domingo, 18 de outubro de 2015

Aliens - Alan Dean Foster (Parte 17)


Ripley tinha o corpo da grande arma contra sua bochecha. Estava fazendo o seu melhor para seguir o ritmo das instruções de Hicks, sabendo que não tinham muito tempo, sabendo que se ela tivesse que usar a arma, não seria capaz de pedir instruções de funcionamento uma segunda vez. Hicks era tão paciente com ela quanto possível, considerando que ele estava tentando compactar um curso completo em minutos.

O cabo estava colado às costas dela, posicionando os braços ao seu redor e explicando como usar a visão embutida. Era necessário um esforço mútuo para ignorar a intimidade de sua postura. Um pouco de calor humano na colônia devastada, era um pouco do que lembrar da humanidade, primeiro física, em vez de verbal, o contato entre eles.

— Só puxe — ele estava dizendo a ela. — Apesar dos amortecedores embutidos, ainda vai sentir algum tranco. Esse é o preço a pagar para utilizar balas penetrantes.

Indicou uma leitura digital na lateral da arma.

— Quando este contador chegar a zero, aperte isso — ele passou o polegar sobre um botão, e o cartucho saiu, fazendo barulho ao cair no chão. — Normalmente somos obrigados a recuperar os cartuchos usados, pois são caros. Eu não me preocuparia com o regulamento agora.

— Não me preocupo — ela disse a ele.

— Basta deixá-lo onde caiu. Pegue outro rápido — entregou-lhe outro cartucho, e ela se esforçou para equilibrar a arma pesada com uma mão e carregá-la com a outra. Bateu em outro interruptor e o contador vermelho ganhou vida.

Hicks deu um passo para trás, observou-a na posição de disparo com aprovação.

— É isso. Você está pronta para brincar. Faça de novo.

Ripley repetiu o procedimento: liberar, verificar, recarregar. A arma era fisicamente estranha, mas mentalmente reconfortante. Suas mãos tremiam por suportar o peso. Baixando-a, notou o tubo de metal que corria por debaixo do cano principal.

— O que é isso?

— Lançador de granadas. Você provavelmente não quer mexer com isso. Você já tem o bastante para se lembrar. Se tiver que usar a arma, vai ter que ser capaz de fazer isso sem pensar.

Ela o encarou.


— Olha, você começou com isso. Agora me mostre tudo. Eu sei me virar.

— Já tinha notado.

Em seguida, iniciaram  um curso completo de disparo de granadas em quinze minutos. Hicks mostrou-lhe como fazer tudo. Convencida de que não tinha perdido nada, ela o deixou junto do console tático enquanto se dirigia para verificar Newt, com seu novo amigo confortavelmente contra seu ombro.

Entrando no laboratório, ouviu passos à frente. Apesar de sua grande massa, um alienígena faria bem menos ruído do que o tenente. Gorman surgiu, aparentemente abalado ainda, e Burke estava bem atrás dele. Ele mal olhou para ela. Isso foi bom para Ripley. Toda vez que o representante da Companhia abria a boca, ela tinha o desejo de estrangulá-lo, mas precisava dele. Precisavam de todas as mãos que pudessem ter, incluindo aquelas manchadas de sangue. Burke ainda era um deles, um ser humano.
Embora apenas um pouco, pensou.

— Como você se sente? — Perguntou a Gorman.

O tenente se encostou na parede e colocou uma mão na testa. — Tudo bem, eu acho. Um pouco tonto e com uma bela ressaca. Olhe, Ripley, eu...

— Esqueça.


Não havia tempo a perder com desculpas inúteis. Além disso, o que tinha acontecido não fora inteiramente culpa de Gorman. A culpa precisava ser repartida por quem quer que fossem os tolos ou incompetentes para tê-lo posto no comando da equipe. Tirando a questão da falta de experiência de Gorman, nenhum treinamento poderia ter preparado alguém para a realidade dos alienígenas. Como você organiza um combate contra um inimigo que é tão perigoso, até quando está sangrando até a morte? Ela passou por ele e foi ao laboratório médico.

