segunda-feira, 21 de julho de 2014

A história por trás de Guerra nas estrelas (episódio IV)


Quem gosta de Star Wars precisa conhecer este livro.


O estudioso de cinema, especialista em Star Wars, J.W. Rinzler, vasculhou os arquivos da Lucasfilm e recuperou um tesouro esquecido. Entrevistas "perdidas" nunca antes publicadas, fotos, notas de produção, contratos, cartas, scripts, esboços, um olhar sem precedentes, de como George Lucas e seus colaboradores fizeram de um "pequeno" filme um fenômeno.

Neste livro você vai ver:

- A evolução da história (agora um clássico) e de seus personagens, incluindo uma corajosa moça chamada Annikin Starkiller e um enorme monstro de pele verde, sem nariz, e de grandes guelras chamado Han Solo.

- Numerosos rascunhos de George Lucas

- O nascimento da Industrial Light & Magic, a empresa de efeitos especiais que revolucionou Hollywood

- A cansativa e quase catastrófico sessão de filmagem na Tunísia

- Detalhes dos testes intensivos de elenco

- A participação de colaboradores como Francis Ford Coppola, Steven Spielberg e Brian DePalma

- Raras entrevistas realizadas antes e durante a produção e imediatamente após o lançamento de Star Wars

- Conceitos, maquetes e propostas não utilizadas (como o famoso "Journal of the Whills")  e esboços raros...

 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



Dicionário visual - Star Wars IV, V e VI










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domingo, 20 de julho de 2014

Star Wars A New Hope Sketchbook


Star Wars A New Hope Sketchbook [Download]

Guerra nas estrelas: Uma Nova Esperança – George Lucas e Alan Dean Foster (Parte Final)



Vermelho Cinco assistiu a tudo. Manipulou os controles e o caça descreveu uma curva ascendente, seguido de perto pela nave de Vader.

— Vermelho Cinco para Líder Azul. Estou sozinho. Os caças apareceram de repente...Tenho que desistir...


O inimigo implacável apertou mais uma vez o botão fatal. Quando o raio partiu, Pops estava perto do topo dos edifícios. Mas havia esperado demais.

O motor de bombordo foi atingido e explodiu, levando com ele metade da asa. Perdendo o controle, o caça iniciou uma longa curva descendente em direção à superfície da estação.

— Você está bem, Vermelho Cinco? — perguntou uma vos preocupada.

— Eles nos apanharam de surpresa, quando iniciávamos o ataque — explicou Pops, com voz cansada. — É impossível manobrar no meio dos edifícios. Sinto muito... agora fica por sua conta. Adeus, Dave...

Foram as últimas palavras do veterano piloto. O Líder Azul procurou não deixar que o tom de voz revelasse o que estava sentindo pela perda do amigo.

— Esquadrilha Azul, aqui é o Líder. Encontro em seis vírgula um. Respondam.

— Líder Azul, aqui é Azul Dez. Mensagem recebida.

— Aqui Azul Dois — respondeu Wedge. — Já estou a caminho, Líder Azul.

Luke estava esperando a vez de falar, quando uma luz começou a piscar no painel de controle. Um rápido olhar para trás confirmou o que os sensores de bordo estavam acusando. Um caça do Império às suas costas.

— Aqui é Azul Cinco — declarou, iniciando uma manobra evasiva. — Estou com um pequeno problema. Mas não vou demorar.

Iniciou um mergulho em direção à superfície metálica, depois nivelou o caça quando as baterias abriram fogo contra ele. O caça inimigo não desistiu.

— Estou vendo você, Luke — disse Biggs. — Não se preocupe.

Luke olhou para cima, para baixo, para os lados, e nem sinal do amigo. Enquanto isso, os disparos do caça Tie estavam passando cada vez mais perto.

— Raios, Biggs, onde está você?

Alguma coisa apareceu, bem à frente de Luke. Movia-se com uma rapidez incrível. Um feixe de energia concentrada passou a poucos metros do caça do rapaz, atingindo seu perseguidor. Apanhado totalmente de surpresa, o caça do Império se desintegrou antes que o piloto pudesse compreender o que estava acontecendo.

