quinta-feira, 17 de julho de 2014

Guerra nas estrelas: Uma Nova Esperança – George Lucas e Alan Dean Foster (Parte 9)



À medida que se aprofundavam nas entranhas da gigantesca estação espacial, era cada vez mais difícil manter um ar de indiferença. Felizmente, qualquer demonstração de nervosismo por parte dos dois soldados seria encarada como perfeitamente natural, dada a natureza do prisioneiro que estavam levando. Por outro lado, a presença de Chewbacca fazia com que despertassem uma certa atenção.

 
Quanto mais andavam, maior o movimento. Burocratas, técnicos, mecânicos e outros soldados cruzavam com eles. A maioria ignorava inteiramente o trio, embora alguns humanos olhassem para o wookie com curiosidade. Mas a expressão resignada de Chewbacca e a aparente confiança de seus captores tranquilizavam os observadores.

Finalmente, chegaram a um grande complexo de elevadores. Luke suspirou aliviado.
O sistema de transporte controlado por computador seria capaz de levá-los a qualquer parte da base, em resposta a um comando verbal.

Houve um instante de apreensão quando um oficial subalterno tentou entrar no elevador.
Solo fez um gesto autoritário e o outro recuou sem protestar, preparando-se para esperar o elevador seguinte. Luke examinou o painel de controle e procurou falar com voz calma e pausada. Em vez disso, a voz saiu trêmula e esganiçada. Mas o sistema se baseava unicamente na interpretação de ordens, não havia sido programado para reconhecer emoções. Assim, a porta se fechou e o elevador se pôs em movimento. Depois do que pareceu várias horas mas não passou de alguns minutos, a porta se abriu novamente e eles saltaram.

Luke esperava ver alguma coisa parecida com as celas gradeadas das prisões de Tatooine. Em vez disso, viu apenas rampas estreitas, em cujo centro havia um poço de ventilação. Esses corredores, em vários níveis, eram paralelos às paredes onde estavam as celas. Havia guardas e barreiras de energia por toda parte.

Sabendo que quanto mais tempo ficassem ali parados mais provável seria que alguém se aproximasse com perguntas irrespondíveis, Luke olhou desesperadamente em torno, em busca de uma inspiração.

— Isto não vai dar certo — sussurrou Solo em seu ouvido.

— Por que não disse antes? — replicou Luke, assustado.

— Mas eu disse. Não se...

— Psiu!

Solo interrompeu o que estava dizendo. Os temores de Luke se haviam concretizado. Um oficial de cara amarrada se aproximou. Franziu a testa ao deparar com Chewbacca.

— Aonde vão com essa... coisa?

A observação fez Chewbacca soltar um grunhido, mas Solo o obrigou a calar-se com uma cotovelada nas costelas. Luke respondeu quase instintivamente:

— Prisioneiro transferido do bloco TS-138. O oficial pareceu surpreso.

— Não fui notificado. Tenho que verificar.


Voltando-se, o homem caminhou até um terminal próximo e começou a apertar os botões.
Luke e Han examinaram rapidamente a situação. Olharam para os alarmas, as barreiras de energia, os fotossensores remotos, os três outros guardas que estavam à vista.

Então, Luke abriu as algemas que prendiam Chewbacca, c Solo murmurou algo no ouvido do wookie. Um urro de arrepiar os cabelos sacudiu o corredor e Chewbacca arrancou o rifle das mãos de Solo.

— Cuidado! — gritou Solo. — Ele se soltou! Vai-nos fazer em pedaços!

Solo e Luke se afastaram do antropóide, sacaram as pistolas e começaram a atirar.
Demonstraram excelentes reflexos, um entusiasmo indiscutível e uma pontaria execrável.
Nenhum dos disparos passou nem perto do furioso wookie. Em compensação, as câmaras automáticas, os controles das barreiras de energia e os três guardas foram atingidos.
A esta altura, o oficial começou a desconfiar de que a abominável pontaria dos dois soldados estava causando estragos demais.
Estava-se preparando para acionar o alarma geral quando Luke o derrubou com um tiro.


