sábado, 19 de julho de 2014

Guerra nas estrelas: Uma Nova Esperança – George Lucas e Alan Dean Foster (Parte 12)


Leia Organa estava sentada diante de uma grande tela que mostrava Yavin e seus satélites.

Uma grande mancha vermelha se movia lentamente, aproximando-se do satélite número quatro. Dodonna e vários outros altos oficiais da Aliança estavam de pá, atrás da moça, também com os olhos pregados na tela. Pequenos pontinhos verdes começaram a aparecer em torno da quarta lua, agrupando-se em nuvens como se fossem mosquitos cor de esmeralda.

 
Dodonna colocou a mão no ombro da moça.

— A estação espacial do Império já penetrou no sistema de Yavin.

— Todas as nossas naves já decolaram — informou um comandante atrás do general.



Só havia um homem na gaiola cilíndrica, que ficava no topo de uma comprida torre de metal. Ele e o par de eletrobinóculos que usava eram os únicos sinais visíveis do poder que se abrigara durante tanto tempo no seio da floresta tropical.


Por toda a volta, gritos, gemidos e cacarejos saudavam o novo dia.
O ambiente bucólico foi quebrado pela passagem de quatro caças prateados. A sentinela acenou para eles.


Mantendo uma formação cerrada, desapareceram em poucos segundos no meio das nuvens.
Fora da atmosfera da lua, os caças se reuniram em esquadrilhas, formadas por naves com asas em X e em Y. Preparavam-se para ir ao encontro da estação espacial.


O homem que havia interrompido a conversa de Luke com Biggs baixou o visor do capacete e ajustou a mira semi-automática antes de se dirigir aos comandados.

— Esquadrilha Azul — disse pelo rádio. — Aqui é o Líder Azul. Ajustem os seletores e verifiquem suas posições. Marcação do alvo um vírgula três...

À frente, um pequeno ponto iluminado 'que parecia uma das luas de Yavin, começou a crescer.
Em poucos minutos, já era possível distinguir um brilho metálico, pouco natural.
A visão da gigantesca estação espacial fez os pensamentos do Líder Azul se voltarem para o passado.
Recordou-se das injustiças incontáveis, dos inocentes levados para serem interrogados e nunca mais vistos de novo... de toda a pletora de crimes cometidos por um governo cada vez mais corrupto e indiferente. E todos esses terrores e agonias eram simbolizados por aquele monstro da tecnologia que iriam combater.

— Lá está ela, rapazes — falou ao microfone. — Azul Dois, está muito afastado. Chegue mais perto, Wedge.

O jovem piloto que Luke havia conhecido no auditório do templo olhou para boreste e depois consultou os instrumentos. Ajustou ligeiramente o curso e disse pelo rádio: — Desculpe, Chefe. Parece que o indicador de distância está descalibrado. Já passei para manual.

— Certo, Azul Dois. Tome cuidado. Todas as naves, preparar para mudar configuração das asas.


Um por um, Luke, Biggs, Wedge e os outros membros da Esquadrilha Azul responderam ao líder:— Preparado...


— Executem — ordenou o Líder Azul, quando John D. e Piggy comunicaram que estavam prontos.

As asas duplas dos caças T-65 se separaram lentamente. Agora cada caça tinha quatro asas, dispostas de forma a oferecer o máximo de maneabilidade e poder de fogo.

À frente, a estação do Império continuava a aumentar. As estruturas da superfície já eram visíveis. Os pilotos podiam reconhecer as antenas parabólicas e outras montanhas e desfiladeiros artificiais.


Ao se aproximar da ameaçadora esfera de metal pela segunda vez, Luke começou a respirar mais depressa. O sistema de controle ambiental do caça detectou a alteração e fez as correções necessárias.
Alguma coisa começou a sacudir a nave, quase como se Luke estivesse de novo pilotando o aerociclo, lutando contra os ventos imprevisíveis de Tatooine.
Experimentou um momento de apreensão, até ouvir a voz calma do Líder Azul.

— Estamos passando pela blindagem externa. Aguentem firme. Procurem manter o curso e liguem os defletores na potência máxima.