Luke fez a volta e dirigiu-se para o ponto de encontro, acompanhado por Biggs.

— Obrigado, Biggs. Você também me pegou de surpresa.

— Estou só começando — anunciou o amigo, enquanto fazia uma manobra brusca para evitar o fogo da superfície. Colocou-se ao lado de Luke e balançou as asas do caça. — É só escolher um alvo para mim. Qualquer alvo.

Na base dos rebeldes, Dodonna encerrou uma reunião de emergência com os assessores e dirigiu-se ao transmissor de longo alcance.


— Líder Azul, aqui é Base Um. Não iniciem o ataque enquanto houver caças inimigos por perto. Os alas devem ficar para trás e dar o máximo de cobertura possível. Poupem metade do grupo para o ataque seguinte.

— Entendido, Base Um — foi a resposta. — Azul Dez, Azul Doze, venham comigo.

Duas naves se colocaram dos dois lados do Comandante da esquadrilha. O Líder Azul esperou até que estivessem na posição correta para o ataque. Então escalou o grupo que os seguiria se fossem malsucedidos.

— Azul Cinco, aqui é o Líder Azul. Luke, leve Azul Dois e Azul Três com você. Mantenha-se fora do alcance das baterias e espere minha ordem para iniciar o ataque.

— Entendido, Líder Azul — respondeu Luke, o coração batendo mais depressa. — Que a força esteja com o senhor. Biggs, Wedge, venham cá.

Os três caças assumiram uma formação cerrada, muito acima da furiosa batalha que as esquadrilhas Verde e Amarela ainda travavam com as forças do Império.

O Líder Azul iniciou a aproximação.

— Azul Dez, Azul Doze, fiquem comigo até chegarmos à superfície. Depois, tentem defender-me dos caças.

Os três T-65 chegaram à superfície, nivelaram e rumaram para o alvo. Os dois alas foram ficando para trás, até que o Líder Azul se viu sozinho no desfiladeiro cinzento.
As baterias estavam caladas.

O Líder Azul olhou em torno apreensivo, verificando várias vezes os mesmos instrumentos.


"Alguma coisa está errada", murmurou para si mesmo.
 Azul Dez também parecia preocupado.

— O senhor já devia estar vendo o alvo.

— Eu sei. Mas a distorção aqui embaixo é inacreditável.

Acho que meus instrumentos pararam de funcionar. Pelo menos estou no rumo certo? De repente, as defesas de superfície abriram fogo contra o líder da esquadrilha. À frente, uma grande torre dominava o desfiladeiro de metal, vomitando imensas quantidades de energia.

— Não vai ser fácil passar por aquela torre — declarou o Líder Azul, desanimado. — Talvez seja melhor vocês se aproximarem um pouco.

Tão abruptamente como havia começado, o fogo de superfície cessou. O Líder Azul sabia o que isto significava.

— Agora toda atenção é pouca — disse para os alas. — Os caças vêm aí.

— Meus sensores não funcionam — declarou Azul Dez, nervosamente. — Excesso de interferência. Azul Cinco, pode vê-los de onde se encontra?

Luke percorreu com os olhos a superfície da estação.

— Nem sinal de... espere! — Três pontinhos brilhantes se moviam rapidamente em direção ao desfiladeiro. — Lá estão eles. Marcação três e cinco.

Azul Dez olhou na direção indicada. O sol se refletiu nas asas dos caças Tie quando iniciaram a manobra descendente.

— Estou vendo, Luke. Obrigado.

— Estou no rumo certo! — exclamou o Líder Azul, quando o computador de bordo começou a emitir um sinal contínuo. Ajustou o mecanismo de disparo. — O alvo está bem à frente. Preciso de apenas alguns segundos. Mantenham-nos ocupados.


Mas Darth Vader também estava ajustando o mecanismo de disparo do caça Tie, enquanto mergulhava como uma flecha em direção aos rebeldes.

— Cubram-me. Vou atacar.


Azul Doze foi o primeiro a cair, com os dois motores estourados. Azul Dez iniciou uma manobra em zigue-zague.

