domingo, 13 de julho de 2014
Guerra nas estrelas: Uma Nova Esperança – George Lucas e Alan Dean Foster (Parte I)
"Estavam no lugar errado na hora errada. Naturalmente, viraram heróis.” — Leia Organa de Alderaan, Senadora.
Era um globo vasto, e reluzente, que projetava uma fria luz topázio para o espaço, mas não era uma estrela. O planeta havia enganado os homens durante muito tempo. Apenas quando entraram em órbita em torno do astro foi que os descobridores perceberam que se tratava de um planeta de um sistema binário, e não de um terceiro sol.
A princípio, parecia que nenhuma forma de vida poderia existir em tal planeta, muito menos vida humana. Mas as estrelas Gl e G2 descreviam órbitas bastante regulares em torno de um centro comum, e Tatooine estava suficientemente afastado delas para que o clima fosse estável, embora quente. Era um mundo seco e desértico, cujo brilho amarelado, que o fazia assemelhar-se a um sol, resultava do reflexo da luz das duas estrelas nas areias ricas em sódio. Essa mesma luz se refletia agora em uma forma metálica que descia em ziguezague em direção à atmosfera.
O curso errático que o cruzador galáctico estava seguindo era intencional, resultado não de uma avaria, mas das tentativas desesperadas de evitá-la. Intensos feixes de energia pura lhe roçavam o casco, uma tempestade multicolorida de destruição, como um cardume de rêmoras em volta de um tubarão.
Um desses feixes conseguiu tocar a nave em fuga, atingindo o painel solar principal.
Fragmentos de metal e plástico foram projetados para o espaço quando a extremidade do painel se desintegrou. A nave estremeceu.
A fonte desses feixes de energia apareceu de repente: um imenso cruzador do Império, o perfil imponente lembrando um cacto, com dezenas de canhões. Esses espinhos agora haviam parado de emitir raios mortíferos. Explosões e lampejos intermitentes podiam ser vistos nas partes da nave menor que haviam sido atingidas. No frio absoluto do espaço, o cruzador aproximava-se da presa ferida.
Outra explosão distante sacudiu a nave — mas não pareceu distante a R2-D2 e C-3PO.
A concussão os arremessou contra a parede do corredor estreito.
Olhando para os dois, seria natural concluir que a máquina mais alta, de aparência humana, que se chamava C-3PO, era o chefe, e que o robô atarracado de três pernas, R2-D2, apenas um criado. Na verdade, embora C-3PO talvez não aceitasse bem a idéia, eram iguais em tudo, a não ser na loquacidade. Sob esse aspecto, C-3PO era incontestavelmente — e necessariamente — superior.
Uma nova explosão sacudiu o corredor, fazendo C-3PO perder o equilíbrio. O companheiro estava mais bem equipado para este tipo de emergência, com o corpo curto e cilíndrico firmemente plantado em três grossas pernas.
R2-D2 olhou para C-3PO, que estava apoiado na parede do corredor. Luzes piscaram enigmaticamente em torno do olho único do robô, enquanto examinava os danos sofridos pelo amigo. Uma patina de pó metálico cobria a superfície normalmente reluzente de C-3PO, e havia algumas mossas visíveis, tudo resultado dos impatos que a nave rebelde onde estavam havia sofrido.
O último ataque havia sido acompanhado por um zumbido profundo que mesmo as explosões mais violentas não tinham sido capazes de abafar. Então, sem razão aparente, o zumbido cessou e o único ruído passou a ser os cliques dos reles e o crepitar dos circuitos avariados. Novas explosões ecoaram na nave, mas bem mais distantes.
C-3PO voltou a cabeça para um lado. Ouvidos metálicos escutaram atentamente. A imitação de uma atitude humana era desnecessária, os sensores auditivos de C-3PO eram onidirecionais, mas o elegante robô havia sido programado para trabalhar com seres humanos e comportar-se como se fosse um deles.
— Ouviu isso? — perguntou desnecessariamente ao paciente companheiro, referindo-se ao zumbido. — Desligaram o reator principal e a propulsão.
A voz do robô exprimia espanto e desolação. Uma mão metálica esfregou lentamente uma mancha escura no lado do corpo, no lugar onde uma viga caída do teto havia arranhado o acabamento de bronze. C-3PO era uma máquina orgulhosa da própria aparência; coisas assim o aborreciam.
— Loucura, isto é loucura. — C-3PO sacudiu a cabeça devagar. — Desta vez seremos certamente destruídos.
