de descobrir.
— E quando acabasse? — Garry perguntou incisivamente.
O biólogo olhou para ele. — Este material conjuntivo...essas coisas...tipo tendões, desapareceriam, e você teria dois cães de aparência normal novamente. Só que não seriam mais normais, apenas na aparência.
— Eu acredito nisso! — Concordou Palmer fervorosamente. — Essa coisa no gelo, que os noruegueses desenterraram, com certeza não era nenhum cachorro.
— Claro que não — Blair tentou controlar a sua impaciência. Estes homens não são cientistas, lembrou a si mesmo, com exceção de Bennings, Norris e Fuchs. — O tamanho da parte ausente no bloco de gelo escavado é de uma criatura muito maior. Mas não temos nenhuma maneira de saber o quão grande. Como eu disse, a estrutura da célula alterada é extremamente flexível. É capaz de uma boa dose de expansão ou contração.
— O que você acha que aconteceu? — Garry perguntou a ele.
O biólogo considerou a questão com cuidado. — Quando a coisa original foi descongelada, revivida... bem, certamente ficou desorientada. Se a sua memória estava intata,  deve ter percebido que não poderia sobreviver por muito tempo em nossa atmosfera em seu estado original. Sendo a criatura incrivelmente adaptável como é, tentou resolver o problema.
Mais uma vez indicou a massa sobre a mesa.
— Antes que os noruegueses o matassem, de alguma forma ela possuiu esse cão.
— O que você quer dizer com 'possuiu' o cachorro? — Perguntou Clark.
Blair tentou ser paciente. — Tentei fazer a coisa parecer simples. Acho que falhei. Essa coisa era uma forma de vida  capaz de assumir o controle de qualquer criatura, célula por célula, neurônio para neurônio. O conceito é impressionante. A analógica terrestre mais próxima que eu posso pensar é o líquen, que não é realmente uma criatura individual, mas uma associação de dois tipos muito diferentes de vida, algas e fungos. Mas isso aqui é muito mais complexo e completo, e certamente não é, no mínimo, simbiótico. A coisa invade e age como um verdadeiro parasita, tomando o controle completo do hospedeiro. Não há troca mútua, na medida em que fui capaz de determinar...não tenho a pretensão de entender completamente todas as ramificações.
— Você está dizendo — Childs interrompeu, apontando com ceticismo para o intruso sobre a mesa — que o desgraçado tornou-se o cão?
Blair assentiu.  — E não havia nenhuma razão para parar por aí. Como podemos ver aqui, ele tentou tomar o controle de um dos nossos cães também. Eu não vejo limites. Ele poderia ter se tornado o maior número de cães, sem entregar o controle de seu corpo hospedeiro original. Ele não carrega muito material orgânico para alterar o DNA, embora não tenha certeza sobre mudanças em grande escala. Uma célula é o suficiente. O padrão de DNA do novo hospedeiro está irrevogavelmente alterado. E assim por diante e assim por diante, cada animal tornar-se-ia mais uma cópia da coisa original.
— Você passou um tempo com as plantinhas de Childs, Blair? — Norris murmurou.
O punho de Blair bateu na mesa. — Olha, eu sei que é difícil de aceitar! Eu sei que é difícil imaginar um inimigo que você não pode ver. Mas se esse troço te penetra, entra no seu sistema, e em cerca de uma hora...
—...ele possui você — Fuchs terminou por ele.
— É mais do que isso, mais do que você se tornar uma parte. ‘Você’ é dizimado, posto de lado permanentemente por um novo conjunto de instruções celulares. Ele retém apenas o que precisa do original, os padrões de memória do cão norueguês, por exemplo, para ter certeza de que ele agirá de forma reconhecidamente canina.
— Ele lambeu minha mão — murmurou Norris — quando estava sendo perseguido por aqueles caras no helicóptero. Ele veio até mim e lambeu minha mão e ganiu para obter ajuda.
Blair assentiu. — Claro que sim. Ele mantém o que é útil. Este organismo é altamente eficiente, sem desperdícios. E é inteligente. Esperto demais pro meu gosto.
— Então qual é o problema? — Garry queria saber. Ele indicou os dois corpos sobre a mesa. — A tocha deu conta dele.
O biólogo se virou para as formas caninas. — Ainda há alguma atividade celular. Clinicamente não está inteiramente morto, ainda...
Clark pulou para trás e tropeçou em uma lata de lixo. A reação do resto dos homens foi semelhante, mas não tão extrema.
— Acalmem-se — disse Blair escondendo os vislumbres de um sorriso.
— Você disse que uma célula é o suficiente para tomar o controle — Norris murmurou de olho nos cadáveres.
— Para imprimir um padrão, sim — Blair admitiu — mas não para dar início ao processo de posse do hospedeiro. Isso exige uma quantidade enorme de protoplasma. As estruturas tendinosas que parecem tão importantes para o processo, são compostas de milhões de células.
Os homens se mostraram ainda temerosos.
— Olhem, se houvesse qualquer tipo de perigo, vocês acham que eu estaria aqui passando minhas mãos sobre a coisa?
Os homens relaxaram um pouco. — Estou preocupado, no entanto, qualquer atividade das células, ainda que mínima, é demais.
— O que você recomenda? — Garry perguntou.
Blair olhou para seu assistente. Eles haviam discutido as possibilidades anteriormente, quando Blair tinha detectado a atividade mínima das células remanescentes. Ainda assim, os olhos de Fuchs se arregalaram quando viu na expressão de seu superior que a escolha tinha sido feita.

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