sábado, 31 de maio de 2014

A coisa - Alan Dean Foster (Parte 1)



No pior deserto do planeta nunca faz calor.
Nele não se erguem altas dunas como no Saara, nem vemos quilômetros e quilômetros de calcário estéril como no Gobi.
O vento que atormenta esta terra vazia, faz aquele de Run Al Khali, parecer uma brisa de primavera.
Nada de cobras ou lagartos venenosos, pois não há nada para ser envenenado aqui.
Um lobo solitário não conseguiria viver nas escarpas do Maciço Vinson.
Mesmo os insetos fugiram deste lugar. Os pássaros que arriscam uma vida precária nas praias preferem nadar a voar, buscando no mar o alimento, ao invés de aventurar-se em terra hostil. Aqui vivem focas e o microscópico krill, que sustenta os maiores mamíferos do mundo. Ainda assim, são necessários centenas de metros quadrados deles para alimentarem um único animal.
Uma montanha de nome Erebus exibe seu manto permanente de gelo, porém, queima internamente o fogo do inferno. Em outras partes a terra jaz abaixo de uma camada de trinta e cinco metros de gelo sólido. Neste deserto congelado, neste esqueleto de continente, diferente de qualquer outro, somente uma criatura consegue sobreviver ao inverno. É conhecida pelo nome de homem, e tal qual a aranha-mergulhadora, é forçada a carregar consigo seu sustento.
Por vezes o homem traz para a Antártica, calor, comida e abrigo, o que não tem um impacto imediato para um observador imparcial. Alguns homens são benignos, com o desejo de estudar e aprender, o que, em primeiro lugar, foi responsável por trazê-los até aquela vastidão. Outros podem ser mais perigosos. A paranoia, o medo de espaços abertos, a solidão extrema, tudo isso pode, de maneira desagradável, afetar a mente de cientistas e técnicos. Usualmente estes sentimentos permanecem escondidos, trancados por detrás da necessidade de concentrar-se em sobreviver aos ventos de centenas de quilômetros por hora, e as temperaturas de 80 graus abaixo de zero. Por um conjunto de circunstâncias extraordinárias, a paranoia se transforma em um instrumento necessário para a sobrevivência naquele ambiente hostil.
Quando o vento varre com violência a superfície da Antártica, o universo se reduz a elementos bastante simples. Céu e terra. O horizonte cessa de existir. As diferenças desaparecem, e o mundo se funde em um creme tempestuoso e homogêneo.
Naquele redemoinho branco e confuso agora se ouve o som errático de uma abelha gigante, cortado pelo gemido insistente do vento.





O piloto do helicóptero deixa escapar um xingamento, enquanto briga com os controles. O aparelho voando baixo, se esforça para ganhar altitude. Uma barba adorna as bochechas e o queixo do homem. Seus olhos estão injetados de sangue e selvageria.
Ele não deveria estar andando, muito menos dirigindo uma aeronave naquelas condições. Algo invisível o compelia. O terror sobrepujava o senso comum e o pensamento racional.
Não havia o menor brilho de razão nos olhos do piloto, somente morte e desespero.
Seu companheiro era grande, tendendo para gordo. Normalmente ele vivia dentro do alcance de um microscópio de grão-fino, escrevendo longas dissertações sobre a natureza de criaturas pequenas demais para serem vistas a olho nu. Mas agora ele não estava caçando micróbios. Seu estado era tudo menos sereno. Sua voz não trazia a imparcialidade cientifica enquanto gritava ordens ao piloto e usava do binóculo Zeiss. Sobre suas coxas descansava um rifle de caça de alto poder de fogo, e a deselegante mira montada neste, parodiava os instrumentos elegantes com os quais estava habituado. Baixou as lentes e observou a neve, então chutou a porta do helicóptero abrindo-a, e usou do braço para mantê-la aberta. O piloto gritou alguma coisa e seu companheiro respondeu erguendo o rifle. Confirmou que sobrara um gabinete carregado na câmara. Os dois homens conversavam aos gritos, feito loucos, como crianças brigando, mas não havia inocência em seus olhos.
O vento agarrou o aparelho voador atirando-o para os lados. O piloto amaldiçoou o tempo enquanto tentava evitar que a aeronave fugisse totalmente ao controle.
À frente e abaixo, um cão rosnava,  perseguido pelo helicóptero. Era uma mistura de husky com malamute, mas ainda assim parecia deslocado na superfície branca e fria, como qualquer mamífero. Virou-se e saltou a frente no momento que um bala explodiu aos seus joelhos. O som do disparo foi rapidamente engolido pelo vento constante.