R2-D2 não respondeu logo. O torso cilíndrico inclinado para trás, as grossas pernas firmes no chão, o robô de um metro de altura estava ocupado examinando o teto. Embora não dispusesse de uma cabeça para girar, R2-D2 de alguma forma também conseguia dar a impressão de que estava escutando alguma coisa. Uma série de silvos e chiados curtos saiu de seu alto-falante. Para um ouvido humano não passariam de estática, mas para C-3PO eram tão inteligíveis quanto a linguagem comum.
— É, acho que tiveram que desligar o propulsor — admitiu C-3PO. — Mas que vamos fazer agora? Não podemos entrar na atmosfera com nosso estabilizador principal destruído.
Mas também não acho que vamos simplesmente nos render.
Um pequeno bando de homens armados apareceu de repente, os rifles prontos para disparar. Tinham uma expressão de desespero no rosto, pareciam preparados para morrer. C-3PO observou-os em silêncio até que desapareceram em uma curva do corredor, e depois olhou de volta para R2-D2. O robô menor não havia mudado de posição. C-3PO também procurou escutar, embora soubesse que os sentidos de R2-D2 eram ligeiramente mais aguçados do que os seus.
— O que foi, R2-D2?
A resposta foi uma série de silvos. Mais um momento, e não haveria necessidade de receptores sensíveis. Por um minuto ou dois, um silêncio mortal encheu o corredor. Então, C3PO também pôde ouvir um som distante, como o de um gato arranhando o teto. Aquele som estranho era produzido por botas pesadas no casco da nave.
Depois de ouvir várias explosões abafadas, C-3PO murmurou:
— Já conseguiram entrar. Desta vez o Capitão não escapa. — Voltou-se para R2-D2. — Acho que devemos...
Um rangido metálico o interrompeu. Uma luz cegante irrompeu na extremidade do corredor. O pequeno grupo de homens armados que passara por eles devia ter encontrado os atacantes.
C-3PO virou o rosto e os delicados fotorreceptores para longe do clarão, bem a tempo de evitar os fragmentos de metal que voaram pelo corredor. Um buraco apareceu no teto e por ele começaram a descer grandes vultos metálicos. Os dois robôs sabiam que nenhuma máquina era tão ágil quanto aquelas formas estranhas, que assumiram imediatamente a posição de combate. Os recém-chegados eram humanos vestindo armaduras, e não máquinas.
Um deles olhou diretamente para C-3PO — não, não para ele, pensou o robô, assustado, mas para trás dele. Uma mão enluvada levantou o pesado rifle, porém era tarde demais. Um fino feixe de luz atingiu-lhe a cabeça, e pedaços de armadura, osso e carne voaram em todas as direções.
Metade dos soldados invasores se voltaram e começaram a responder ao fogo, atirando na direção dos dois robôs.
— Depressa, por aqui! — ordenou C-3PO, pretendendo fugir dos soldados do Império.
R2-D2 acompanhou-o. Tinham dado apenas alguns passos quando viram os rebeldes em posição, atirando também na direção deles. Em poucos segundos, o corredor estava cheio de fumaça e de feixes de energia.
Raios vermelhos, verdes e azuis ricocheteavam nas superfícies polidas da parede e do piso ou rasgavam as estruturas metálicas. Gritos dos humanos feridos e moribundos — sons que nenhum robô seria capaz de emitir, pensou C-3PO — acompanhavam a destruição inorgânica.
Um raio abriu um buraco no chão bem à frente do robô e ao mesmo tempo outro raio destruiu a parede ao lado, deixando expostos os eletrodutos. A força da dupla explosão arremessou C-3PO contra os cabos despedaçados e seu corpo metálico foi percorrido por uma dúzia de correntes elétricas, que o fizeram tremer convulsivamente. Os terminais nervosos do robô transmitiram estranhas sensações. Não sentia dor, apenas confusão. Cada vez que se movia e tentava libertar-se, provocava um novo curto-circuito. Enquanto isso, a batalha continuava.
O corredor estava cheio de fumaça. R2-D2 andava para cá e para lá, procurando uma maneira de ajudar o amigo. O pequeno robô mostrava uma indiferença fleumática pelas energias furiosas que se entrecruzavam no corredor. De qualquer forma, era tão baixinho que os raios mortíferos passavam quase todos por cima de sua cabeça.