O caça continuou a jogar, cada vez com maior violência. Sem saber que atitude tomar, Luke limitou-se a obedecer às ordens. De repente, a turbulência cessou como que por encanto.

— Pronto, passamos — disse o Líder Azul. — Agora mantenham silêncio até o último momento. Parece que vamos apanhá-los de surpresa.

Embora metade da grande estação ainda estivesse na sombra, já estavam suficientemente próximos para Luke distinguir as luzes da superfície. Uma nave que passava por fases, como uma lua... mais uma vez o rapaz maravilhou-se com a técnica prodigiosa que havia sido empregada na construção da gigantesca base. Milhares de luzes davam-lhe a aparência de uma cidade suspensa no espaço.
Alguns dos companheiros de Luke ficaram ainda mais impressionados, já que era a primeira vez que viam a estação.

— Vejam o tamanho dessa coisa! — exclamou Wedge Antilles pelo rádio.

— Nada de conversa, Azul Dois — advertiu o Líder Azul. — Acelerar para velocidade de ataque.

Luke ligou várias chaves do painel e começou a ajustar o sistema automático de mira. R2-D2 olhou para a estação do Império e pensou pensamentos eletrônicos intraduzíveis

O Líder Azul verificou sua posição e comparou-a com a do alvo.

— Líder Vermelho — falou pelo rádio — aqui é o Líder Azul. Estamos em posição, pode avançar. Trataremos de mantê-los ocupados.

Fisicamente, o Líder Vermelho era bem diferente do comandante da esquadrilha de Luke. Baixo, magro, fisionomia inexpressiva, parecia um tipo insignificante. Mas em coragem e dedicação, nada ficava a dever ao colega e amigo de muitos anos.

— Vamos iniciar o ataque. Fique por perto e assuma o comando, se alguma coisa acontecer.

— Certo, Líder Vermelho — respondeu o outro. — Vamos sobrevoar o equador e tentar desviar o fogo. Que a força esteja com você.

Duas esquadrilhas de caças se destacaram da formação. Os caças com asas em X mergulharam em direção à superfície, enquanto os caças Y se dirigiram para o pólo norte da esfera.


Dentro da estação, os alarmas começaram a soar quando os soldados finalmente compreenderam que a fortaleza inexpugnável estava sendo atacada. O Almirante Motti e seus estrategistas estavam certos de que os rebeldes se concentrariam na defesa da própria lua.
Não esperavam uma contra-ofensiva.

As forças do Império procuraram compensar rapidamente este erro tático. Todo o repertório de destruição da base foi colocado de prontidão. Os soldados correram para guarnecer as baterias. Poderosos motores colocaram os canhões de raios em posição de tiro.


— Aqui é Azul Cinco — anunciou Luke, preparando-se para entrar em ação. Baixou o nariz do caça. — Lá vou eu.

— Estou bem atrás de você, Azul Cinco — disse uma voz que Luke reconheceu como a de Biggs.

Enquanto Luke estava mergulhando em direção a um objetivo imóvel, as defesas do Império se viam diante de um alvo extremamente rápido e pequeno. Os canhões do caça cuspiram fogo. Houve uma explosão na superfície da esfera de metal, dando origem a um grande incêndio que duraria enquanto a tripulação não conseguisse cortar o acesso de ar à parte atingida.
A alegria de Luke se transformou em terror, quando percebeu que não conseguiria desviar a nave a tempo de evitar uma bola de fogo de composição desconhecida.

— Volte, Luke, volte! — estava gritando Biggs.

Mas, a despeito dos esforços do rapaz, os comandos não obedeceram a tempo. O caça mergulhou na nuvem de gases superaquecidos. Segundos depois, estava do outro lado. Uma rápida verificação dos instrumentos o deixou tranquilo. O calor intenso não tinha sido suficiente para danificar nenhum componente vital, embora as quatro asas estivessem enegrecidas.
Luke tirou o aparelho do mergulho e afastou-se da estação, bem a tempo de escapar a novos disparos.

— Você está bem, Luke? — perguntou Biggs, preocupado.

— Fiquei um pouco chamuscado, mas estou bem.


— Azul Cinco — disse o líder da esquadrilha — é melhor ir mais devagar. Sua missão não é abalroar a estação.