Solo correu para o alto-falante do comunicador, de onde saíam perguntas insistentes a respeito do que estava acontecendo. Aparentemente, também havia linhas de áudio ligando o andar ao resto do complexo.

Ignorando a torrente de perguntas e ameaças, o piloto olhou para um indicador próximo.

—Temos de descobrir em que cela está a sua princesa. Deve haver uma dúzia de níveis e...aqui está. Cela 2187. Vá em frente. Eu e Chewbacca nos encarregamos de cobri-lo.

Luke fez que sim com a cabeça e saiu correndo pela rampa. Depois de mandar que Chewbacca tomasse posição em frente aos elevadores, Solo deu um suspiro profundo e foi responder às insistentes chamadas do comunicador.

— Está tudo sob controle — falou no microfone, com uma voz relativamente calma. — Situação normal.

— Tem certeza? — replicou uma voz, em tom incrédulo. — O que aconteceu?

— Hum... a arma de um dos guardas disparou acidentalmente — gaguejou Solo, cada vez mais nervoso. — Mas não houve consequências. Estamos muito bem, obrigado. E você, como vai?

—Vamos mandar uma patrulha aí — anunciou a voz.


Han podia sentir a desconfiança na voz do outro. O que fazer? Ele era mais eloquente com uma arma do que com palavras.

— Negativo... negativo. Estamos com uma fuga de energia. Precisamos de alguns minutos para consertá-la. No momento, é perigoso atravessar as barreiras.

— Disparo acidental, fuga de energia... Quem está falando?

Apontando a pistola para o painel, Solo reduziu o comunicador a uma massa de metal fundido.

— A conversa estava muito chata — murmurou. Voltando-se, gritou na direção da rampa: — Depressa, Luke! Vamos ter companhia!

Luke ouviu a advertência, mas estava ocupado correndo de cela em cela e olhando para os números que havia acima de cada porta. Estavam a ponto de desistir e passar para o nível seguinte quando encontrou a cela 2187.

Ficou parado por um momento olhando para a pesada porta de metal. Então, ajustando a pistola para o máximo e torcendo para que não fundisse em suas mãos, deu um passo para trás e abriu fogo. Quando a arma ficou quente demais para segurar, passou-a para a outra mão. Ao fazê-lo, a fumaça teve tempo de se dissipar, e Luke constatou com alguma surpresa que havia um grande buraco na porta.

Olhando para ele através da fumaça, com uma expressão interrogativa no rosto, estava a jovem cujo retrato R2-D2 havia projetado em uma garagem de Tatooine.
Era ainda mais linda do que a imagem, pensou Luke, olhando para ela fascinado.

— Você... você é ainda mais linda... do que eu...

O olhar de confusão e incerteza foi substituído a princípio por espanto e depois por impaciência.

— Você não é um pouquinho baixo demais para um soldado? — comentou ela, finalmente.


— O quê? Ah... o uniforme. — Luke tirou o capacete e procurou colocar as ideias em ordem. — Estou aqui para salvá-la. Meu nome é Luke Skywalker.

— O que foi que disse? — perguntou, polidamente, a jovem.

— Disse que vim para salvá-la. Ben Kenobi está comigo. Trouxemos os dois andróides...

A menção do nome do velho despertou uma reação imediata.

— Ben Kenobi! — A moça colocou a cabeça para fora da cela e olhou para os dois lados, esquecendo-se totalmente de Luke — Onde está ele? Velhi-ban!



Darth Vader andava rapidamente de um lado para o outro da sala de conferência, observado pelo Governador Tarkin. Os dois estavam sozinhos. Finalmente, o Lorde Negro parou e olhou em torno, como se tivesse ouvido uma campainha que apenas os seus ouvidos fossem capaz de detectar.

— Ele está aqui — afirmou Vader, sem emoção. Tarkin pareceu assustado.