— Não vou aguentar muito tempo. É melhor disparar enquanto pode, Líder Azul. Eles estão chegando perto,

O comandante da esquadrilha estava com os olhos colados ao visor, onde, dois círculos se aproximavam com irritante lentidão.

— Estou quase lá. Vamos, vamos... Azul Dez olhou em torno, desesperado.

— Estão em cima de mim!

O Líder Azul estava admirado com a própria calma. O visor era parcialmente responsável, permitindo que se concentrasse em imagens abstratas, ajudando-o a ignorar o resto do universo hostil.

— Vamos, vamos... — sussurrou. Então, os dois círculos coincidiram e um alarme sonoro começou a tocar. — Torpedos lançados, torpedos lançados.


Momentos depois, Azul Dez também soltou seus projéteis. Os dois caças iniciaram uma manobra ascendente, enquanto lá embaixo as explosões se sucediam.

— Conseguimos! Conseguimos! — gritou Azul Dez, histericamente.

A resposta do Líder Azul tirou toda a alegria do rapaz.

— Não, não conseguimos. Os torpedos não entraram, explodiram a borda do poço.

Em sua decepção, os dois pilotos se esqueceram de olhar para trás.
Os três caças do Império continuavam a segui-los.


Vader disparou mais um vez, abatendo Azul Dez. Então mudou ligeiramente de curso, colocando-se atrás do comandante da esquadrilha.


— É o último — anunciou friamente. — Deixem comigo. Vocês dois podem voltar.

Luke estava tentando enxergar o grupo de ataque em meio às chamas quando ouviu a voz do Líder Azul.

— Azul Cinco, aqui é o Líder Azul. Coloque-se em posição para atacar, Luke. E só atire quando estiver em cima do alvo. Não vai ser fácil.

— O senhor está bem?

— Estão atrás de mim... mas não se preocupe.

— Azul Cinco para alas... vamos! — ordenou Luke. Os três caças iniciaram a longa descida.

Enquanto isso, Vader finalmente conseguira atingir a presa com um disparo que, embora pegasse de raspão, havia provocado um incêndio no motor número um. O robô R-2 do caça rastejou sobre a asa danificada e tentou apagar o incêndio.

— R-2, desligue a alimentação do motor número um de boreste — disse calmamente o Líder Azul, olhando resignado para o painel de instrumentos. — Segure-se bem, que a coisa está ficando preta.

Luke percebeu que o Líder Azul estava com problemas. —- Estamos bem acima do senhor — declarou. — Mude para zero zero cinco que vamos cobri-lo.

— Perdi um motor — respondeu o chefe da esquadrilha.

— Então vamos até aí.

— Negativo, negativo. Mantenham o curso e preparem-se para atacar.

— Tem certeza de que não precisa de nós?

— Vou verificar... espere um minuto.

Na verdade, o caça do Líder Azul levou menos de um minuto para cair em parafuso e despedaçar-se na superfície da estação.


Luke observou do alto a grande explosão, compreendendo imediatamente o que havia ocorrido. Pela primeira vez, começava a duvidar do sucesso da missão.

— Acabamos de perder o Líder Azul — murmurou quase para si mesmo.


Na base rebelde, Leia Organa levantou-se bruscamente e começou a andar de um lado para outro. As unhas, normalmente impecáveis, já estavam roídas até a metade. Mas era o único sinal palpável de sua ansiedade. O anúncio da morte do Líder Azul havia criado um ambiente de consternação na sala de comando. Todos estavam silenciosos. Afinal, a Princesa criou coragem para perguntar: — Será que vale a pena continuar?

O General Dodonna respondeu com suave firmeza:

— É preciso, Leia.

— Mas já perdemos tantos homens! Sem o Líder Vermelha e o Líder Azul, quem vai comandá-los?

Dodonna abriu a boca para responder, mas foi interrompido pelos alto-falantes.

— Chegue mais perto, Wedge — estava dizendo Luke, a milhares de quilômetros de distância. — Biggs, onde está você?

— Bem atrás de você.

Logo depois, Wedge respondeu: — Muito bem, Chefe, estamos em posição.

Dodonna olhou para Leia. O General parecia preocupado.