O helicóptero mergulhou loucamente no redemoinho de vento selvagem. Continuava a voar bastante perto do solo. Um inspetor de segurança aérea recomendaria revogar a licença do piloto. O piloto, contudo, não dava a mínima para o que qualquer observador pudesse pensar. Ele não mais se importava com sua licença, ou coisas deste gênero, nunca mais.
Sua única preocupação era em matar.
Um segundo disparo não acertou coisa alguma. O piloto socou o ombro do amigo, e mandou que este mirasse melhor.
Ofegando pesado, o cão parou no topo de uma crista de gelo. Achava-se frente a um afloramento estranho. A placa, espancada pela tempestade, ainda se mantinha de pé, sua fundação encravada no gelo sólido como pedra. Sacudida pelo vento, nela se podia ler:
FUNDAÇÃO CIENTÍFICA NACIONAL - POSTO 31 – ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA




A bala do rifle errou tanto a placa quanto o cão. O animal pulou e desceu a toda velocidade pelo declive oposto, meio correndo, meio caindo pela neve fina e partículas de gelo compacto.
A construção plana e retangular de metal jazia escondida próxima dali, sob a neve que se acumulava sobre ela.
Um cadáver sujeito a ser regularmente enterrado no inverno, e exumado no verão.
Não longe da sua alta torre, golpeada bravamente ao vento, múltiplos cabos mantinham a oscilação em um mínimo suportável. Instrumentos coroavam em diversos ângulos e com vários propósitos, retendo amostras da velocidade do vento, precipitação (o que era raro), pressão, temperatura e um pletora de outros fenômenos meteorológicos, sem paralelo com qualquer outro lugar do planeta.
A variadas distâncias do prédio central, que se assemelhava a uma armadilha de aço, haviam vários galpões de permanência e composição variante. A solidez da construção neste caso dependia da importância do seu conteúdo. Alguns eram feitos de metal soldado ou rebite, outros temporários, foram erguidos com estacas de aço, plástico e madeira.
Nenhuma evidência de construções modernas de concreto. Na Antártica o concreto rapidamente se transformava em pilhas de areia e pedra.
Vento e gelo assaltavam as construções com a mesma imparcialidade.
Regularmente varridos pela neve, passadiços feitos de madeira, conectavam os prédios. Madeira incongruente em uma terra onde as únicas árvores a muito haviam sido fossilizadas.
As cordas guias esticadas aos pares, de estrutura em estrutura, marcando o local dos passadiços, e entoavam canções ao vento, qual cordas vocais de cânhamo. Bandeiras multicoloridas agitavam-se ao capricho do vento, marcando não somente os passadiços e prédios, mas muitas vezes locais de experimentos ao ar livre, através de códigos de cores. Atrás de uma proteção, um  par de helicópteros aguardava sem utilidade, suas lâminas pesadas e imóveis sob o acumulo do gelo, as bolhas das cabines transparentes agora opacas. Um poderoso trator-escavadeira descansava próximo dali, sob a lona encerada de proteção que ondulava ao vento rebelde, tais quais as asas de um desajeitado albatroz.
Um grande balão vermelho sacodia-se à ponta da corda de contenção. Na outra ponta da corda havia uma pequena caixa de metal, pronta para ser levada para qualquer lugar que o balão escolhesse ir, conectada ao gravador automático, seguro no interior do prédio principal.
Norris segurava a corda e olhava para o relógio. Parecia interessado nos afloramentos glaciais que ocasionalmente quebravam a monotonia do terreno em torno da base. Esse era o caso, uma vez que seus interesses eram principalmente com as rochas e a maneira que elas se moviam debaixo deles. Ele estava particularmente interessado na substância negra, viscosa que enchia a corrente sanguínea industrial do mundo moderno. Esse interesse era o principal motivo de sua presença no posto avançado, embora muitas vezes ele ajudasse no estudo geral e de pesquisa, e consequentemente, com o balão meteorológico. Ele procurava não ficar fora por mais tempo do que o necessário. Por direito, ele não deveria estar ali, devido ao seu coração instável, mas seu cérebro ágil e repetidos pedidos, havia superado a resistência daqueles que fizeram tais recomendações.
Bennings ficava contente com a ajuda de Norris. O meteorologista tinha enviado dezenas de balões vermelhos e seus sinais sonoros por si mesmo, mas era sempre mais fácil com alguém para segurar o balão, enquanto fazia os ajustes finais. Durante sua primeira temporada, ele cometera o erro de ir para fora sozinho, no final do outono, só para ver o balão subir graciosamente com seu pacote de instrumento ainda ao chão.


A vinte metros dali, um homem muito maior que eles estava agachado sobre uma moto de neve. Empurrou sua lona de proteção de lado e usou uma picareta de plástico para partir o gelo de seus flancos. Isso era necessário para que tivesse acesso ao interior da máquina. Childs adorava três coisas: máquinas, grupos que dançavam bem e cantavam muito melhor (muitas vezes melhor), e uma mulher longe. Ele crescera em Detroit, por isso a Antártica não parecia tão triste e desolada para ele, como para a maioria dos outros.
Um som familiar, mas inesperado, um zumbido distante, o fez virar-se e olhar com curiosidade para a esquerda. A franja do forro de pele do capuz de sua jaqueta fez cócegas na sua boca, e o fez cuspir. O cuspe congelou instantaneamente.
Norris levantou os olhos do relógio e olhou curiosamente na mesma direção. Assim também fez Bennings, deixando o balão meteorológico momentaneamente esquecido. Um gemido alto estava vindo rapidamente em direção a eles. Ele franziu a testa, fazendo com que o gelo em sua barba quebrasse.