— Velhi-ban Kenobi? É impossível! O que o faz pensar assim?

— Uma pulsação da força, de um tipo que até hoje só senti na presença de meu antigo mestre. É inconfundível.

— Mas... mas Kenobi deve estar morto há muito tempo! Vader hesitou. Parecia ter perdido a autoconfiança.

— Talvez... agora já não sinto mais nada.

— Os Cavaleiros de Jedi estão extintos — declarou Tarkin com segurança. — Sua chama se extinguiu há muitos anos. Você, meu amigo, é o último que resta.


O alarme do comunicador começou a tocar.

— Sim? — perguntou Tarkin.

— Temos um alarma no bloco de detenção AA-23.
— A Princesa! — exclamou Tarkin, com um sobressalto. Vader semicerrou os olhos, como se estivesse querendo enxergar através das paredes.

— Eu sabia... Velhi-ban está aqui. Desta vez, não há engano possível.

— Coloque todos os setores em estado de alerta — disse Tarkin, pelo comunicador.

Olhou para Vader. — Se você está certo, então não o podemos deixar escapar.

— Escapar talvez não seja a intenção de Velhi-ban Kenobi — replicou Vader, lutando para controlar as emoções. — Não se esqueça de que também é um Cavaleiro de Jedi... o maior de todos. Não devemos subestimar o perigo que representa para nós. Mas eu sou o único que pode com ele. — Olhou fixamente para Tarkin. — Sozinho.





Luke e Leia estavam voltando para o ponto onde o rapaz havia deixado os companheiros, quando uma série de explosões abriu um enorme buraco na parede do corredor. Vários soldados tinham tentado penetrar no setor usando os elevadores, mas Chewbacca se encarregara de reduzi-los a cinzas. Desistindo dos elevadores, os soldados restantes haviam aberto o buraco. A abertura era grande demais para que Solo e o wookie a cobrissem totalmente. Os soldados do Império começaram a entrar no bloco de detenção.

Fugindo pelo corredor, Han e Chewbacca se encontraram com Luke e a Princesa.

— Não podemos ir para lá — disse Solo, ofegante.

— Não, parece que você conseguiu cortar nossa única saída — concordou Leia, prontamente. — Este é um bloco de detenção, você sabe. Só existe uma saída.

Solo olhou para a moça de cima a baixo.

— Sinto muito, Alteza — disse, sarcasticamente. — Será que prefere voltar para sua cela?


Leia desviou os olhos, com o rosto impassível.

— Tem de haver outra saída — murmurou Luke, tirando do cinto um pequeno transmissor e ajustando cuidadosamente a frequência. — C 3PO... C-3PO!

Uma voz familiar respondeu prontamente:

— Sim, senhor?

— Estamos presos aqui. Existe outra saída da área de detenção, além da principal?

O pequeno alto-falante limitou-se a emitir ruídos de estática enquanto Solo e Chewbacca lutavam para manter a distância os soldados do Império.

— O que foi que disse?... não entendi.

No posto de guarda, R2-D2 silvava freneticamente, enquanto C-3PO ajustava os controles, tentando melhorar a transmissão.

— Falei que foi dado um alarma geral, senhor. E não consegui encontrar nenhuma outra saída do bloco. — C-3PO apertou um botão e a imagem no terminal de vídeo foi substituída por outra. — Existem mais informações a respeito do bloco AA-23, mas são reservadas.

Alguém bateu à porta, normalmente a princípio, e depois com maior insistência, quando não houve resposta.

— Oh, não! — lamentou-se C-3PO.

A fumaça no corredor das celas já estava tão espessa que Solo e Chewbacca mal podiam ver os adversários. Até certo ponto, a fumaça era providencial, já que estavam em esmagadora inferioridade numérica, e os soldados do Império também não podiam vê-los.

De vez em quando, um dos soldados tentava aproximar-se, mas, ao penetrar na fumaça, colocava-se em posição vulnerável. Exposto ao fogo conjunto dos dois contrabandistas, não demorava muito para juntar-se à pilha de corpos que se acumulava no chão do corredor. Os raios de energia continuavam a cruzar o corredor em todas as direções, quando Luke aproximou-se de Solo.

