quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O PLANETA IMPOSSÍVEL - Philip K. Dick



O PLANETA IMPOSSÍVEL
(O conto "The Impossible Planet" foi publicado no final de 1953 na revista Imagination e fez parte da primeira coleção de PKD, A HANDFUL OF DARKNESS de 1955).



— Ela fica parada lá — disse Norton nervoso. — Capitão, você tem que falar com ela.

— O que ela quer?

— Ela quer um bilhete. É surda de pedra e fica parada só olhando, e não vai embora. Ela está me deixando com calafrios.

O capitão Andrews ficou em pé lentamente.

— Ok. Vou falar com ela. Mande-a entrar.

No corredor Norton disse: — O Capitão vai falar com você. Por aqui. Venham.
Havia movimento do lado de fora da sala de controle. Um flash de metal. O capitão Andrews empurrou o escaner de mesa de volta e ficou de pé esperando.

— Aqui — Norton recuou entrando na sala de controle. — Por aqui.

Atrás de Norton uma pequena senhora e ao lado dela um robant, um criado-robô reluzente, apoiando-a pelo braço.
O robant e a pequena senhora entraram lentamente.

— Aqui estão os papéis dela — disse Norton deslizando uma folha para a mesa com a voz nitidamente impressionada. — Ela tem trezentos e cinquenta anos. Uma das mais antigas pensionistas de Riga-2.

Andrews folheou lentamente.
À frente da mesa a pequena mulher permaneceu em silêncio, olhando para Andrews. Seus olhos desbotados eram de um azul pálido. Como porcelana chinesa antiga.

— Irma Vincent Gordon — murmurou Andrews e olhou para ela. — Certo?

A velha não respondeu.

— Ela é totalmente surda, senhor — disse o robô-criado.

Andrews grunhiu e voltou para a folha.
Irma Gordon era um dos colonos originais do sistema Riga. Origem desconhecida. Provavelmente nasceu no espaço em uma das antigas naves sub-C.
Um sentimento estranho passou por ele.
A pequena e velha criatura. Os séculos que ela tinha visto! As mudanças.

— Ela quer viajar? — Ele perguntou ao robant.

— Sim, senhor. Ela veio comprar um bilhete.

— Ela aguenta viagens espaciais?

— Ela veio de Riga até aqui Fomalhaut IX.

— Pra onde ela quer ir?

— Para a Terra, senhor — informou o robant.

— Terra! — O maxilar de Andrews caiu. — O que você quer dizer?

— Ela deseja viajar para a Terra, senhor.

— Viu? — Murmurou Norton. — Completamente louca.

Agarrando sua mesa com força, Andrews dirigiu-se à velha.

— Senhora, não podemos vender um bilhete para a Terra.

— Ela não pode ouvir o senhor — disse o robô.

Andrews encontrou um pedaço de papel e escreveu em letras grandes:

NÃO POSSO VENDER UM BILHETE PARA A TERRA

Os olhos da velha se moveram enquanto estudava as palavras.
Seus lábios se contraíram.

— Por que não? — Ela finalmente disse. Sua voz era fraca e seca como as ervas daninhas.
Andrews rabiscou uma resposta.

NÃO EXISTE ESTE LUGAR

E acrescentou sombrio:

MITO — LENDA — NUNCA EXISTIU

Os olhos desbotados da velha deixaram as palavras e foram diretamente para Andrews, sem expressão. Andrews ficou incomodado. Ao lado dele, Norton suava.

— Caramba — murmurou Norton. — Mande-a embora. Ela vai nos causar problemas.

Andrews dirigiu-se ao robant.

— Você não pode fazê-la entender? Não existe um lugar chamado Terra. Isso foi provado mil vezes. Nenhum planeta primordial existiu. Todos os cientistas concordam que a vida humana surgiu ao longo do...

— É seu desejo viajar para a Terra — disse o robant pacientemente. — Ela tem trezentos e cinquenta anos e eles deixaram de pagar sua pensão. Ela deseja visitar a Terra antes de morrer.