— Socorro! — gritou C-3PO, assustado com uma nova mensagem de um dos sensores internos. — Parece que fundi alguma coisa. Solte minha perna esquerda... acho que o servomotor pélvico está emperrado. De repente, o tom passou de suplicante a acusador.
— É tudo culpa sua! — exclamou, zangado. — Não devia ter confiado na lógica de um reles robô de manutenção. Não sei por que insistiu para que deixássemos nossos postos e viéssemos para este maldito corredor de acesso. Não que agora isto tenha importância. Toda a nave deve estar...
R2-D2 interrompeu-o com uma série de silvos e chiados, embora continuasse a cortar e puxar com precisão os cabos de alta-tensão embaraçados.
— Ah, é assim? — replicou C-3PO, ofendido. — Pois escute, seu pequeno...
Uma explosão excepcionalmente violenta sacudiu o corredor, abafando-lhe a voz.
Um cheiro de carne queimada tomou conta do ar e a fumaça envolveu tudo.
Dois metros de altura.
Duas pernas.
Um longo manto negro.
O rosto perpetuamente coberto por uma máscara de metal negro.
O Lorde Negro de Sith era uma forma imponente, assustadora, que percorria os corredores da nave rebelde.
O medo acompanhava as pegadas de todos os Lordes Negros. A aura de maldade que envolvia este Lorde Negro em particular era suficientemente intensa para fazer recuarem os calejados soldados do Império, suficientemente ameaçadora para fazer com que se entreolhassem e murmurassem baixinho. Os membros da tripulação da nave rebelde largaram as armas e fugiram em pânico à simples visão da armadura negra, armadura que, por mais negra que fosse, nunca poderia ser tão negra quanto os pensamentos da mente que a ocupava.
Um objetivo, um pensamento, uma obsessão dominavam agora essa mente, queimavam o cérebro de Darth Vader quando ele penetrou em outro corredor da nave avariada. A fumaça nesse corredor estava começando a se dissipar, embora os ruídos distantes da batalha ainda ressoassem através do casco. A luta continuava, mas em outro lugar.
Depois da passagem do Lorde Negro, apenas um robô se movia no corredor.
C-3PO finalmente se livrou do último cabo. Ao longe, podia ouvir os gritos dos últimos rebeldes que ainda resistiam ao assalto esmagador das tropas do Império.
C-3PO olhou para baixo e viu apenas o chão enegrecido. Chamou, em tom preocupado:
— R2-D2! Onde está você?
A fumaça clareou um pouco e C-3PO pôde ver a outra extremidade do corredor. Lá se encontrava R2-D2. Mas não estava olhando na direção de C-3PO. Permanecia imóvel, em posição de sentido. E a seu lado havia — mesmo para os foto-receptores eletrônicos de C-3PO, era difícil ver alguma coisa com nitidez no meio de tanta fumaça — uma figura humana.
Era jovem, esguia e, de acordo com os complicados padrões estéticos dos humanos, pensou C-3PO, de uma beleza tranquila.
Uma pequena mão parecia estar mexendo no peito de R2-D2.
C-3PO encaminhou-se para eles, cego novamente pela fumaça. Mas quando chegou ao final do corredor, só encontrou R2-D2. Olhou em volta, intrigado. Os robôs, às vezes, sofriam de alucinações eletrônicas... mas por que um humano? Pensando melhor, por que não? Havia sido submetido a violentas descargas elétricas. Era de surpreender que seus circuitos sensoriais fabricassem imagens espúrias?
— Onde você esteve? — perguntou, finalmente, C-3PO. — Escondido, suponho. —Preferia não mencionar o vulto humano. Se fosse apenas uma alucinação, não iria dar a R2-D2 a satisfação de saber até que ponto os acontecimentos recentes haviam perturbado seus circuitos lógicos. — Eles vão voltar por ali — prosseguiu, apontando para a outra ponta do corredor, sem dar ao pequeno robô a oportunidade de responder — à procura de sobreviventes humanos. O que vamos fazer agora? Se dissermos que não sabemos de nada, não vão acreditar em nós. Seremos mandados para as minas de especiarias de Kessel ou desmontados e usados como peças de reposição. Isso se não considerarem irrecuperáveis, caso em que seremos destruídos imediatamente. Precisamos...
Mas R2-D2 já se estava afastando rapidamente, sem dizer palavra.
— Espere, para onde vai? Não ouviu nada do que eu disse? — Praguejando em várias línguas, algumas delas puramente mecânicas, C-3PO correu atrás do amigo.