— Não há outra saída — gritou no ouvido do outro, lutando para fazer-se ouvir em meio ao ruído do combate.

— Pois aqui é que não podemos ficar. O que faremos agora?
 
 
— Belos salvadores vocês são — queixou-se uma voz irritada atrás deles. Os dois homens se voltaram e deram com a Princesa, que olhava para eles com ar de desprezo. — Quando entraram aqui, não tinham nenhum plano para sair?

Solo apontou para Luke.

— A idéia foi dele, querida.

Luke deu um sorriso amarelo e encolheu os ombros, preparou-se para responder ao fogo dos soldados, mas antes que pudesse fazê-lo, a Princesa arrancou-lhe a arma das mãos.

— Ei!

Acompanhada pelo olhar espantado de Luke, Leia apontou a pistola para uma pequena grade na parede e disparou.

— Por que fez isso? — perguntou Solo.

— Já vi que se ficar esperando vocês se decidirem, estou perdida. Vamos descer pelo tubo da lixeira, depressa!

Ditas essas palavras, a Princesa enfiou os pés na abertura, deu um impulso e desapareceu. Chewbacca rosnou ameaçadora-mente, mas Solo sacudiu a cabeça.

— Não, Chewie, não quero que você a faça em pedaços. Ainda não me decidi. Ou aprendo a gostar dela, ou vou matá-la pessoalmente.

O wookie disse mais alguma coisa e Solo gritou:

— Ande logo, seu macaco peludo! Não interessa o cheiro que está sentindo. Não é hora de bancar o enjoado!

Solo empurrou o relutante wookie para a estreita passagem, e ajudou-o a entrar. Assim que o antropóide desapareceu, entrou também. Luke disparou uma última série de tiros, mais com o intuito de criar uma cortina de fumaça do que com a esperança de acertar em alguém, e mergulhou atrás deles.

Vendo o que havia acontecido aos companheiros mais impetuosos, os soldados decidiram ficar onde estavam, aguardando reforços. Afinal, os fugitivos estavam encurralados, e não havia necessidade de morrer estupidamente apenas para apressar a captura.

O lugar onde Luke caiu estava quase às escuras. Não que fosse preciso enxergar alguma coisa para adivinhar o que continha. O depósito de lixo estava cheio quase até a metade de matéria orgânica em decomposição.

Solo estava caminhando aos tropeções ao longo da parede <lo depósito, enterrado no lixo até os joelhos, procurando uma saída. Tudo que encontrou foi uma pequena portinhola que resistiu a todos os seus puxões desesperados.

— A lixeira foi uma excelente ideia — disse para a Princesa com ar irônico, enquanto enxugava o suor da testa. — Que perfume delicioso você descobriu! Infelizmente, não podemos sair daqui flutuando neste adorável aroma, e parece que não existe outra saída. A não ser que eu consiga abrir esta maldita portinhola.


Recuando um passo, Solo apontou a pistola e disparou. O raio ricocheteou no metal e ziguezagueou loucamente, enquanto todos mergulhavam no lixo em busca de abrigo. Afinal detonou, com um ruído ensurdecedor.

Leia foi a primeira a emergir da massa fétida. Havia perdido um pouco da compostura.

— Pare de usar essa coisa — disse zangada para Solo — enquanto ainda estamos vivos!

— Sim, Majestade — murmurou Solo, ironicamente. Não fez menção de guardar a arma, enquanto olhava para o tubo da lixeira. — Não vão levar muito tempo para descobrir onde estamos. Tínhamos a situação sob controle até você nos trazer para cá.

— Não diga! — replicou a Princesa, passando a mão no cabelo e nos ombros para tirar os restos de lixo. — Ora, podia ser pior...