Um helicóptero.



Ele não deveria ter saído com este clima. Certamente não tinha nenhum negócio a tratar com o posto avançado, já que a empresa aérea não era requisitada há meses.
Baixou tanto que os patins de aterragem que eles sacudiram a neve do topo de uma pequena colina que mal se via.
Um homem estava inclinado para fora, do lado direito da cabine transparente, aparentemente sem pensar em sua própria segurança, enquanto a aeronave mergulhava e balançava ao vento. Ele estava atirando com um rifle em algo pequeno que corria. Um cão.
Norris olhou para a direita e encontrou Childs olhando incrédulo para a direção deles. Nenhum dos dois disse nada. Não havia palavras capazes de explicar, e não havia tempo para expressá-las se as encontrasse.
O som do motor começou a diminuir conforme seu piloto invisível lutava para trazê-lo para o pouso. Estava vindo rápido. Os esquis saltaram uma vez no gelo duro com a força do impacto. Saltou para frente novamente, obrigando o cão a esquivar-se para evitar ser atingido. Um terceiro salto e parecia que a aeronave teria encontrado um ponto seguro, mas o vento a pegou, desviando-a perigosamente para o lado. Emborcou.
Norris, Bennings e Childs mergulharam, tentando enterrar-se na neve, quando os rotores acertaram a superfície, como palitinhos chineses. Os fragmentos das lâminas de aço passaram zunindo pelo ar em direções aleatórias, como adagas arremessadas por um especialista em artes marciais. Uma delas fincou perigosamente perto da cabeça de Norris, chegando a um metro de decapitá-lo.
O homem com o rifle conseguiu saltar, caindo sobre seus pés. Estava sangrando na testa e saiu mancando enquanto tentava apontar o rifle. Atrás dele, o calor repentino invadiu temporariamente o domínio do frio, quando os tanques de combustível se romperam e o helicóptero vomitou uma bola de fogo.
Acima, um balão vermelho já esquecido estava voando em direção a Ross Ice Shelf.
Norris e Bennings ergueram-se cautelosamente, e encaminharam-se para a ruína em chamas do que fora um helicóptero.



Menos de uma dúzia de homens permanecia dentro do complexo. Alguns jogando cartas, outros estavam monitorando seus respectivos instrumentos, preparando o almoço ou relaxando em seus cubículos de dormir. O som do helicóptero explodindo quebrou a rotina diária.
O cão chegou até Norris e Bennings, enquanto lutavam contra a neve, em direção ao aparelho em chamas. Ao mesmo tempo, o único sobrevivente do helicóptero avistou-os, e gritou algo em uma língua estrangeira. Ele estava enfurecido, recarregando sua arma.
Os dois cientistas trocaram um olhar. ­­­­­­— Reconheceu algo? — Norris gritou acima do vento.
Bennings balançou a cabeça, e gritou em direção ao sobrevivente sangrando. — Ei, o que aconteceu? E o seu amigo? — Fez um gesto em direção às estruturas retorcidas em chamas.
Sem demostrar nenhum sinal de compreensão, o homem com o rifle acenou furiosamente para eles. Estava gritando. O sangue estava começando a congelar no seu rosto, bloqueando um olho.
Norris parou. O cão sobre as patas traseiras lambia a mão de Bennings. Estava choramingando, confuso e com medo.
— Qual é o problema, garoto? — disse o meteorologista.— Cadê seu dono...
O homem do helicóptero levantou o rifle de caça e disparou contra eles.
Bennings tropeçou para trás em choque, o husky caiu com ele. Norris ficou congelado como a terra sob suas botas, boquiaberto, o louco se aproximava.
— Que mer…?
A arma rugiu uma segunda vez. O homem veio cambaleando em direção a eles, tentando mirar e gritando incompreensivelmente. Estava enxergando, mas não de forma clara. O sangue continua a infiltrar-se em seus olhos. Sangue e algo mais.
Gelo e neve voavam para o céu enquanto uma bala após o outra acertava no chão em torno dos dois cientistas atordoados.
Outra encontrou o quadril do cão, fazendo-o girar e tombar. Ele ganiu de dor.
Childs encarou descrente esse cenário varrido pelo vento, até que a arma pareceu desviar em sua direção. Em seguida, mergulhou, escondendo atrás da moto de neve.
Um quarto tiro atingiu Bennings. Ainda encarando seu agressor enlouquecido, ele caiu de lado.
Xingando, Norris se abaixou e colocou as duas mãos sobre os ombros do casaco de seu amigo, e começou a puxá-lo em direção ao prédio principal.
Deixando uma trilha de sangue , o cão lutava para rastejar ao lado deles.
O estranho estava muito perto agora. A ponta do rifle parecia tão grande como um túnel de trem.
Derrepente houve uma calmaria repentina no tiroteio, quando o homem delirante, parou e freneticamente começou a recarregar sua arma. Os cartuchos caiam do bolso do paletó. Ele tombou sobre eles, cavando-os na neve e empurrando-os para dentro da arma, um de cada vez.
Confusão total reinava dentro do complexo principal. Seus habitantes foram treinados para lidar com ventos com a força de um furacão, e o frio abismal, com falhas de energia e rações racionadas, mas não estavam preparados para lidar com um assassino.
Vários dos homens começaram a vestir as roupas pesadas para o ar livre: parkas, até coletes, luvas isolantes. O único plano era sair e ajudar Norris e Bennings. Alguns hipnotizados pelo drama que acontecia no gelo, simplesmente observavam através das janelas como se inexpressivamente assistissem um dos vários televisores do acampamento.
Da sala de recreação veio o som de vidro sendo estilhaçado. Vários golpes da coronha foram necessários para romper os painéis isolantes de espessura tripla. Em seguida, um cano de uma .44 surgiu pela abertura, firmada por duas mãos.
Lá fora, o intruso estava quase sobre Norris e Bennings. Tendo finalmente conseguido recarregar o rifle, levantou-o e mirou.
Um tiro soou, um pouco mais profundo do que qualquer outro antes. A cabeça do homem foi empurrada para trás, seu rifle disparou contra uma nuvem, para em seguida cair de joelhos, de cara contra a neve.
Com o coração batendo forte, Norris interrompeu sua fuga e soltou a jaqueta de Bennings. O meteorologista agarrou a sua ferida e contemplou fascinado seu agressor imóvel.
O cão ferido estava por perto, ganindo de dor. Do outro lado da brancura velada, Childs cautelosamente espiou por cima da moto de neve.
Mais uma vez, o único som que se ouvia era o lamento do vento constante.