Os três caças de asas em X estavam-se aproximando rapidamente da estação. Luke olhou para o painel de instrumentos e verificou irritado que um dos controles não estava funcionando.
Alguém falou alguma coisa no ouvido de Luke. Era uma voz ao mesmo tempo velha e jovial, uma voz familiar: calma, confiante, tranquilizadora. Uma voz que o rapaz havia escutado atentamente no deserto de Tatooine e nas entranhas da estação espacial.

— Confie na força, Luke — foi tudo o que a voz que tanto se parecia com a de Kenobi disse.

Luke deu um tapinha no capacete, sem saber ao certo se a voz era real. Mas não tinha tempo para pensar no assunto. Estavam quase chegando.

— Wedge, Biggs, vamos lá — disse para os alas. — É melhor mergulharmos a toda velocidade, antes mesmo de localizarmos o alvo. Assim talvez os caças Tie não cheguem a tempo.

— Vamos ficar um pouco para trás, para cobri-lo — afirmou Biggs. — Tem certeza de que não vai bater nos edifícios, a essa velocidade?

— Está brincando? — replicou Luke, enquanto iniciavam o mergulho. — Vai ser como nos velhos tempos.

— Estou com você, Chefe — disse Wedge, frisando bem a palavra “chefe”. — Vamos!

Os três caças desceram na vertical, desviando-se apenas no último momento. Luke passou tão perto do casco da estação que a ponta de uma asa roçou em uma antena, provocando uma chuva de fagulhas. Imediatamente, foram envolvidos em uma chuva de raios de energia e projéteis explosivos. Ao entrarem no estreito espaço entre os edifícios, o fogo ficou ainda mais cerrado.


— Parece que estão nervosos — observou Biggs, como se estivesse assistindo a uma exibição de fogos de artifício.

— Por enquanto, está ótimo — comentou Luke, surpreendido com a boa visibilidade à frente. — Posso ver tudo.


Wedge não parecia tão animado.

— Já localizei a torre, mas não consigo enxergar o poço. Deve ser ridiculamente pequeno. Tem certeza de que o computador pode encontrá-lo?

— Tomara que sim — murmurou Biggs.

Luke não disse nada. Estava ocupado tentando manter o oirso em meio à turbulência criada pelas explosões sucessivas. De repente, o fogo cessou. O rapaz olhou para cima, procurando °s caças Tie, mas não viu nada.

Levantou a mão para colocar o visor em posição. Hesitou, apenas por um momento.
Então completou o gesto que havia iniciado.

— Cuidado com os caças — disse para os companheiros.

— E a torre? — perguntou Wedge, preocupado.

— Cuidem dos caças — replicou Luke — que eu cuido da torre.

Estavam cada vez mais próximos do objetivo. Wedge olhou para cima e seu coração disparou.

— Aí vêm eles!


Vader estava ajustando os controles quando um dos alas quebrou o silêncio.

— Estão indo depressa demais... não vão conseguir subir a tempo.

— Acabe com eles — ordenou Vader.

— A essa velocidade, é impossível fazer pontaria anunciou o piloto, com convicção.

Vader olhou para os instrumentos de bordo e descobriu que o outro estava certo.

— Mas vão ter que reduzir antes de chegarem àquela torre.


Luke não tirava os olhos dos dois pequenos círculos.

— Está chegando a hora. — Segundos depois, os círculos se encontraram. O rapaz apertou o botão de disparo. — Torpedos lançados! Vamos subir, vamos subir!

Duas explosões sacudiram a estação, uma de cada lado da pequena abertura. Os três caças Tie evitaram a bola de fogo e reduziram rapidamente a distância que os separava dos rebeldes.

— Agora é a nossa vez — disse Vader, friamente.

Luke tomou uma decisão.

— Wedge, Biggs, vamos-nos separar. É a única maneira de um de nós escapar.

As três naves subiram mais um pouco e depois partiram em três direções diferentes. Os três caças Tie foram atrás de Luke.


Vader disparou duas vezes, errou e fez uma careta.
 
— A força naquele piloto é maior do que o normal. Estranho... Mas vou cuidar dele.