Como que em resposta, um uivo agudo e penetrante se fez ouvir. Parecia vir do meio do lixo. Chewbacca soltou um ganido de medo e se colou à parede. Luke sacou a pistola e olhou em todas as direções, mas não viu nada.

— O que foi isso? — perguntou Solo.

— Não sei. — Luke de repente deu um pulo e olhou para baixo e para trás. — Alguma coisa se moveu atrás de mim. Cuidado...

Antes que os outros pudessem fazer alguma coisa, afundou no lixo e desapareceu.

— A coisa pegou Luke! — exclamou a Princesa.

Solo olhou em torno, procurando desesperadamente alguma coisa em que atirar.
Tão depressa como havia desaparecido, Luke tornou a aparecer — mas estava acompanhado. Enrolado em volta de seu pescoço, havia um grosso tentáculo.

— Atire nele! Mate-o! — gritou Luke.

— Matá-lo... não consigo nem vê-lo! — protestou Solo.

Mais uma vez Luke foi puxado pelo dono daquele apêndice repulsivo.
Solo ficou parado, com a arma na mão, sem saber o que fazer.
Houve um ruído distante de um motor em funcionamento e duas paredes opostas do depósito se aproximaram alguns centímetros. O ruído parou. Luke apareceu ao lado de Solo, emergindo com dificuldade do meio do lixo, esfregando o pescoço.

— O que aconteceu com o animal? — perguntou Leia olhando assustada para o local de onde Luke havia surgido.

Luke parecia realmente surpreso.

— Não sei. De repente, senti que estava livre. O bicho apenas me soltou e desapareceu. Acho que meu cheiro não lhe agradou.

— Não estou gostando nada da nossa situação — murmurou Solo.

O ruído distante recomeçou e as paredes continuaram a se aproximar. Só que desta vez parecia que era para valer.

— Não fiquem aí parados! — exclamou a Princesa. — Temos que calçar as paredes com alguma coisa!


Mesmo com as grossas vigas que só Chewbacca era capaz de transportar, não conseguiram encontrar nada capaz de conter o avanço das paredes. Parecia que quanto mais resistente era o objeto que encostavam às paredes, mais depressa ela escorregava do lugar.
Luke ligou o transmissor, sem tirar os olhos das paredes cada vez mais próximas.

— C-3PO... fale, C-3PO!

Esperou um tempo razoável mas não ouviu nenhuma resposta, o que o fez olhar preocupado para os companheiros.

— Não sei por que ele não responde. — Tentou novamente. — Pode falar, C-3PO. Está me ouvindo?
— C-3PO — continuava a chamar o alto-falante. _— Está-me ouvindo?





Era a voz de Luke, saindo do pequeno comunicador portátil que estava sobre o console do computador. Não havia nenhum outro som no posto de guarda. De repente, uma tremenda explosão destruiu a porta, arremessando pedaços de metal em todas as direções. O comunicador foi atingido por vários fragmentos e caiu no chão, interrompendo a voz de Luke no meio de uma frase.

Imediatamente, quatro soldados entraram na sala. Uma inspeção inicial mostrou que o local estava vazio — até que ouviram uma voz abafada.que parecia partir de um dos armários que ocupavam a parede dos fundos.

— Socorro, socorro! Tirem-nos daqui!

Três dos soldados curvaram-se para examinar os corpos imóveis do oficial e do assistente enquanto o outro foi abrir o armário. De dentro saíram dois robôs, um alto e humanóide, o outro baixinho e com três pernas. O mais alto parecia estar aterrorizado.

— São uns loucos, uns loucos! — Apontou para a porta. — Disseram que iam para a prisão. Acabam de sair. Se andarem depressa, talvez ainda os alcancem. Por ali, por ali!

Dois dos soldados saíram correndo da sala, indo juntar-se aos que esperavam no corredor. Isso deixou apenas ' dois guardas para vigiar o escritório. Eles ignoraram totalmente os robô.;, enquanto discutiam o que poderia ter ocorrido.