Dentro da sala de recreação o rumor de vozes confusas havia cessado. Os homens que vestiam seus parkas pararam. Todos os olhares foram deslocados da cena do lado de fora para o gerente da estação.
Garry abriu o cilindro do Magnum e extraiu o cartucho vazio, depois a fechou firmemente, cutucou a trava de segurança, e colocou a arma de volta ao coldre em seu cinto. O gerente da estação estava consciente de que ele era o novo foco da atenção. Ex-militar, ele usava a arma mais por hábito do que por necessidade. Às vezes, um velho hábito pode ser útil.
— Vamos rápido! Fuchs, Palmer e Clark... —  fez um gesto para o exterior com a cabeça. — Vocês já estão quase vestidos. Vão fazer algo útil. Apaguem aquele fogo!
— Por que se preocupar? — Palmer era sempre questionador. Afastou o cabelo louro da testa. — Não há nada para salvar. Já vi acidentes suficientes para saber que piloto não teve sequer uma chance.
— Faça o que eu disse! — O tom de Garry foi curto. — Talvez encontremos algo útil em meio aos destroços.
— Como o quê? — perguntou Palmer beligerante.
— Como uma explicação. Agora mexa-se! — Ele voltou sua atenção para o homem mais jovem na sala. — Sanders, veja se pode encontrar um substituto para o painel de vidro da janela.
— Esse é o trabalho de Childs— foi a resposta rápida. — Eu cuido da comunicação, não dos reparos.
— Childs está lá fora. Ferido talvez.
— Mierda del toro — Sanders resmungou, mas saiu da sala para cumprir a ordem.


O extintor rapidamente subjugou as chamas, mas não encontrou explicações no cockpit queimado, e muito menos no piloto também. A atenção dos homens estava dirigida para o mostrador digital exterior ao prédio, que fornecia um relato constante da temperatura e do vento.
De volta à sala de recreação o restante dos homens estava reunido em torno do corpo do homem furioso que utilizara de sua arma indiscriminadamente. Havia um buraco no centro de sua testa. Um ou dois dos homens murmuraram baixinho, que Garry poderia ter acertado algo menos letal. Bennings e Norris não reclamaram.
Garry estava vistoriando os bolsos do macacão espesso. Uma carteira preta surrada que continha fotos de uma mulher, cercada por três crianças sorridentes, algum dinheiro dobrado, um par de cartões de crédito, outros bens pessoais, alguns reconhecíveis e alguns não, porém o mais importante, um cartão de aspecto oficial de identificação. Garry o estudava.
— Norueguês —  anunciou laconicamente. — O nome é Jan Bolen. Não me pergunte como se pronuncia.
Fuchs estava de pé ao lado do grande mapa em relevo da Antártida que dominava a parede oposta. Ele era o mais novo da tripulação, com exceção de Clark e Sanders. Sanders assumira as comunicações, e Clark cuidava dos cães, mas às vezes Fuchs se sentia inferior a ambos, apesar de todo seu avançado conhecimento. Este lugar era gentil para com esses homens, mais do que era ao sensível assistente de biologia.