— Sim, senhor. Acho que já peguei o jeito. Como o senhor mesmo disse, não é exatamente como pilotar um aerociclo.


Feixes de energia e bolas de fogo continuavam a criar um labirinto cromático no espaço em torno da estação, enquanto os pequenos caças cruzavam a superfície em vôos rasantes, disparando em tudo que lhes parecia um alvo decente. Dois pilotos se interessaram por uma usina de força.
A usina explodiu, provocando uma verdadeira tempestade de centelhas elétricas.
Dentro da base, explosões secundárias se sucediam, despedaçando homens, robôs e equipamentos. Em alguns pontos, a carcaça externa havia sido perfurada, e o escapamento de ar lançara soldados e andróides ao espaço.

Mas alguém se mantinha calmo em meio ao caos. Um gigante vestido de negro: Darth Vader. Um comandante se aproximou, ofegante.

— Lorde Vader, são pelos menos trinta, de dois tipos. São tão pequenos e rápidos que os sistemas automáticos não conseguem rastreá-los com precisão.

— Então vamos usar os caças Tie. Teremos que ir atrás deles e destruí-los um por um.


Nos hangares, luzes vermelhas começaram a piscar e um alarma insistente soou. Os pilotos do Império correram para as naves.


— Luke — pediu o Líder Azul, enquanto atravessava ileso uma chuva de fogo — avise-me quando for atacar de novo.

— Vai ser agora mesmo.

— Tome cuidado. O fogo está muito intenso à direita daquela torre de reflexão.

— Já vi, não se preocupe — respondeu Luke, confiante.

O rapaz mergulhou novamente em direção à estação espacial. Antenas e pequenas
construções explodiram em chamas, quando as asas do caça cuspiram fogo com precisão
mortal.

Luke deu um sorriso ao nivelar a nave, escapando por pouco a um intenso feixe de energia.
Afinal, era mesmo como caçar ursos do deserto nos estreitos desfiladeiros de Tatooine.
Biggs iniciou o ataque, no momento em que os pilotos do Império se preparavam para decolar.


Nos hangares, as tripulações desligavam apressadamente os cabos de força e faziam os últimos testes sumários. Uma das naves estava sendo preparada com mais cuidado, aquela em que Darth Vader acabara de embarcar.

Na sala de comando do templo, a atmosfera era de expectativa. Todos estavam com os olhos grudados na grande tela, conversando por sussurros. Em um canto do aposento, um técnico consultou de novo os instrumentos antes de falar do microfone: — Atenção, líderes de esquadrilha! Atenção, líderes de esquadrilha! Captamos novos sinais do outro lado da estação. Caças inimigos a caminho.


Luke recebeu a mensagem ao mesmo tempo que os outros Começou a esquadrinhar o céu à procura dos caças do Império. Baixou os olhos para o painel de instrumentos.

— Nada na tela. Não vejo nada.

— Continue a observação visual — instruiu o Líder Azul. — Não confie nos instrumentos. Lembre-se de que a estação pode interferir com todos os sensores a bordo de sua nave, exceto seus olhos.

Luke olhou de novo, e desta vez viu um caça do Império perseguindo de perto um T-65 cujo prefixo reconheceu prontamente.

— Biggs! — gritou. — Há um atrás de você... cuidado!

— Não consigo vê-lo — respondeu o amigo, assustado. — Onde está? Não posso vê-lo!

Luke ficou olhando impotente, enquanto o caça de Biggs se afastava bruscamente da estação, seguido pelo caça do Império. O piloto inimigo disparou várias vezes, e cada disparo parecia passar mais perto do que o anterior.

— Ele é teimoso — disse Biggs pelo rádio. — A situação está ficando preta.

Biggs mudou bruscamente de curso, aproximando-se novamente da estação, mas o piloto que o perseguia continuou colado a sua cauda, disposto a não o deixar escapar.

— Aguente firme, Biggs! — gritou Luke, fazendo uma curva tão fechada que os giroscópios zumbiram em protesto. — Eu vou aí!


O piloto do Império estava tão preocupado com Biggs que não pressentiu a aproximação de Luke.