Do lado de fora do centro de controle do cruzador galáctico, o corredor estava cheio de prisioneiros, amontoados ali pelos soldados do Império. Alguns estavam feridos, outros, moribundos. Os oficiais estavam agrupados em um canto, olhando desafiadoramente para os guardas e proferindo fúteis ameaças.
De repente, um vulto negro surgiu na curva do corredor e todos fizeram silêncio, guardas e rebeldes. Dois oficiais até então resolutos e obstinados começaram a tremer. O vulto imponente parou diante de um deles. Uma pesada mão se fechou em torno do pescoço do rebelde e levantou-o do chão. Os olhos do oficial se arregalaram,, mas ele continuou calado. Um oficial do Império, o capacete puxado para trás mostrando uma ferida recente, no lugar onde um raio penetrara na blindagem da armadura, saiu da sala de controle, sacudindo a cabeça.
— Nada, senhor. Os bancos de dados foram totalmente apagados.
Darth Vader recebeu a notícia com um aceno de cabeça quase imperceptível. A máscara impenetrável se voltou para o oficial que estava torturando. Os dedos cobertos de ferro se contraíram. O prisioneiro estendeu as mãos, tentando inutilmente aliviar a pressão.
— Onde estão as informações que vocês interceptaram? — perguntou Vader, em tom ameaçador. — O que fizeram com as fitas de dados?
— Não interceptamos... nenhuma... informação — balbuciou o oficial. — Esta é uma... nave civil... Não viu nossas... insígnias? Estamos em... missão diplomática.
— Para o inferno com sua missão! — rugiu Vader. — Onde estão as fitas? — E apertou com mais força.
Quando o oficial finalmente conseguiu responder, foi com um fio de voz.
— Só... só o Comandante sabe.
— Esta nave traz a insígnia do sistema de Alderaan — disse Vader, aproximando a máscara grotesca do rosto do oficial. — Alguém da família real está a bordo? Quem é que vocês estão transportando?
Os dedos grossos apertaram com decisão e a luta do oficial se tornou cada vez mais frenética. Suas últimas palavras foram ininteligíveis.
Vader não estava satisfeito. Mesmo depois que o oficial deixou de se debater, aquela mão continuou a apertar, até produzir um barulho seco de ossos quebrados. Então, com um gesto de desdém, Vader atirou longe o corpo inerte. Vários soldados do Império mal tiveram tempo de se esquivar do macabro projétil.
O Lorde Negro se voltou inesperadamente e os oficiais do Império se encolheram, assustados.
— Comecem a desmontar esta nave peça por peça, componente por componente, até encontrarem as fitas. Quanto aos passageiros, se houver, quero-os vivos. — Fez uma pausa, e depois acrescentou: — E depressa!
Oficiais e soldados se afastaram apressadamente, tropeçando uns nos outros — não necessariamente para executar as ordens de Vader, mas simplesmente ansiosos para se afastarem de sua presença malévola.
R2-D2 finalmente parou em um corredor vazio, sem fumaça nem sinais de batalha. Um C-3PO preocupado e confuso parou atrás dele.
— Você nos fez atravessar metade da nave, e para quê... ? — C-3PO interrompeu a frase pela metade, olhando incredulamente para o pequeno robô, que estava abrindo a escotilha de uma nave de salvamento. Imediatamente, uma luz vermelha se acendeu e soou um alarma estridente.
C-3PO olhou rapidamente em todas as direções, mas o corredor continuava vazio.
Quando olhou de volta, R2-D2 já estava entrando na pequena nave. Tinha tamanho suficiente para acomodar alguns humanos, mas não havia sido projetada para robôs. R2-D2 estava tendo dificuldades para se encaixar no pequeno compartimento.
— Ei! — exclamou C-3PO, em tom reprovador. — Você não pode entrar aí! É só para humanos! Talvez a gente consiga convencer os soldados do Império de que não fomos reprogramados pelos rebeldes e somos valiosos demais para sermos destruídos, mas se alguém vir você aí dentro, não teremos a mínima chance! Saia já daí!
Finalmente, R2-D2 conseguiu colocar o corpo na posição correta, em frente ao pequeno painel de controle. Inclinou ligeiramente o corpo e soltou uma rajada de silvos e chiados para o relutante companheiro. C-3PO escutou. Não podia franzir o cenho, mas deu toda a impressão de fazê-lo.