O corpo estava sobre um par de mesas de carteado que apressadamente tinham sido empurradas para ficarem juntas.
Fuchs era o único cuja atenção estava em outra coisa.
— A base Sanae fica cruzando o continente — disse o gerente da estação. — Eles não poderiam ter voado todo o caminho de lá naquele helicóptero. Mas eles têm uma base nas proximidades. Coisa recente, se bem me lembro do boletim.
— Qual a distância? — perguntou Garry.
Fuchs estudou o mapa. — Acho que cerca de 80 quilômetros ao sudoeste.
Garry não tentou esconder sua surpresa. — Tudo isso? É uma distância e tanto para voar em um helicóptero com este tempo!
Atrás dele Sanders ajustava cuidadosamente o novo vidro pesado na abertura que o gerente da estação havia feito.
Garry voltou sua atenção para Childs. Norris estava sentado ao lado dele. Ambos haviam se acalmado um pouco desde o ataque. Childs ainda estava tirando gelo da barba.
— Como você está, Childs?
O mecânico olhou para ele. — Melhor do que Bennings.
Garry resmungou olhando para Norris. Todos estavam preocupados com Norris.
— Você entendeu algo do que ele dizia?
Childs deu um sorriso torto. — Pareço norueguês para você, Bwana? Você esteve lá fora na neve demais. Claro que eu entendi o que ele disse. Ele disse, “Tru de menge, halt de foggen”. Isso ajuda?
Garry não sorriu, mudando seu questionamento para o geofísico. — E você?
— Sim, entendi — Norris murmurou com raiva. — Ele queria fuder comigo. Foi bem fácil de entender!
O gerente da estação apenas balançou a cabeça, virando o olhar preocupado de volta para o corpo sobre a mesa.
Ele não daria as respostas que ele queria.
Todo mundo gostava de Cooper. O médico parecia deslocado na estação, com seu eterno sorriso paternal, e seu sotaque do Meio-Oeste. Ele não pertencia aquele lugar, servindo a homens que estudavam um inferno congelado. Ele pertencia a algum lugar da Indiana, tratando as meninas com sarampo e os arranhões dos meninos que caíram de cercas. Ele deveria estar posando para uma pintura tipo Norman Rockwell para enfeitar algum jornal de classe média. Ao invés disso, exercia sua arte na parte inferior da Terra. Ele fora voluntário para o cargo, pois sob a fachada de Dr. Gillespie, espreitava o coração de um homem levemente aventureiro. Os outros ficavam felizes por tê-lo por perto.
No momento ele estava trabalhando na perna de Bennings. E um canto da enfermaria, Clark, o cuidador dos cães, remendava o quadril do Husky ferido. Aquela única instalação médica, deveria atender às necessidades de ambos, cães e homens. Um não ressentia da presença do outro, e Clark e Cooper muitas vezes ajudavam um ao outro durante procedimentos mais complexos. Não se importavam, desde que os medicamentos não se misturassem.
O meteorologista soltou um ‘ai’, quando o médico usou a agulha para costurar. Cooper olhou com reprovação.
— Nada de ‘ai’ comigo Bennings. Pelo menos seja tão corajoso como o cachorro. É apenas um arranhão. A bala apenas roçou. Mal marcou sua preciosa pele.
— Sim, bem, não me sinto dessa forma.
 A agulha encerrou o trabalho e Bennings fez uma careta melodramática.
Cooper terminou o curativo e ajudou Bennings a colocar as pernas para fora da mesa. O meteorologista ainda tremia.
— Jesus, que diabo estavam fazendo? Voando baixo neste clima. Atirando em um cão... em nós!
Balançou a cabeça lentamente, incapaz de dar sentido a loucura que havia penetrado em um dia perfeitamente normal.
Cooper deu de ombros, incapaz de esclarecer o colega, colocou a agulha no esterilizador e o ligou. Cantarolava baixinho.
— Loucura talvez.
— Isso é um diagnóstico médico?
— Engraçado. Quero dizer, desequilíbrio por isolamento. Nós provavelmente nunca vamos descobrir exatamente o que causou isso.
— Garry vai —  Bennings parecia seguro. — Se eu o conheço, ele vai descobrir o que diabo está acontecendo. Ele é tenaz.
Olhou para a perna reparada, lembrou-se do cano do rifle de caça, e acrescentou baixinho: — Foi um tiro e tanto.
Um grito agudo fez os dois homens se voltarem para olhar. Clark tentou consolar o animal ferido. — Vou ficar aqui por um tempo ainda. Prefiro trabalhar com cuidado e salvar essa perna. Me contem depois o que descobriram, certo?
Cooper assentiu, enquanto ajudava Bennings a mancar para fora da enfermaria. Atrás deles, o cão continuou a queixar-se de dor quando Clark trouxe uma luz para mais perto e continuou cavoucando em busca da bala.