 
O rapaz esperou que o computador de bordo enquadrasse o alvo e apertou o botão de disparo. Houve uma pequena explosão no espaço — pequena em comparação com a enorme energia que estava sendo desencadeada pelas defesas da estação. Mas a explosão teve uma importância toda especial para três pessoas: Luke, Biggs e, principalmente, para o piloto do caça Tie, que foi desintegrado juntamente com a nave.

— Peguei-o! — murmurou Luke.

— Este está no papo! — exclamou alguém pelo rádio. Luke reconheceu a voz de um jovem piloto chamado John D.

Sim, lá estava o Azul Seis perseguindo outro caça do Império O T-65 fez vários disparos em rápida sucessão até que o caça Tie se partiu em dois, arremessando fragmentos de metal em todas as direções.


— Boa pontaria, Azul Seis — comentou o líder da esquadrilha. Então, acrescentou rapidamente: — Cuidado, há um na sua cauda!

Dentro da nacele do caça, o sorriso vitorioso do rapaz desapareceu instantaneamente e ele começou a olhar em volta, sem conseguir localizar o inimigo. Alguma coisa explodiu a sua direita, tão perto que a ponta de uma asa se partiu. Então houve um disparo ainda mais certeiro e a nacele se transformou em um mar de chamas.

— Fui atingido, fui atingido!

Foi tudo o que o infeliz piloto teve tempo de gritar antes do golpe de misericórdia.
De onde estava, o Líder Azul viu a nave de John D. transformar-se em uma bola de fogo. Sua única reação foi comprimir ligeiramente os lábios. Tinha coisas mais importantes para fazer.

Na quarta lua de Yavin, a tela principal se apagou junto com a vida de John D. Os técnicos saíram correndo em todas as direções. Um deles parou diante de Leia, dos comandantes e de um robô de pele cor de bronze.


— O receptor de alta frequência está com defeito. Vai levar algum tempo para consertar...

— Faça o que puder — disse Leia. — Enquanto isso, poderíamos deixar ligado o sistema de áudio.

Alguém atendeu à sugestão, e em poucos segundos os sons da batalha distante enchiam o aposento, entremeados com as vozes dos participantes.


— Mas para a direita, Azul Dois, mais para a direita — estava dizendo o Líder Azul. — Cuidado com aquelas torres.

— Fogo cerrado, chefe — avisou Wedge Antilles — a vinte e três graus.

— Estou vendo. Volte, volte. Vamos atacar em outro lugar.

— Não acredito — estava resmungando. Nunca vi tamanho poder de fogo!

— Volte, Azul Cinco. Volte! — Uma pausa, e depois: — Luke, está-me ouvindo? Luke?

— Estou aqui, chefe — respondeu Luke. — Achei um bom alvo. Vou fazer um estrago.

— É muito arriscado, Luke — disse Biggs. — Saia daí, Está-me ouvindo, Luke? Saia daí.

— Volte, Luke — ordenou o Líder Azul. — O fogo está muito cerrado. Luke, estou repetindo, volte! Não consigo vê-lo. Azul Dois, está vendo Azul Cinco?

— Negativo — respondeu Wedge, rapidamente. — Meus sensores não funcionam. Azul Cinco, onde está você? Luke, você está bem?

— Acho que o perdemos — murmurou Biggs, com voz trêmula. Então soltou um grito de alegria.

—Não, espere... lá está ele! O leme está um pouco avariado, mas o garoto escapou!

Os ocupantes da sala de controle deram um suspiro de alívio. Um sorriso iluminou o rosto
de uma jovem princesa.

Na estação, os soldados exaustos ou feridos foram substituídos por tropas de reserva.
Nenhum deles tinha tido tempo de especular sobre o desfecho da batalha, e no momento nenhum deles se importava muito, um fenômeno que sempre afligiu o soldado comum, desde tempos imemoriais.

Luke sobrevoou mais uma vez a estação, com os olhos fixos em um objetivo distante.

— Não se afaste, Azul Cinco — preveniu o comandante da esquadrilha. — Aonde vai?

— Localizei o que parece um estabilizador lateral — replicou Luke. — Vou tentar destruílo.