Luke mergulhou entre duas torres e fez uma curva brusca para a direita, sem resultado.
Um dos caças Tie continuou colado a sua cauda. Um raio roçou a asa, perto do motor. Este engasgou. Luke lutou para controlar a nave.
Ainda tentando desvencilhar-se do teimoso perseguidor, o rapaz mergulhou de novo entre os edifícios.

— Fui atingido — anunciou — mas não é sério. R2-D2, veja o que pode fazer!

O pequeno andróide saiu de onde estava e foi trabalhar na asa, enquanto os raios de energia passavam perigosamente próximos de onde estava.


— Cuidado para não cair — preveniu Luke, fazendo o caça serpentear entre as torres que se projetavam da estação.

Afinal, uma série de indicadores no painel de controle começou a mudar de cor; três ponteiros vitais voltaram à posição normal.

— Acho que você conseguiu. R2-D2 — disse Luke, radiante. — Devagar... pronto, é isso mesmo. Mantenha a válvula exatamente nesta posição.

R2-D2 respondeu com um assovio, enquanto Luke olhava para trás.

— Acho que nos livramos do último. Esquadrilha Azul, aqui é Azul Cinco. Estão me ouvindo? O rapaz mexeu nos controles e o caça se afastou rapidamente da estação.

— Estou aqui em cima esperando, Chefe — anunciou Wedge. — Não consigo vê-lo.

— Estou a caminho. Azul Três, está-me ouvindo? Biggs?

— Tinha companhia — explicou Biggs. — Mas acho que consegui despistá-lo.

Uma luz de advertência no painel de instrumentos mostrou que Biggs estava errado.
Um olhar para trás bastou para confirmar que o caça Tie que o perseguia há alguns minutos continuava atrás dele. Mergulhou novamente em direção à estação.

— Falei cedo demais — disse Biggs para os outros. — Espere um instantinho, Luke. Não vou demorar.

Os fones reproduziram uma voz metálica.

— Aguente firme, R2-D2, aguente firme!


Na base rebelde, C-3PO baixou os olhos, envergonhado, quando todos os presentes olharam para ele.

Quando Luke já estava bem longe da estação, um outro caça de asas em X veio a seu encontro. Reconheceu a nave da Wedge. Os dois começaram a procurar o terceiro caça.

— Estamos esperando, Biggs. Apareça. Biggs, está-me ouvindo? Biggs! — Não havia sinal do amigo. — Wedge, você está vendo Biggs?

— Negativo, Luke. Espere mais um pouco. Ele vai aparecer.

Luke olhou em torno, consultou vários instrumentos, pensou um pouco e tomou uma decisão.

— Não podemos esperar mais. Temos que ir agora. Acho o caça Tie o derrubou.

— Ei, pessoal — perguntou uma voz jovial. — Que esta esperando?

Luke olhou para a direita e viu que estava sendo ultrapassado por um caça idêntico ao seu.

— O velho Biggs sempre cumpre o que promete — disse o outro pelo rádio.



Na sala de controle da estação espacial, um oficial correu para um homem que estava parado diante de uma grande teia e entregou-lhe uma pilha de papéis.

— Governador, acabamos de analisar o plano de ataque dos rebeldes. Estamos em sério perigo. Pretende evacuar a estação? Tomei a liberdade de colocar sua nave de prontidão.

O Governador Tarkin olhou incrédulo para o oficial, que recuou um passo.

— Evacuar a estação? — rugiu. — Quando estamos a um passo da vitória final? A principal base dos rebeldes está à nossa mercê e você vem falar-me em evacuar a estação? Não seja ridículo! Saia da minha frente!


Intimidado pela fúria do Governador, o oficial baixou os olhos e retirou-se da sala.


— Vamos atacar de novo — anunciou Luke, baixando o nariz da nave. Wedge e Biggs o seguiam de perto.

— Coragem, Luke — disse a voz que o rapaz havia ouvido antes.

Luke sacudiu a cabeça e olhou em torno. Parecia que o som vinha de trás. Mas não havia nada naquela direção, apenas um painel de metal. Intrigado, Luke tornou a concentrar-se nos controles.
Mais uma vez as baterias abriram fogo. Mas não foram os disparos inimigos que fizeram a nave de Luke estremecer. Vários indicadores estavam chegando novamente ao ponto crítico.