— Missão... que missão? De que está falando? Acho que seus circuitos integrados pifaram. Não... chega de aventuras. Prefiro arriscar a sorte com os soldados do Império... e não vou entrar aí!
O alto-falante de R2-D2 emitiu um silvo impaciente.
— E não me chame de filósofo apático, seu barril de óleo! — replicou C-3PO.
C-3PO estava pensando em outros xingamentos quando uma explosão destruiu a parede do corredor. O ar ficou cheio de pedaços de metal, ao mesmo tempo em que várias explosões secundárias se sucederam. Chamas brotaram do buraco aberto na parede, refletindo-se no que restava da superfície luzidia de C-3PO. Resmungando o equivalente eletrônico de entregar a alma ao desconhecido, o esguio robô entrou na nave de salvamento.
— Ainda vou-me arrepender disso — murmurou de forma mais audível, no momento em que R2-D2 acionou o controle da escotilha. O pequeno robô ligou uma série de chaves, levantou uma tampa e apertou três botões em uma certa sequência. Várias pequenas cargas explodiram simultaneamente e a pequena nave foi ejetada do cruzador avariado.
Quando recebeu a notícia de que o último foco de resistência da nave rebelde havia sido sufocado, o Capitão do cruzador do Império se sentiu aliviado. Estava ouvindo com prazer o relatório dos acontecimentos a bordo da nave capturada, quando foi chamado por um dos oficiais de artilharia. Aproximando-se da posição em que o oficial se encontrava, o Capitão olhou para a tela e viu um pontinho descendo em direção ao planeta hostil.
— É uma nave de salvamento, Capitão. O que devo fazer? — Os dedos do oficial estavam pousados nos botões de controle de tiro.Displicentemente, confiante no poder do fogo sob seu controle, o Capitão examinou os mostradores do painel. As indicações eram claras.
— Não precisa fazer nada, Tenente Hija. Os instrumentos mostram que não há ninguém vivo a bordo. O mecanismo de ejeção da nave deve ter sido acionado acidentalmente durante o combate. Não vamos gastar energia à toa. — E continuou a ouvir com satisfação as notícias que estavam chegando da nave rebelde.
O brilho das chamas se refletia na armadura do líder das tropas de choque, enquanto examinava o corredor à frente. No momento em que ia voltar a cabeça para chamar os companheiros, percebeu um movimento em um nicho lateral. Levantando a arma, aproximou-se devagar e olhou para o interior.
Um pequeno vulto vestido de branco estava encolhido no fundo da alcova. Era uma jovem, e sua descrição correspondia à da pessoa em quem o Lorde Negro estava mais interessado. O soldado sorriu. Era muita sorte. Talvez fosse até promovido. Sua cabeça fez um pequeno movimento dentro da armadura, dirigindo a voz para o microfone.
— Ela está aqui — disse para os companheiros. — Regulem as armas apenas para...
Não chegou a concluir a frase, assim como nunca chegaria a ser promovido. No momento em que os olhos deixaram a moça, esta agiu com rapidez surpreendente. A pistola de raios que segurava atrás das costas emitiu um feixe mortífero. O soldado que tivera a desventura de encontrá-la foi o primeiro a cair, a cabeça reduzida a uma massa de osso e metal fundidos. A mesma sorte teve o segundo soldado que se aproximou. Então, um fino feixe de luz verde tocou o lado da mulher e ela caiu inerte, ainda segurando a arma na mão crispada.
Vários soldados a cercaram. O mais graduado se ajoelhou e a examinou com olhos de entendido.
— Ela vai sobreviver — declarou finalmente, olhando para os subordinados. — Lorde Vader vai ficar satisfeito.
C-3PO olhava hipnotizado pela pequena vigia da nave de salvamento, ocupada quase que inteiramente pelo disco amarelo de Tatooine. Atrás deles, a nave rebelde e o cruzador do Império não passavam de pontinhos no céu.
Talvez, no final das contas, tudo acabasse bem. Se descessem perto de uma cidade civilizada, arranjaria um emprego decente em um bairro sossegado, algo mais compatível com sua posição e educação. Os últimos meses haviam sido agitados demais para uma simples máquina. Por outro lado, o modo aparentemente aleatório como R2 manipulava os controles da nave prometia tudo menos uma aterragem suave. C-3PO olhou preocupado para o companheiro.
— Tem certeza de que sabe pilotar esta coisa?
R2-D2 respondeu com um assovio enigmático que não contribuiu em nada para dirimir as dúvidas do outro robô.
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