Gorman seguiu-a com os olhos, em seguida, virou-se para o corredor. Quando o fez, encontrou Vasquez vindo no sentido contrário. Ela encarou-o friamente. Suor manchava sua bandana colorida sobre o cabelo escuro e a pele morena.

— Você ainda quer me matar? — Ele perguntou calmamente.

Sua resposta misturou desprezo com aceitação.

— Não será necessário — e continuou sua ronda, passando por ele.

Depois que Gorman e Burke se foram, a ala médica ficou deserta.

Ripley atravessou a sala até onde tinha deixado Newt.
A luz era fraca, mas não tão fraca que não pudesse ver a cama vazia.
O medo correu através dela como uma droga, seus olhos freneticamente vasculhando o lugar, até que um pensamento a fez abaixar-se e olhar debaixo da cama.

Então relaxou.

A menina estava enrolada contra a parede, e estava dormindo, com Casey segura firmemente em uma pequena mão.



A expressão angelical tranquilizou-a ainda mais. Sono inocente e sem perturbações, apesar dos demônios que atormentaram a criança. Abençoadas sejam as crianças, pensou, quem conseguiria dormir em qualquer lugar daquele jeito.

Cuidadosamente ela colocou o M41A no catre.
De joelhos, se arrastou por baixo das molas. Sem acordar a menina, deslizou ambos os braços em volta dela.

Newt se contraiu em seu sono, instintivamente, aconchegando seu corpo mais perto do calor reconfortante do adulto. Um gesto primal.
Ripley virou um pouco de lado e suspirou.

O rosto de Newt contorcia-se com a externalização de algum pesadelo.
Ripley balançou-a gentilmente.

— Não, não. Silêncio. Está tudo bem. Está tudo bem.



* * *

Vários dos condutos de refrigeração de alta pressão que rodeavam a torre de processamento atmosférico tinha começado a brilhar vermelho com excesso de calor. Descargas de alta tensão arqueavam em torno da coroa cônica e da treliça superior, iluminando estroboscópicamente a paisagem de Acheron e as estruturas silenciosas da cidade Hadley, com flashes intensos de luz.



Teria sido óbvio para qualquer um que algo estava muito errado com a estação. Unidades de resfriamento lutavam para conter uma reação que já estava fora de controle. E continuavam assim mesmo. Não eram programadas para desistir.

Do outro lado da plataforma de desembarque, uma torre alta e metálica, chegava às nuvens com várias antenas parabólicas agrupadas em torno do seu topo, como pássaros que reunem-se em uma árvore.

Na base da torre via-se uma figura solitária debruçada sobre um painel aberto, com as costas para o vento.

Até agora tudo tinha transcorrido bem. Ele chegou tarde na torre, depois de ter subestimado a duração do tempo que levaria para rastejar através do duto. Como se a título de indemnização, a checagem e os testes preliminares tinham terminado sem nenhum problema, permitindo-lhe recuperar o tempo perdido.
Seu casaco disposto sobre o teclado e tela, protegia o aparelho da tempestade de areia. Componentes eletrônicos eram muito mais sensíveis ao mau tempo do que ele.
Digitava freneticamente, seus dedos eram um borrão sobre as teclas, realizando em um minuto o que teria levado dez minutos para um humano treinado.

Se fosse humano, diria naquele momento uma pequena oração. Talvez o fizesse de qualquer maneira. Sintéticos têm seus próprios segredos.

Examinou o teclado uma última vez e murmurou para si mesmo.

— Agora, se fiz isso direito, e nada estiver quebrado...

 

Apertou uma tecla de função onde estava inscrito o sinal de HABILITADO.

Longe dali a Sulaco aguardava pacientemente e silenciosamente no vazio do espaço. Nada se movia em seus corredores vazios. Nenhuma máquina cantarolando no enorme compartimento de carga, somente os instrumentos piscavam, mantendo a nave em sua órbita geoestacionária acima da colônia.