Blair se inclinou contra a porta de entrada para a sala de comunicações e passou a mão pela testa. Sujeira e suor vieram à palma da mão. Você está sempre sujo na estação, pensou. Os banhos de chuveiro eram restritos a dois por semana. Era engraçado de verdade. Estavam pisando em mais de trinta por cento de toda a água doce do planeta, e tinha que racionar os chuveiros por causa da energia.
Maldita interrupção! Tinha trabalho ainda para terminar, mais os relatórios semanais regulares para arquivar, para não mencionar um par de experimentos em curso, fora aqueles que precisavam de verificação constante. Desde o corte de verbas, tinha sido forçado a gerir a estação com apenas Fuchs para ajudar, embora Bennings e Norris ajudassem.
Mordeu o cigarro apagado e olhou como Sanders manipulava mostradores e botões. Estática escapava a partir de um alto-falante no teto; aumentando e diminuindo por dez minutos. Com uma recepção fraca dessas, não vamos conseguir nada, pensou amargamente.
Finalmente Sanders voltou-se para ele, entediado. — É, não vai rolar. Mesmo se eu pudesse falar norueguês. Mesmo se eu soubesse a porra das frequências.
— Bem, tente encontrar alguém — Blair estava tão frustrado pelo ataque como todos os outros. — Qualquer um. Tente novamente McMurdo. Nós temos que relatar essa bagunça antes que alguém nos culpe por ela, ou tenhamos um incidente internacional em nossas mãos. E você sabe o que isso significaria. Trabalho interrompido enquanto as tropas recolhem depoimentos e relatos pessoais.
— Eu não me importaria.
Sanders tinha pouco mais de vinte e um anos. Ninguém na estação parecia saber como ele obtivera seu posto, ou por que ele estava aborrecido daquele jeito. Provavelmente a propaganda havia feito parecer se tratar de um emprego romântico. Seis meses longe das vistas e sons (para não mencionar o calor) de Los Angeles, havia mudado a ideia do operador de comunicações, e ele não fazia nenhum esforço para esconder sua infelicidade. Ele dizia a qualquer um que parasse para ouvir, como ele tinha sido enganado. 
Mas ainda assim, estava comprometido com o trabalho por um ano. Sem vinho, sem mulheres, e pouca música. Certamente nenhum romance. A namorada que ele tinha conseguido impressionar, provavelmente estava deitada na praia em Santa Monica neste momento, bebendo vinho e aninhada nos braços de outro.
O próximo inverno seria mais difícil do que a maioria.
— Tente McMurdo novamente.
Sanders parecia enojado. — O que você acha que eu tenho feito? Olha, eu não tenho sido capaz de contatar merda nenhuma em duas semanas. Duvido que alguém esteja falando com qualquer outra pessoa em todo o continente. Você devia saber o que uma tempestade como esta faz para comunicações.
Blair afastou-se do jovem e olhou para a janela estreita no alto da parede, do outro lado do corredor. Além do vidro úmido nada pode ver, somente neve. A metade inferior da janela já fora enterrada. Mais um mês e estaria completamente coberta.
— Sim — murmurou resignadamente. — Eu sei...