— Tome cuidado, Azul Cinco. Fogo cerrado à frente. Luke ignorou o aviso e apontou o caça para a protuberância metálica. Sua persistência foi recompensada. Depois de disparar várias vezes contra o alvo, viu-o explodir em uma bola espetacular de gás superaquecido. — Acertei em cheio! — exclamou. — Vou para o sul procurar outro alvo.

Na base rebelde, Leia escutava atentamente. Parecia ao mesmo tempo zangada e apreensiva. Afinal, voltou-se para C-3PO e murmurou: — Por que Luke está correndo tantos riscos desnecessários? O robô não respondeu.


— Atrás de você, Luke! — estava dizendo Biggs. — Atrás de você!


Leia esforçou-se para imaginar a cena. E não estava sozinha.

— Ajude-o, R2-D2 — murmurou C-3PO para si mesmo — e segure-se bem.

Luke continuou o mergulho enquanto olhava para trás, conseguindo finalmente localizar o caça contra o qual Biggs o havia prevenido. Então se afastou relutantemente da superfície da estação, abandonando o ataque. Mas o outro também era um bom piloto e continuou a segui-lo.

— Ainda está atrás de mim — disse Luke.

Um outro caça cortou o céu, aproximando-se das duas naves.

— Estou chegando, Luke — gritou Wedge Antilles. — Aguente firme!

Luke não teve de esperar muito. Wedge tinha boa pontaria. Em poucos segundos, o caça Tie explodiu em mil pedaços.

— Obrigado, Wedge — murmurou Luke, com um suspiro de alívio.

— Bom serviço, Wedge — disse a voz de Biggs. — Azul Quatro, agora é a minha vez. Cubra-me, Porkins.

— Estou com você, Azul Três — respondeu o outro piloto.

Biggs chegou a algumas dezenas de metros da estação e abriu fogo com tudo que tinha.
Ninguém podia saber ao certo o que o piloto rebelde havia atingido, mas a pequena torre que recebeu o impacto dos feixes de energia era obviamente mais importante do que parecia.
Uma série de explosões secundárias varreu a superfície da estação, saltando de um terminal para o seguinte. Biggs já havia passado pela área atingida, mas o companheiro que o cobria recebeu em cheio a descarga de energia.

— Estou com um problema — anunciou Porkins. — Meu conversor está rateando. — O piloto não estava contando toda a verdade. De repente, todos os instrumentos de bordo tinham deixado de funcionar.

— Salte... salte, Azul Quatro — aconselhou Biggs. — Azul Quatro, está-me ouvindo?

— Não é preciso — replicou Porkins. — Posso controlar a nave. Dê-me um pouco de tempo, Biggs.

— Está voando baixo demais — gritou o companheiro. — Suba, suba!

Com os instrumentos avariados, e à altitude em que estava voando, Porkins era uma presa fácil para as defesas da estação. As grandes baterias abriram fogo. O pequeno caça explodiu em chamas.
Perto do pólo da estação, a situação era relativamente calma. O ataque das esquadrilhas Azul e Verde havia atraído a atenção dos defensores para a região equatorial. O Líder Vermelho sabia que a falsa paz não duraria muito tempo.


— Líder Azul, aqui é o Líder Vermelho — anunciou pelo rádio. — Vamos começar o ataque principal. O objetivo já foi localizado. Por enquanto, está tudo tranquilo aqui em cima.Nem caças, nem fogo antiaéreo. Parece que não vamos encontrar resistência, pelo menos da primeira vez.

— Entendido, Líder Vermelho — respondeu o comandante da outra esquadrilha. —Vamos continuar a mantê-los ocupados aqui embaixo.

Três caças com asas em Y mergulharam em direção à superfície da estação. No último momento mudaram de direção para penetrar em um profundo desfiladeiro artificial, um dos muitos que havia no pólo norte da Estrela da Morte.

O Líder Vermelho olhou em volta, constatando com alívio que não havia nenhum caça do Império nas proximidades. Ajustou um controle e falou para os comandados:

— Chegou a hora, rapazes. Não se esqueçam: quando acharem que não dá para descer mais, cheguem ainda mais perto antes de largarem nosso presentinho. Desviem toda a força para os defletores dianteiros. Não é hora de pensar na retaguarda.