Uma sirene soou estridente, embora não houvesse ninguém para ouvi-la.
Luzes rotativas de advertência vieram à vida dentro do vasto porão de carga, embora não houvesse ninguém para testemunhar. Poderosos elevadores hidráulicos choramingaram quando a segunda nave de desembarque, codinome Smart Ass, retumbou ao longo dos trilhos ao ser retirada da sua doca de atracagem, sendo trazida para a baía de lançamento.

Assim que foi colocada em posição de lançamento, hastes de mangueiras de serviços e desacopladores automáticos foram estendidos das paredes e do chão ligando-se a nave. Se iniciou então os preparativos, como o abastecimento e a checagem final dos sistemas de bordo. Estas eram tarefas mundanas de rotina para qual a atenção humana era desnecessária. Na verdade, a própria nave poderia fazer o trabalho melhor, sem qualquer pessoa ao redor. Eles só ficavam no caminho retardando a operação.




Motores foram iniciados, desligados e reiniciados. Bloqueios foram abertos e outros selados. Comunicações internas trocaram sequências numéricas com o computador principal da Sulaco.

Uma mensagem gravada soou alta na vasta câmara, como um procedimento padrão exigido, mesmo que não houvesse ninguém presente para ouvir.

ATENÇÃO. ATENÇÃO. O ABASTECIMENTO FINAL COMEÇOU. POR FAVOR, APAGUEM OS CIGARROS.

Bishop não viu nenhuma atividade, não viu as luzes girando rapidamente, nem ouviu nenhum alerta. Estava satisfeito, no entanto. As pequenas leituras no console portátil  eram tão eloqüentes quanto um soneto de Shakespeare.

Sabia que a nave de transporte estava sendo preparada e que o abastecimento estava ocorrendo porque o console disse isso a ele. Tinha feito mais do que simples contato com a Sulaco: ele estava se comunicando com ela. Não tinha que estar lá em pessoa, já que o terminal portátil era o seu substituto eletrónico, dizendo-lhe tudo o que ele precisava saber, e o que ele dizia era bom.

***
 Ela não tinha a intenção de dormir. Tudo o que ela queria era compartilhar um pouco de calor, e alguns momentos no silêncio com a menina. Mas seu corpo sabia melhor que ela o que precisava. Quando permitiu que ele assumisse suas próprias exigências, ele tomou o controle imediatamente.

Ripley acordou batendo sua cabeça contra a parte inferior do catre.
Acordara instantaneamente.

O laboratório médico estava na penumbra da iluminação filtrada da sala de cirurgia. Verificou o relógio, e ficou surpresa ao ver que mais de uma hora tinha passado, mas nada parecia ter mudado. Ninguém tinha vindo acordá-la, o que não era surpreendente. Suas mentes estavam ocupadas com assuntos mais importantes. O fato de que ela tinha sido deixada sozinha era em si um bom sinal. Se o ataque final houvesse começado, Hicks ou alguém certamente teria tirado-a de seu esconderijo quente debaixo da cama.

Gentilmente, desvencilhou-se de Newt, que dormia, alheia as obsessões dos adultos com o tempo. Cobriu-a com sua jaqueta antes de rastejar para fora.

Quando se virou para se levantar, teve outra visão do resto do laboratório... e congelou.

Os cilindros de estase, dois deles abertos, vazios.


Mal ousando respirar, tentou ver cada canto escuro, debaixo de cada balcão e peça de equipamento.

Incapaz de se mexer, tentou avaliar a situação enquanto cutucava a menina dormindo atrás dela com a mão esquerda.

— Newt — sussurrou.

Essas coisas poderiam sentir as ondas sonoras? Não tinham orelhas visíveis, mas quem poderia dizer o quão primitivo eram os sentidos do alienígena?

— Newt, acorde.

— O quê? — A garota virou-se e esfregou os olhos sonolentos. — Ripley? Onde...