— R2-D2, parece que aquela válvula se soltou de novo. Veja se consegue colocá-la no lugar. Preciso ter controle completo da nave para o que vamos fazer.

Ignorando as explosões que se sucediam em torno do caça, o pequeno robô foi até a asa consertar o defeito. Quando os três caças atingiram o espaço entre os edifícios, Biggs e Wedge ficaram um
pouco para trás para cobrir Luke, que estendeu a mão para o visor.
Pela segunda vez, o rapaz sentiu uma estranha hesitação. Demorou-se para colocar o dispositivo no lugar, como se estivesse passando por um conflito íntimo. Foi então que as baterias pararam de atirar.

— Vai começar tudo de novo — comentou Wedge, quando os três caças do Império se aproximaram.

Biggs e Wedge começaram a voar em ziguezague atrás de Luke, procurando desviar a atenção dos caças. Luke olhou pelo visor por um momento e empurrou-o para o lado. Ficou olhando para o aparelho, como se estivesse hipnotizado. Então colocou-o de volta no lugar e constatou que os dois pequenos círculos já estavam bem próximos.

— Depressa, Luke! — advertiu Biggs. — Estão vindo mais depressa desta vez. Não vamos poder aguentar muito tempo.


Com precisão inumana, Darth Vader apertou mais uma vez o botão de disparo. Um grito de agonia, um violento estrondo e o caça de Biggs transformou-se em mil fragmentos incandescentes.
.


Wedge ouviu a explosão pelo rádio.

— Perdemos Biggs — falou ao microfone.

Luke não respondeu imediatamente. Estava com os olhos cheios d'água. Enxugou-os com raiva. Queria enxergar bem o alvo.

— Somos a dupla do espaço, Biggs... — sussurrou, com voz rouca.

A nave de Luke balançou ligeiramente quando um disparo quase o atingiu. Então o rapaz disse pelo rádio:

— Chegue mais perto, Wedge. Já estamos quase em cima do alvo. R2-D2, veja se pode aumentar a potência dos defletores de ré.

O robô apressou-se em cumprir a ordem, enquanto Wedge acelerava um pouco, colocando-se ao lado de Luke. Os caças Tie também aceleraram.


— Fico com o líder — disse Vader para os companheiros. — Cuidem do outro.



Luke desviou o caça ligeiramente para a esquerda, ficando um pouco à frente de Wedge.
Os caças do Império dispararam mais uma vez, errando por pouco. Os dois pilotos rebeldes trocavam repetidamente de posição, tentando confundir os perseguidores.

Wedge estava completando uma dessas manobras quando uma parte do painel de controle explodiu em chamas. O piloto teve que lutar para controlar a nave.

— Estou com um defeito sério, Luke. Não posso ficar com você.

— Está bem, Wedge, dê o fora.

Wedge murmurou um sentido pedido de.desculpas e levantou o nariz do caça..

Vader fez pontaria no único caça que restava e disparou.

Luke não viu a explosão quase fatal que ocorreu acima de uma das asas do caça. Nem teve tempo de examinar a carcaça fumegante de metal retorcido que ainda se agarrava a um dos motores. Os braços do pequeno andróide penderam inertes.

Os caças Tie continuaram a perseguir Luke. Atingi-lo era apenas questão de tempo. Só que agora só havia dois caças do Império na perseguição. O terceiro transformou-se em uma bola de fogo, da qual choviam pedaços de metal incandescente.

O outro ala de Vader olhou em volta apavorado, à procura do atacante. Os mesmos campos de força que haviam inutilizado os instrumentos dos rebeldes agora confundiam os dois caças Tie.
Apenas quando o cargueiro eclipsou o sol foi que a nova ameaça se tornou visível.
Era uma nave coreliana, muito maior do que um caça, e estava mergulhando diretamente para o desfiladeiro de metal. Porém, parecia mais veloz do que um cargueiro.

Quem estava pilotando aquele veículo devia estar louco, pensou o ala. Fez uma manobra brusca para evitar a colisão. O cargueiro desviou-se no último momento, mas o ala já estava quase em cima do companheiro.