As tropas do Império que guarneciam o setor perceberam de repente que aquela parte da estação, ignorada até o momento pelos rebeldes, estava sendo submetida a um ataque.

Reagiram rapidamente, e em pouco tempo os caças estavam tendo que enfrentar uma barreira de fogo. De quando em quando, um raio mortífero atingia um dos caças de raspão, fazendo-o estremecer.

— Eles são meio agressivos, não são? — disse Vermelho Dois.

O Líder Vermelho não estava achando graça na situação.

— Quantas baterias você calcula, Vermelho Cinco?

Vermelho Cinco, conhecido pela maioria dos pilotos rebeldes apenas como Pops, conseguiu a façanha de fazer um levantamento das defesas inimigas enquanto pilotava o caça no meio de um mar de chamas. O capacete que usava parecia mais um destroço, resultado de mil batalhas anteriores.

— São umas vinte baterias — anunciou afinal. — Algumas na superfície, outras montadas em torres.

O Líder Vermelho agradeceu a informação com um murmúrio, enquanto ligava o sistema de mira controlado por computador. Explosões continuavam a sacudir o caça.

— Ligar computadores de aproximação — ordenou.

Aqui é Vermelho Dois — respondeu um piloto da esquadrilha — computador ligado e estou recebendo um sinal. — O rapaz estava visivelmente emocionado.

Mas o piloto mais velho do grupo, Vermelho Cinco, sentia-se calmo e confiante, embora murmurasse baixinho, quase para si mesmo:

— É, a coisa não vai ser fácil.

De repente, todo o fogo defensivo cessou. Uma estranha quietude tomou conta da superfície.

— O que é isso? — perguntou Vermelho Dois, em tom preocupado. — Eles pararam. Por quê?

— Não estou gostando nada — resmungou o Líder Vermelho. Mas a falta de resistência tornaria muito mais fácil a missão.

Pops foi o primeiro a adivinhar o que estava por trás da atitude aparentemente suicida do inimigo.

— É melhor ligarmos os defletores de ré. Os caças vêm aí.

— Tem razão, Pops — concordou o Líder Vermelho, olhando para o painel de instrumentos. — Já os vejo nos sensores. Três alvos às duas e dez.

Uma voz mecânica continuou a recitar a distância que os separava do alvo, mas os caças Tie já estavam próximos.

— Não podemos ignorá-los — observou o líder da esquadrilha. — Seríamos todos abatidos.

— Vamos ter que ir até o fim — aconselhou Pops. — Não nos podemos defender e atacar o alvo ao mesmo tempo..— Lutou para dominar velhos reflexos quando os sensores mostraram três caças Tie em formação precisa, mergulhando em direção a eles.

— Três-oito-um-zero-quatro — anunciou Darth Vader, enquanto ajustava calmamente os controles. — Quero pegá-los pessoalmente. Cubram-me.


Vermelho Dois foi o primeiro a morrer. O jovem piloto nem teve tempo de saber o que o atingira. Apesar de toda a sua experiência de combate, o Líder Vermelho quase entrou em pânico quando viu o caça ao lado dissolver-se me chamas.

— Estamos encurralados aqui. Não temos espaço para manobrar, os edifícios estão muito próximos, Temos que subir. Temos que...


— Conserve o rumo — advertiu uma voz mais velha. -— Conserve o rumo.

As palavras de Pops fizeram o Líder Vermelho cair em si.
Os dois caças continuaram a aproximar-se do alvo, ignorando os caças Tie, cada vez mais próximos.
Acima deles, Vader permitiu-se um sorriso de satisfação enquanto tornava a ajustar o computador de tiro.
 

Os caças rebeldes estavam voando em linha reta. Eram alvos fáceis. Um clarão iluminou a nacele do líder da esquadrilha. O fogo começou a consumir o painel de instrumentos.

— Pops! — gritou o Líder Vermelho. — Fui atingido Fui atingido...!


O caça explodiu em uma bola de metal vaporizado.

Alguns fragmentos sólidos chocaram-se com as paredes dos edifícios.



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