O ruído era suave e constante, um som não muito diferente do vento uivante do lado de fora da base. Porém mais suave. Vinha de um dos muitos corredores que ligavam as várias salas e seções de armazenamento do complexo.
Lentamente parecia aproximar-se da sala de recreação. Os ouvidos registraram, mas nenhum dos homens reunidos lá se preocupou em dar atenção. O barulho era bem conhecido de todos, e não havia motivo para alarme.
Nauls derrapou até parar contra o batente. Suas pernas deslocavam-se alternadamente, equilibrado sobre os patins.
— Eu fiquei sabendo — seus olhos encontraram o corpo ainda deitado sobre as mesas de carteado. — Então o que é que isso significa?
— Ninguém sabe ainda — disse Fuchs. — Você tem alguma ideia?
— Claro — o cozinheiro sorriu para o jovem biólogo. — Talvez a gente esteja em guerra com a Noruega.
Palmer não era muito mais velho do que Nauls. Ele finalmente conseguira domar seu cabelo, preso para trás da nuca, com um elástico. Sorriu para o cozinheiro enquanto acendia um baseado.
Um cara engraçado, este era Palmer. Não era mau com máquinas, e não era um mau piloto, mas de vez em quando ele tinha um pouco de dificuldade para se comunicar com outros seres humanos. Episódios de um passado um pouco radical (a maioria durante os anos sessenta), ocasionalmente o assombravam, quimicamente e fisicamente.
Ele inalou secamente, voltando o sorriso para Garry. Os dois eram opostos sociais, mas se davam bem apesar disso. Em um lugar como aquele, você tinha que se dar bem. Garry e Palmer não levavam um ao outro muito a sério.
— Queria saber quando El Capitan teria a chance de usar sua arma.
Garry repreendeu-o com um olhar severo, e se virou para Fuchs. O biólogo ainda estava estudando o grande mapa.
— Há quanto tempo eles estão por lá? Você disse que não achava que fosse por muito tempo.
Fuchs afastou-se do mapa e começou a vasculhar uma caixa. Puxou um cartão de lá. — Diz aqui, cerca de oito semanas.
Dr. Copper entrou na sala. Bennings estava logo atrás dele, mancando um pouco mais do que a ferida exigia.
Garry parecia em dúvida. — Recém-chegados. Oito semanas. Isso não é tempo suficiente para alguém ficar maluco.
— Besteira! — Nauls chutou o chão com seus patins, fazendo as rodas girar.— Cinco minutos é o suficiente para colocar um homem no limite aqui, se ele não tiver a cabeça boa.
— É verdade — concordou Palmer. Ele estava começando a parecer feliz. Garry não dava a mínima para ele.
— Eu quero dizer — continuou Nauls observando as guimbas dos cigarros terapêuticos e entendendo a expressão no rosto do mecânico. — Palmer é do jeito que é, desde o primeiro dia.
O sorriso de Palmer cresceu.
— Isso depende do indivíduo.
O tom de Cooper foi mais grave do que o cozinheiro, embora o sentimento fosse o mesmo.
— Às vezes, conflitos de personalidade, combinados com problemas relacionados com confinamento e isolamento podem manifestar-se com uma velocidade surpreendente.
Garry considerou e disse para Fuchs. — Diz ai quantos estão nesta empreitada?
Fuchs olhou para o cartão e franziu os lábios. — Se isso está atualizado, aparentemente começou com apenas seis. Então teriam quatro restando no acampamento.
— Isso não é necessariamente válido — disse Copper calmamente. A atenção de todos fora deslocada para o médico.
— O que quer dizer, doutor? — perguntou Bennings.
— Significa que não sabemos quando nossos dois visitantes perderam o controle da situação, ou por que, ou se atingiu aos outros. Mesmo se agiram sozinhos, caras tão loucos assim —  fez um gesto para o corpo imóvel nas mesas de carteado — poderiam ter feito uma série de estragos por lá, antes de chegar até nós. Pode ser outra razão pela qual Sanders não consegue contato com o rádio do acampamento.
— Eles podem estar monitorando somente suas próprias transmissões — Norris pontuou.
Cooper parecia duvidar. — Qualquer europeu fala atualmente um pouco de inglês. Tinham ao menos de reconhecer, eu acho.
Garry olhou para as mesas. — Ele não falava inglês.
— O estresse do momento —  Cooper sugeriu. — Em momentos assim, as pessoas geralmente só conseguem pensar em sua língua nativa.
O gerente da estação virou-se resmungando infeliz. — Se o que você diz é verdade sobre eles causando danos ao seu próprio campo, não há muito que possamos fazer sobre isso.
— Oh sim, há — o médico respondeu. — Eu gostaria de ir lá. Talvez eu possa ajudar alguém. Talvez eu possa até mesmo encontrar algumas respostas.
— Com este tempo?
O médico virou-se para o homem que estava mais próximo dele. — Bennings? Que tal?
— Eu precisaria conferir novamente os instrumentos, mas de acordo com as últimas leituras, o vento irá diminuir um pouco nas próximas horas.
— Um pouco? — Garry olhou duro para o meteorologista.
Bennings inquietou-se. — Dá um tempo, chefe! Tentar prever o clima de inverno aqui embaixo é sempre um negócio arriscado. Mas é o meu melhor palpite, com base na informação mais recente.
— Qual é sua opinião sobre a ideia do doutor?
— Eu não gostaria de fazer isso sozinho — passou a inspecionar o mapa na parede. — Mas deve ser um percurso razoável. Mesmo levando em conta os ventos, eu acho, menos de uma hora para ir e uma hora para voltar.
Garry refletia sobre a ideia, não gostando muito dela. Mas ele queria desesperadamente algumas explicações antes que os inquéritos oficiais começassem a aparecer. Além de que, como Cooper tinha apontado, poderia haver feridos precisando de ajuda na estação norueguesa. Qual seria a reação oficial se ele não fizesse um esforço para ajudá-los?
Palmer deu o ultimo tapa no baseado.— Merda, doutor. Vou te dar uma carona se...
Garry interrompeu-o bruscamente. — Esqueça, Palmer — voltou-se para Copper, que estava esperando pacientemente por uma decisão. — Doutor, você é um pé no saco!
— Só quando não estou dando algumas injeções.
— Inferno —  o gerente da estação virou-se para esconder o sorriso. —  Norris, vá buscar Macready!
Alguns risos encheram a sala. Norris sorriu para seu superior.
— Macready não vai a lugar nenhum. Está isolado até a primavera. Quem disse que humanos não podem hibernar?
— O sempre-pronto Macready —  Bennings brincou.
Garry parecia entediado. — Basta ir buscá-lo.
— Você é o chefe, chefe — Norris foi em direção à porta. — De qualquer forma, ele provavelmente está bêbado. Palmer terá que ir de qualquer maneira.

A coisa - os personagens


 

R.J. MacReady (interpretado por Kurt Russell), 35 anos, é o piloto de helicóptero da estação avançada americana número 31, na Antártida. Piloto na guerra do Vietnã, MacReady acabou voltando para casa com sequelas emocionais, por conta de experiências traumáticas.  Pela sua atitude antissocial, presume-se que não teve boas vindas também. Remoendo as oportunidades perdidas, agora ele é parte de uma equipe de doze homens, mas permanece solitário, raramente participando de atividades sociais. Prefere ficar sozinho jogando xadrez em sua cabana, enquanto desenvolve o início de uma dependência ao álcool, devido ao seu amor pelo uísque. Também aprecia a companhia de uma boneca inflável (cenas deletadas do filme), e odeia o frio.



Blair (interpretado por Wilford Brimley), 50 anos, biólogo sênior, é um humanitarista sensível e inteligente, embora ligeiramente cínico e desconfiado, capaz de ler o cenário com rapidez e totalmente devotado ao seu trabalho.
É o primeiro a descobrir o perigo que se infiltrou na base. Instantaneamente ele percebe que ninguém poderá ser resgatado, a única coisa em sua mente é a proteção de não apenas a humanidade, mas a de todos os organismos do planeta.