Houve uma pequena explosão quando os dois caças Tie se chocaram de raspão. O ala lutou inutilmente para controlar a nave, que acabou por espatifar-se contra um edifício próximo.

Ao mesmo tempo, o caça de Darth Vader começou a girar sobre si mesmo. Ante o olhar desesperado do Lorde Negro, os vários controles e instrumentos forneceram indicações que eram brutalmente verdadeiras. Completamente fora de controle, o pequeno caça perdeu-se para sempre nas profundezas infinitas do espaço.


O piloto do cargueiro não tinha nada de insano. Podia estar um pouco emocionado, é verdade, mas suas faculdades estavam perfeitamente em ordem. Ficou sobrevoando o desfiladeiro de metal, bem acima de Luke.


— Está tudo bem, garoto — disse uma voz familiar. — Agora destrua essa coisa para a gente ir para casa.

O conselho foi acompanhado por um grunhido de apoio que só poderia vir de um certo wookie.
Luke olhou para cima e sorriu. Mas o sorriso desapareceu quando o rapaz olhou de novo pelo visor. Sentia uma coceira dentro da cabeça.

— Luke... confie em mim — disse uma voz distante. Luke olhou para a tela. Os dois círculos estavam quase superpostos, como na vez anterior... a vez em que errara o alvo. O rapaz hesitou, mas apenas por um segundo, antes de desligar o sistema de mira. Fechou os olhos e mexeu com os lábios, como se estivesse conversando com alguém. Com a segurança de um cego em um ambiente conhecido, Luke passou a mão pelos controles e apertou um botão. Pouco depois, uma voz preocupada perguntou pelo rádio:

— Base Um para Azul Cinco. Seu sistema de mira está desligado. O que houve?

— Nada — murmurou Luke, baixinho. — Nada.


O rapaz piscou e esfregou os olhos. Era como se acordasse de um sonho. Olhando em volta, verificou que se estava afastando rapidamente da estação. A frente, o vulto protetor do cargueiro de Han Solo o esperava. De acordo com as indicações do painel, havia soltado os dois últimos torpedos. Mas não se lembrava de haver apertado o botão de disparo. — Você conseguiu! Você conseguiu! — estava gritando Wedge. — Acho que foram até o fundo!


— Boa pontaria, garoto — disse Solo, a voz quase abafada pelas comemorações de Chewbacca.

Luke pouco a pouco foi voltando ao normal.

— Que bom... que vocês estavam aqui para apreciar. Agora, vamos dar o fora antes que a estação vá pelos ares. Espero que Wedge esteja certo.

Os caças sobreviventes e o velho cargueiro aceleraram ao máximo, rumando para Yavin.


Atrás deles, a estação estava ficando cada vez menor. De repente, seu lugar foi tomado por alguma coisa que era mais brilhante do que o planeta gasoso, mais brilhante do que uma estrela. Por alguns segundos, a noite eterna do espaço se tornou dia. Ninguém ousou olhar diretamente para o fenômeno. Nenhum filtro seria capaz de atenuar aquela terrível claridade.


O espaço ficou coalhado de fragmentos microscópicos, arremessados pela energia liberada por um pequeno sol artificial.

Os restos da estação espacial continuariam a queimar durante vários dias, constituindo durante aquele breve espaço do tempo o túmulo mais espetacular da galáxia.




Um grupo alegre de técnicos, mecânicos e outros membros da Aliança cercava cada caça no momento em que aterrava e taxiava para o hangar do templo. Vários pilotos sobreviventes já haviam deixado suas naves e estavam à espera de Luke para cumprimentá-lo.

Do outro lado do caça, o grupo era menor e mais sóbrio. Consistia em dois técnicos e um robô humanóide, que observou, preocupado, quando os homens subiram na asa do caça e levantaram com cuidado um pequeno cilindro de metal enegrecido.


— Oh, não! R2-D2? — chamou C-3PO, curvando-se sobre o robô carbonizado. — Está me ouvindo? Diga alguma coisa! — Olhou para um dos técnicos. — Você pode consertá-lo, não pode?