— Mas é um mito! — Andrews explodiu. Abriu e fechou a boca, mas não vieram palavras.

— Quanto? — Perguntou a velha. — Quanto?

— Eu não posso fazer isso! — Andrews gritou. — Não existe...

— Temos um quilo de positivos — disse o robant.

Andrews tornou-se repentinamente silencioso.
Mil positivos. Seu maxilar fechou-se e a cor sumiu do rosto.

— Quanto? — A velha repetiu. — Quanto?

— Isso será suficiente? — Perguntou o robô.

Por um momento Andrews engoliu em silêncio. De repente encontrou sua voz.

— Claro — disse ele. — Por que não?

— Capitão! — Protestou Norton. — Você ficou louco? Você sabe que não existe um lugar chamado Terra! Como diabos podemos...?

— Claro que a levaremos.

Andrews abotoou sua túnica lentamente, com as mãos tremendo. — Vamos levá-la a qualquer lugar que queira ir. Diga isso a ela. Por mil positivos teremos prazer em levá-la para a Terra. Ok?

— É claro — disse o robant. — Ela economizou por muitas décadas para isso. Ela lhe dará os quilos positivos imediatamente ao chegarmos. Estão aqui com ela.

— Olhe... — disse Norton. — Você pode pegar vinte anos por isso. Eles tomarão tudo que você tem e eles vão...

— Cale-se!


Andrews rodou o mostrador do vídeo do sistema.
Sob eles os jatos pulsavam e rugiam quando a nave atingiu o espaço profundo.

— Quero a biblioteca de dados principal de Centaurus 2 — disse ao microfone.

— Mesmo por mil positivos, você não pode fazê-lo. Ninguém pode. Eles tentaram encontrar a Terra por gerações. Naves rastrearam cada planeta em todo...

O vídeo piscou. Centaurus 2. Biblioteca.
Norton pegou o braço de Andrews.

— Por favor, capitão. Mesmo por dois quilos positivos...

— Quero a seguinte informação — disse Andrews no microfone. — Todos os fatos conhecidos sobre o planeta Terra. Legendário berço da raça humana.

— Não são conhecidos fatos — veio a voz da biblioteca. — Assunto classificado como metaparticular.

— O que os relatórios não verificados, mas amplamente divulgados, dizem?

— A maioria das lendas relativas à Terra foram perdidas durante o conflito Centaurus-Riga de 4-B33a. O que restou é fragmentado. A Terra é por várias vezes descrita como um grande planeta com aneis, como um planeta pequeno e denso com uma única lua, como o primeiro planeta de um sistema de dez planeta localizado em torno de uma estrela anã branca...

— Qual é a lenda que prevalece?

— O Relatório Morrison de 5-C21r analisou os relatos étnicos e subliminares da lendária Terra e observou que a Terra é geralmente referida como o terceiro planeta de um sistema de nove planetas, com uma única lua.

— Entendo. O terceiro planeta de um sistema de nove planetas. Com uma única lua. Andrews interrompeu o circuito e a tela escureceu.

— Então? — Norton manifestou-se.

Andrews levantou-se rapidamente.

— Ela provavelmente conhece todas as lendas sobre a Terra — apontou para baixo, para os quartos dos passageiros. — Tenho que fazer a coisa direito.

— Por quê? O que vai fazer?

Andrews abriu o gráfico principal da estrela e passou os dedos pelo índice e soltou o escaner. Em um segundo apareceu um cartão. Ele pegou o cartão e o alimentou no piloto-robô.

— Sistema Emphor — murmurou pensativamente.

— Emphor? Nós vamos pra lá?

— De acordo com o gráfico, existem noventa sistemas que mostram um terceiro planeta de nove com uma única lua. Desses noventa, Emphor é o mais próximo. Estamos indo pra lá agora.