— Shssh! — Colocou um dedo sobre os lábios. — Não se mova. Estamos em apuros.

Os olhos da garota se arregalaram. Ela respondeu com um único aceno de cabeça, alerta, ciente de sua posição como o adulto protetor. Não precisou falar uma segunda vez. Durante a estada solitária no fundo dos dutos de serviços da colônia, a primeira coisa que Newt tinha aprendido sobre sobrevivência era o valor do silêncio.

Ripley apontou para os tubos de estase. Newt viu e acenou com a cabeça novamente.

Ficaram deitados perto uma da outra, escutando. Ouvindo os sons, prestando atenção em formas letais deslizando pelo chão polido. O aquecedor de espaço compacto cantarolava eficiente nas proximidades.

Ripley respirou fundo, engoliu em seco e começou a se mover. Estendendo a mão, ela pegou as molas que cobriam a parte inferior do catre e começou a tentar empurrá-lo para longe da parede. O guincho de metal das pernas raspando pelo chão soou alto no silêncio.

Quando o fosso entre a cama e a parede era grande o suficiente, ela cautelosamente deslizou-se para cima, mantendo as costas pressionadas contra a parede. Com a mão direita sobre colchão tateando entre os lençóis e o cobertor, procurou o rifle.

A arma tinha desaparecido.

Seus olhos chegaram à borda da cama. Certamente ela tinha deixado ali, bem no meio do colchão! Um movimento chamou sua atenção, e sua cabeça girou para a esquerda. Quando o fez, algo que era só pernas, saltou nela.

Ripley soltou um grito assustado, puro terror, e abaixou de volta. Garras tensionadas agarraram seu cabelo, quando a forma aracnídea repugnante atingiu a parede onde a cabeça dela tinha estado um segundo antes.

Ripley bateu no estrado, prendendo aquela coisa contra a parede apenas a centímetros acima de seu rosto. Suas pernas tremiam contorcendo-se com ferocidade maníaca enquanto a cauda muscular batia contra as molas e a parede como um píton demente. Emitia um ruido agudo penetrante, entre um grito e um silvo.

Ripley empurrou Newt pelo chão e, em uma corrida frenética, rolou para fora atrás dela. Depois claro, colocou as duas mãos contra a lateral do catre e empurrou com mais força contra o abraçador preso.

Com um movimento perfeito, virou a estrutura metálica, conseguindo prendê-lo debaixo dela.

Agarrada a Newt, se afastou da cama virada.
Seus olhos correndo de sombra em sombra, procurando cada esquina. Assim que se retiraram, o abraçador, mostrando força terrível para algo tão pequeno, atirou longe a cama, para junto dos armários.

Suas múltiplas pernas eram um borrão em movimento.

Tentando manter o centro da sala, tanto quanto possível, Ripley continuou apoiando em direção à porta. Assim que ela voltar atingiu a porta, ela estendeu a mão para correr uma mão sobre o interruptor de parede. A barreira em suas costas deve ter rolado para o lado. Ele não se mexeu. Ela apertou o botão novamente, então começou a bater nele, independentemente do barulho que ela estava fazendo. Nada. Desativado, quebrado, isso não importa.


Ela tentou o interruptor de luz. Mesma coisa. Eles foram presos na escuridão.

Usou um punho contra a porta fechada. O material acusticamente tratado ressoou baixo. Naturalmente, a sala de operações era à prova de som. Ninguém queria que os gritos e gemidos de um colono enjoado escapassem de lá.


Mantendo Newt com ela, se afastou da porta até a parede atrás da janela grande de observação de que dava para o corredor principal. Ela se virou e gritou: — Ei, ei!

Martelava desesperadamente a janela.
Newt começou a choramingar, alimentando-se do medo do adulto.
Desesperadamente Ripley procurou a câmera de vigilância e começou a agitar os braços.

— Hicks! Hicks!