— Vamos fazer o possível. — O homem examinou o metal parcialmente fundido, os componentes pendurados para fora. — Ele está muito danificado.

— Tem que consertá-lo! Escute, se precisar de um dos meus circuitos, terei o máximo prazer em doá-lo...

Os três se afastaram lentamente, ignorando o tumulto que os cercava. Entre os robôs e os técnicos que os consertavam existia uma relação muito especial. Um assimilava coisa do outro, e às vezes a linha divisória entre homem e máquina se tornava bastante indistinta.

No centro da atmosfera de festa, estavam três figuras que competiam para ver quem cumprimentava os outros com maior efusão. No setor dos tapinhas nas costas, entretanto, Chewbacca não tinha rivais. Todos riram quando o wookie olhou preocupado para Luke depois de quase esmagá-lo com um abraço.

— Sabia que você ia voltar — estava gritando Luke. — Eu sabia! E chegou bem a tempo de me salvar, Han!

Solo logo mostrou que continuava o mesmo.

— Ora, não ficaria bem eu deixar um garoto do interior atacar sozinho aquela estação espacial. Além disso, comecei a achar que talvez fosse bem-sucedido, Luke... e nesse caso que ria estar por perto para participar da festa e receber, quem sabe, parte das recompensas.

Nesse momento, uma jovem chegou correndo e atirou-se nos braços de Luke.

— Você conseguiu, Luke, você conseguiu! — gritava Leia Organa.


Em seguida, a moça abraçou Solo. Como era de esperar, o coreliano recebeu o abraço com toda a naturalidade.

Sentindo-se um pouco atordoado, Luke afastou-se do grupo. Ficou olhando para o castigado caça, com ar de aprovação. Depois, olhou para o alto, para muito além do teto do templo. Por um segundo, julgou ouvir um suspiro de prazer, que o fez lembrar-se de um velho guerreiro que havia conhecido há muito, muito tempo. Provavelmente não era mais do que uma corrente de ar, mas assim mesmo Luke sorriu para aquele que só podia ver com os olhos da mente.


Os técnicos da Aliança haviam reformado quase todo o interior do templo. Entretanto, ninguém tivera coragem de alterar a beleza clássica da sala do trono. Tinham-na deixado exatamente como era originalmente, limitando-se a limpá-la de tempos em tempos.

Pela primeira vez em milhares de anos, a grande câmara estava repleta. Centenas de soldados e técnicos estavam reunidos pela última vez antes de partirem para novos postos e lares distantes.
As bandeiras dos muitos mundos que haviam apoiado a revolução tremulavam na leve brisa que penetrava no templo.

A multidão havia deixado um corredor no meio da sala. Na extremidade do corredor, estava uma jovem vestida de branco: a Princesa Leia Organa.


Um grupo apareceu na outra ponta do corredor. Entre eles estava um vulto grande e peludo, que andava relutantemente, puxado pelo companheiro. Luke, Han, Chewie e C-3PO levaram vários minutos para chegar ao outro lado da sala.

Pararam diante de Leia, e Luke reconheceu o General Dodonna entre os outros dignitários que ladeavam a Princesa. Nesse momento, um robô R-2, brilhando de novo, mas que todos reconheceram, veio juntar-se ao grupo, colocando-se ao lado de C-3PO, que não coube em si de felicidade.

Chewbacca mexia-se nervosamente, pouco à vontade.
Solo repreendeu-o com um gesto quando a Princesa se aproximou.
Ao mesmo tempo, as bandeiras foram inclinadas para a frente e todos fizeram silêncio.

Leia pendurou uma medalha de ouro no pescoço de Solo. Depois, foi a vez de Chewbacca — a Princesa teve que ficar na ponta dos pés — e finalmente chegou a vez de Luke.

Então, Leia fez um sinal para a multidão, e todos puderam dar vazão livremente a seus sentimentos.


Cercado pelos vivas e aplausos, Luke descobriu que não estava pensando no futuro da Aliança, nem em uma possível vida de aventuras com Solo e Chewbacca. Toda a sua atenção estava voltada para a linda Princesa.

Leia notou o olhar de admiração do rapaz, mas desta vez limitou-se a sorrir.





FIM