— Não entendi — protestou Norton. — Emphor é um sistema comercial conhecido e Emphor III não é nem mesmo um ponto de verificação da Classe D.
O capitão Andrews sorriu:

— Emphor III tem uma única lua, e é o terceiro dos nove planetas. Isso é tudo o que queremos. Alguém mais sabe alguma coisa sobre a Terra? — Olhou para baixo. — Ela sabe algo mais sobre a Terra?

— Estou entendendo — disse Norton lentamente. — Estou começando a entender.


Emphor III estava agora abaixo deles. Um globo vermelho aborrecido, suspenso entre nuvens doentias, sua superfície cozida e corroída banhada pelos restos congelados de mares antigos. Penhascos rachados e planícies cavadas e abandonadas. Grandes poços arruinados vinham à superfície como feridas abertas sem fundo.
O rosto de Norton se torceu de repulsa.

— Olhe para isso. Tem alguém vivo lá embaixo?

O capitão Andrews franziu a testa.

— Não achei que estivesse tão destruído — desligou abruptamente o piloto-robô.

— Supostamente encontraremos um local seguro para pousar lá embaixo. Vou tentar achá-lo.

— Um campo de pouso? Você quer dizer que este lixo é habitado?

— Alguns Emphorites. Uma colôna comercial de degenerados de algum tipo — Andrews consultou o cartão. — Naves comerciais vêm aqui ocasionalmente. O contato com esta região tem sido raro desde a Guerra Centaurus-Riga.

O corredor emitiu um súbito som quando o robô reluzente e a Sra. Gordon surgiram pela entrada da porta de controle.
O rosto da velha estava vivo com emoção.

— Capitão! É a Terra lá embaixo?

Andrews assentiu.
O criado-robô levou a Sra. Gordon para perto da grande tela.
O rosto da velha se contraiu, ondulações de emoção mexendo em seus traços murchos. — Mal posso acreditar que é realmente a Terra. Parece impossível.
Norton olhou bruscamente para o Capitão Andrews.

— É a Terra— afirmou Andrews. — A lua deve estar por perto em breve.

A velha não disse nada. Virou as costas.
Andrews encontrou a pista de pouso e acionou o piloto-robô. A nave estremeceu e depois começou a descer enquanto o feixe vindo de Emphor assumia.

— Estamos aterrando — disse Andrews à velha, tocando-a no ombro.

— Ela não pode ouvir o senhor — disse o robô.

Andrews grunhiu. — Bem, ela pode ver.
Abaixo deles a superfície arruinada de Emphor III estava aumentando rapidamente.
A nave entrou em um cinturão de nuvens e emergiu sobrevoando uma planície árida até onde a vista alcançava.

— O que aconteceu com este lugar? — Norton perguntou a Andrews. — A guerra?

— Guerra. Mineração. Os poços provavelmente são crateras de bombas. Algumas das trincheiras longas podem ser gargantas para colheita. Parece que eles realmente esgotaram esse lugar.
Uma fileira torta de picos de montanhas quebradiças passou por baixo deles.
Estavam se aproximando dos restos de um oceano de água escura e insalubre, um vasto mar salgado congelado e muito desperdício, com suas bordas desaparecendo em bancos de detritos empilhados.

— Por que está assim? — A Sra. Gordon disse de repente.

Sinais de dúvida cruzavam suas feições. — Por quê?

— O que você quer dizer? — Andrews perguntou.

— Eu não entendo. Não era para ser assim. A Terra é verde. Verde e viva. Água azul e... Sua voz baixou. — Por quê?

Andrews pegou um papel e escreveu:

OPERAÇÕES COMERCIAIS EXAURIRAM A SUPERFÍCIE

A Sra. Gordon estudou as palavras, seus lábios se contorcendo.
Um espasmo passou por ela, sacudindo o corpo magro e seco.

— Exauriram... — Sua voz estridente aumentou em consternação. — Não era para ser assim! Eu não quero isso!

O robant pegou seu braço.

— Melhor descansar. Vou devolvê-la aos seus aposentos. Por favor, avise-nos quando  pousarmos.
Andrews assentiu enquanto o robô conduzia a senhora para longe. Ela se apegou ao criado, o rosto distorcido com medo e perplexidade.