Nauls (interpretado por T.K. Carter), 22 anos, é o descontraído cozinheiro, que em seus patins, percorre toda a base. Gosta de soul music e não aceita o cenário de horror à sua volta. Nauls é inteligente, bondoso, um homem do povo com um passado difícil em uma vizinhança violenta (Los Angeles). Se não estivesse no posto avançado, estaria trabalhando em um canteiro de obras, ou algo parecido.  Nauls reage sem pensar, dificilmente seria um líder. Ele é bom em apontar o dedo e deixar que os outros tomem as grandes decisões.



Palmer (interpretado por David Clennon), mecânico assistente, 27 anos, é um bom camarada, excelente com máquinas, aprendiz de piloto de helicóptero, e está sempre disposto a ajudar, mas demora a acreditar no perigo que se instala na base. Vítima do excesso de erva e do ácido que consumiu em sua juventude, está sempre um pouco alterado, com fumo ou sem. Ele também é o comediante da base, meio hippie, gosta de assistir programas de auditório gravados, enquanto fuma maconha com Childs. Também gosta de provocar a autoridade personalizada pelo gerente da estação, Garry.



Childs (interpretado por Keith David), mecânico-chefe, 33 anos, 1,93, 140 quilos, é um homem com um temperamento forte, vivendo no frio da Antártica. Trabalha como um faz-tudo, e é também treinado em primeiros socorros. Childs não se importa muito com a vida na base, pois o salário é bom e o isolamento o mantém longe de encrencas. Divide o quarto com Palmer, que é um pouco relaxado, mas também aprecia uma boa erva. Childs e Nauls são os únicos negros na base. Em geral Childs não se dá bem com homens brancos (exceto Palmer).



Doutor Copper (interpretado por Richard Dosar), 45 anos, é um homem decente, profissional a qualquer prova, querido por todos na base, por conta de seu caráter apaziguador e a sua personalidade serena e amigável.



Vance Norris (interpretado por Charles Hallahan), 44 anos, geofísico, é um homem áspero e duro como seu objeto de estudo. Possui uma condição cardíaca grave, que o impede de exercer atividades pesadas.



Bennings (interpretado por Peter Maloney), 38 anos. é o experiente meteorologista. Bom em obedecer a ordens, um especialista em sua atividade.



Clark (interpretado por Richard Masur), 24 anos, cuida dos cães Husky da base, e adora seu trabalho. Um homem simples, de bom coração e um trabalhador dedicado.



Garry (interpretado por Donald Moffat), 46 anos, é o gerente da base. Ex-militar, não aceita insubordinação. É um homem de ação, apesar de possuir grande veia política. Anda sempre acompanhado de seu revolver calibre 44.



Fuchs (interpretado por Joel Polis), biólogo-assistente, Fuchs é um homem do qual pouco se sabe, pois não se relaciona com o resto do pessoal da base. Prefere ficar trancado trabalhando no laboratório. Tem uma personalidade frágil e assustadiça.



Sanchez (ou Windows), (interpretado por Thomas G. Waites), 21 anos, rádio operador, é o mais jovem da base, mas detesta seu trabalho e também o frio.















A coisa - Base avançada 31 (Outpost #31)

Base avançada 31 (Outpost #31)








A base de pesquisas é composta por prédios e barracões, construídos a partir de materiais pré-fabricados, resistente às piores condições polares.

No prédio principal encontramos um laboratório, uma enfermaria, a cozinha, uma sala de comunicações, quartos de dormir e banheiros, além de compartimentos para armazenamento de suprimentos. Seu interior é um apertado labirinto interminável de corredores, passagens e portas que ligam a muitas salas. A área mais espaçosa e o principal centro de atividades, é a sala de recreação.

No piso inferior está localizado o gerador. Um longo túnel subterrâneo liga o prédio principal com o canil.




A coisa - filme e livro



“A COISA” (“The Thing”) é uma novelização escrita por Alan Dean Foster para o filme “The Thing” (também conhecido como “John Carpenter's The Thing” e no Brasil como "O enigma de outro mundo") de 1982, dirigido por John Carpenter, com roteiro de Bill Lancaster, e estrelado por Kurt Russell.




O livro de Alan Dean Foster (baseado no segundo roteiro), possui poucas diferenças em relação ao filme de Carpenter. O título se refere à forma de vida extraterrestre, que assimila outros organismos para sobreviver, após ter sido inadvertidamente descongelada por pesquisadores noruegueses em missão na Antártica.



O filme foi baseado no romance “Who Goes There?” de John W. Campbell, Jr.e já havia sido antes adaptado por Howard Hawks e Christian Nyby no filme de 1951, chamado “The Thing from Another World”.



 
Em 2011 o filme ganhou uma prequela com o mesmo título, pelo diretor Matthijs van Heijningen Jr. com roteiro escrito por Eric Heisserer, a partir do filme de 1982.