— Toda essa confusão sobrecarregou os circuitos do meu amigo aqui — explicou C-3PO. — Se não se incomodarem, gostaria de levá-lo para a manutenção.

Um dos guardas olhou »distraidamente para eles e fez que sim com a cabeça. C-3PO e R2-D2 saíram para o corredor sem olhar para trás. Depois que partiram, ocorreu ao guarda que o mais alto dos dois andróides era de um tipo que nunca havia visto. Ele deu de ombros.
Afinal, não era nada de extraordinário em uma base daquele tamanho.

— Esta foi por pouco — murmurou C-3PO, quando já estavam longe. — Agora temos que encontrar outro terminal de computador para ligar você, ou tudo estará perdido.

O depósito de lixo estava ficando cada vez menor à medida que as paredes de metal deslizavam implacavelmente uma em direção à outra. Os detritos maiores começaram a quebrar e a estalar, como que em um preparativo para o grande final.
Chewbacca gemia e bufava enquanto se esforçava inutilmente para conter o avanço de uma das paredes.

— Uma coisa é certa — observou Solo, com uma careta. — Depois disso, vamos ficar muito mais esbeltos. É a melhor receita que existe para emagrecer. O único problema é que é irreversível.

Luke parou para respirar, sacudindo com raiva o inocente comunicador.

— O que terá acontecido a C-3PO?

— Tente de novo abrir a portinhola — aconselhou Leia. — É nossa única esperança.

Solo tomou distância e atirou. O ruído do disparo ecoou zombeteiramente no pequeno espaço que lhes restava.

A oficina de manutenção estava vazia. Depois de inspecionar o local, C-3PO fez um gesto para que R2-D2 o seguisse. Os dois começaram a procurar um terminal de computador. R2-D2 soltou um silvo e C-3PO se aproximou. Esperou pacientemente enquanto o outro ligava o braço a um soquete apropriado.
O alto-falante do pequeno andróide emitiu uma torrente de silvos e assovios ultra-rápidos.
C-3PO levantou a mão.

— Mais devagar, mais devagar! — O outro o atendeu. — Assim é melhor. Eles estão onde? Eles o quê? Oh, não! Vão ser esmagados!

Menos de um metro separava da morte os ocupantes do depósito de lixo. Leia e Solo tinham sido forçados a se colocarem de frente para as paredes em movimento. Estavam voltados um para o outro. Pela primeira vez, a arrogância havia desaparecido dos olhos da Princesa. Segurou a mão de Solo, apertando-a convulsivamente ao sentir o primeiro contato da parede às suas costas.
Luke havia caído e estava deitado de lado, lutando para manter a cabeça acima da superfície do lixo. Foi então que o comunicador começou a chamar.

— C-3PO!

— Está ai, senhor! — respondeu o andróide. — Tivemos alguns problemas. O senhor não sabe como...

— Está bem, C-3PO! — gritou Luke. — Desligue todos os computadores de lixo do setor da prisão. Está-me ouvindo? Desligue todos os...

Momentos depois, C-3PO levantou os braços, desesperado, ao ouvir os gritos que saíam do comunicador.

— Não, desligue todo o sistema! — implorou a R2-D2.

— Depressa! Oh, escute os gritos... estão morrendo, R2-D2! E tudo por culpa minha. Devia ter agido mais depressa. Meu pobre amo... todos eles...não, não, não!


Os gritos, entretanto, continuaram por muito tempo. Na verdade, eram gritos de alívio. As paredes do depósito tinham-se afastado automaticamente quando R2-D2 desligara o sistema.

— R2-D2, C-3PO! — gritou Luke no comunicador. — Está tudo bem, estamos salvos! Ouviram? Salvos...

Levantando-se com esforço, Luke foi até a portinhola e afastou os detritos acumulados, descobrindo um número gravado no metal.

— Abram a portinhola de manutenção da unidade 366-117891.

— Sim, senhor — respondeu C-3PO.

Luke jamais ouvira alguém pronunciar essas palavras com tamanha felicidade na voz.



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