— Algo está errado! — Exclamou em lamento. — Por quê? Por que...?

O fechamento das portas de segurança hidráulicas cortou sua voz fina abruptamente.
Andrews relaxou o corpo flácido.

— Deus — acendeu um cigarro com as mãos ainda tremendo. — Que show ela deu.

— Estamos quase lá — disse Norton friamente.

O vento atacou-os quando eles cautelosamente saíram da nave.
O ar cheirava azedo e acre como ovo podre e o vento trouxe sal e areia soprando contra seus rostos.
Estavam a perto da praia e podiam ouvir o mar suavemente, gemendo.
Alguns pássaros passaram silenciosamente por cima deles, grandes asas batendo silenciosamente.

— Maldito lugar deprimente — murmurou Andrews.

— Sim. Eu me pergunto o que a velha está pensando.

Baixada a rampa de descarga vieram para fora o robô brilhante, ajudando a pequena velhinha. Ela se movia hesitante, instável, segurando o braço de metal. O vento frio atravessava seu corpo frágil.
Por um momento ela cambaleou deixando a rampa e ganhou o terreno irregular.
Norton sacudiu a cabeça.

— Ela parece mal. Este ar. Este vento.

— Eu sei.

Andrews voltou-se para a senhora Gordon e seu criado-robô.

— Como ela está? — Perguntou.

— Nada bem, senhor — respondeu o robô.

— Capitão... — a velha sussurrou.

— O que?

— Você deve me dizer a verdade. Isto é... Isto é realmente a Terra? Você jura? Você jura? — Sua voz aumentou em um terror agudo.

— É a Terra! — Andrews respondeu irritado. — Eu lhe disse antes. Claro que é a Terra.

— Não parece a Terra — a Sra. Gordon agarrava-se a sua resposta com pânico. — Não parece a Terra, Capitão. É realmente a Terra?

— Sim!

Seu olhar vagou pelo oceano morto. Um brilho estranho cintilou em seu rosto cansado, acendendo subitamente seus olhos desbotados.

— Aquilo é água? Eu quero ver de perto.

Andrews virou-se para Norton.

— Traga o deslizador. Leve-a para onde ela quiser.

Norton voltou-se com raiva. — Eu?

— É uma ordem!

Norton voltou relutantemente para a nave enquanto Andrews acendeu um cigarro e esperou.
O transporte deslizou para fora da nave, na direção deles.

— Você pode mostrar a ela o que ela quiser — disse Andrews ao robô. — Norton irá levá-los.

— Obrigado, senhor — disse o robant. — Ela ficará grata. Ela queria viver na Terra. Ela lembra o que seu avô contava sobre tudo isso. Ela acredita que ele veio da Terra há muito tempo. Ela é muito velha. Ela é a última pessoa viva de sua família.

— Mas a Terra é apenas um... Quero dizer...

— Sim, senhor. Mas ela é muito velha. E esperou muitos anos.

O robô voltou-se para a velha e levou-a gentilmente para o veículo.

Andrews olhou fixamente para eles, esfregando o queixo e franzindo a testa.

— Ok — veio a voz de Norton. Ele abriu a escotilha e o robô levou a velha com cuidado para dentro. A escotilha fechou-se e no instante seguinte dispararam através do sal, em direção ao oceano morto.


Norton e o capitão Andrews passeavam de um lado para o outro na praia.
Estava escurecendo e ondas de sal explodiam contra eles.
Os barrancos de lama fediam com a chegada da noite.
Ao longe uma linha de montanhas desaparecia no silêncio e nos vapores.

— Continue — disse Andrews. — O que aconteceu então?

— Foi tudo. Ela saiu do transporte. Ela e o robô. Eu fiquei dentro. Eles ficaram olhando para o oceano. Depois de um tempo a velha enviou o robô de volta.

— Por quê?

— Eu não sei. Ela queria ficar sozinha, eu suponho. Ficou de pé sozinha. Na praia, olhando para a água. O vento aumentou. De repente ela simplesmente afundou em uma pilha de sal e cinzas.

— Então o que?

— O robant saltou para fora e correu para ela e a pegou. Ficou por um segundo segurando-a no colo e depois começou a entrar na água. Eu saltei gritando. Ele entrou na água e desapareceu. Afundou na lama e na imundície. Desapareceu... — Norton estremeceu. — Com o corpo dela.
Andrews soltou seu cigarro. 

— Algo mais?

— Nada. Tudo aconteceu em um segundo. Ela estava de pé olhando a água. De repente ela estremeceu como um ramo morto. Então ela simplesmente caiu. E o robant estava fora já na água, com ela, antes que eu pudesse descobrir o que estava acontecendo.

O céu estava quase escuro. Nuvens enormes se espalharam entre estrelas fracas. Nuvens de vapores não saudáveis da noite e partículas de resíduos.
Um bando de imensas aves atravessava o horizonte, voando silenciosamente.
Sobre as colinas rachadas, a lua estava crescendo, um globo enfermo e estéril de pouca luz, como um pergaminho antigo.

— Vamos voltar à nave — disse Andrews. — Não gosto desse lugar.

— Não consigo pensar no que aconteceu. A velha. — Norton sacudiu a cabeça.

— O vento. Toxinas radioativas. Verifiquei com Centaurus 2. A Guerra devastou todo o sistema. Deixou o planeta moribundo.

— Então não iremos...

— Não. Não teremos que responder por isso.

Continuaram por um tempo em silêncio.

— Nós não teremos que explicar. É bastante evidente. Qualquer um que vem aqui, especialmente uma pessoa idosa...

— Só que ninguém viria aqui — disse Norton amargamente. — Especialmente uma pessoa idosa.
Andrews não respondeu. Andava de um lado para o outro, de cabeça baixa, as mãos nos bolsos. Norton seguia-o silenciosamente.

Acima deles a lua solitária ficou mais brilhante quando escapou das névoas e entrou num pedaço de céu limpo.

— Por sinal — disse Norton com uma voz fria e distante atrás de Andrews. — Esta é a última viagem que vou fazer com você. Enquanto eu estava na nave, eu enviei um pedido formal para realocação.

— Ah.

— Achei melhor que você soubesse. E a minha parte dos quilos positivos, você pode ficar com ela.
Andrews corou e aumentou o ritmo deixando Norton para trás.

A morte da velha o abalara.
Acendeu outro cigarro e depois o jogou fora.
Droga. A culpa não era dele.
Ela era velha. Trezentos e cinquenta anos. Senil e surda.
Uma folha desbotada levada pelo vento. Pelo vento venenoso que chicoteava infinitamente o rosto arruinado do planeta.
Arruinado. Sal, cinzas e detritos. As colinas. E o silêncio.
O eterno silêncio.

Nada além do vento e da água estagnada e os pássaros escuros sobrevoando.
Algo brilhou aos seus pés, refletindo a palidez doentia da lua. Andrews inclinou-se e seus dedos se fecharam num pequeno disco de metal.

— Estranho.

Somente quando no espaço profundo, rugindo de volta para Fomalhaut, que ele se lembrou do pequeno disco.
Afastou-se do painel de controle, procurando nos bolsos o disco gasto e fino e terrivelmente velho.  Andrews esfregou-o e cuspiu nele até que estivesse limpo o suficiente para descobrir uma fraca impressão e nada mais. 
Uma ficha? Uma arruela? Uma moeda?
Na traseira havia algumas letras sem sentido, algum código antigo esquecido.
Segurou o disco na luz até poder ver bem as letras.

E PLURIBUS UNUM*

Encolheu os ombros, jogou o antigo pedaço de metal em uma unidade de eliminação de resíduos e voltou sua atenção para as estrelas e para casa...

FIM

*(NT. E pluribus unum é o lema nacional dos Estados Unidos, significa em latim "De muitos, um”, constando de moedas de um dólar desde 1873.)

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