Não houve nenhuma resposta. Nenhum curioso veio responder pelo seu alto-falante.
Frustrada, pegou uma cadeira de aço e bateu contra a janela de observação. Ela ricocheteou sem deixar cicatrizes no material resistente. Continuou tentando, até se cansar, desperdiçando sua força. A janela não ia quebrar, e não havia ninguém no laboratório exterior para testemunhar seus esforços frenéticos.

Deixou de lado a cadeira e lutou para controlar sua respiração enquanto observava o quarto.

Ela podia sentir Newt balançando ao lado dela agarrada a sua perna.

— Mamãe...mamãeeeee...

A criança estava completamente dependente dela, e seu próprio medo óbviamente estava apenas levando pânico a menina.

Então teve uma ideia, removendo o isqueiro do bolso do casaco.

— Mamãe, quero dizer, Ripley,... estou com medo.

— Eu sei, querida — ela respondeu distraidamente. — Eu também.

Levantou a mão e segurou o fogo na direção do sensor de temperatura na parte inferior de um dos pulverizadores de controle de incêndio. Como grande parte do equipamento de segurança autônomo que era padrão para mundos de fronteira, os pulverizadores tinham a sua própria energia de reserva, e não seria afetado por quem quer que tenha trancado a porta.


— Vamos lá, vamos lá — murmurou.

Uma luz vermelha piscou ativada, o sensor retransmitira automaticamente a sua informação aos outros no teto. Água jorrou de várias dezenas de bocas, numa chuva artificial. Simultaneamente, o alarme de incêndio acordou como um gigante de vigília.


Na sala de operações, Hicks pulou. Seu olhar deixou o console tático para a tela do computador principal. Uma pequena parte do esquema visualizado estava piscando brilhantemente. Levantou-se e correu para a saída, gritando enquanto corria.

— Vasquez, Hudson, me encontrem no laboratório médico! Temos um incêndio!

Ambos os soldados abandonaram suas posições de guarda e correram.

Entre o uivo constante das sirenes e o jorrar da água contra o metal do andar, era impossível para Ripley ouvir qualquer outra coisa.

Tentou enxergar através, afastando os cabelos de seus olhos.

Virou-se para inspecionar a sala.

A coisa saltou em seu rosto.

 

A queda de água e a sirene gritando abafaram o som de seu grito quando ela tropeçou para trás, caindo sobre a mesa e rolando para o chão, agitando os braços, pernas chutando descontroladamente. Newt gritou e Ripley arremessou a abraçador para longe dela. A criatura se chocou contra uma parede, agarrou-se lá como uma paródia obscena de uma tarântula, em seguida, pulou de volta para ela como se impelido por uma mola de aço.

Ripley rastejava recuando desesperadamente de costas, tentando colocar algo sólido entre ela e a abominação em um frenesi incessante. Garras seguraram suas botas e ela empurrou-o novamente, a sensação de couro liso da pele daquela coisa, deixou-a enjoada. A única coisa que ela não se atrevia a fazer era vomitar.

Ele era incrivelmente forte. Antes ela tinha conseguido arremessá-lo para longe antes que ele pudesse obter uma boa aderência. Desta vez, recusou-se a ser desprendido, pendurou-se firme. Ela tentou arrancá-lo, afastá-lo,enquanto ele ia na direção da sua cabeça. Newt gritou recuando até uma mesa de canto.



Com um último gesto desesperado Ripley deslizou ambas as mãos até seu peito bloqueando o rosto. Empurrou com toda a força que restava. Enquanto lutava, ela tropeçou cegamente, derrubando equipamentos no piso molhado.

A água continuava a descer do teto, inundando a sala, cegando-a. e também dificultando um pouco os movimentos do abraçador, que não conseguia um aperto forte suficiente para imobilizá-la.

Newt continuava a gritar, sem desviar os olhos. Por conta disso, não conseguiu ver as pernas do alienígena que apareceram acima da borda da mesa, onde ela estava encostada. Mas a sua capacidade de detectar movimento tornara-se quase tão aguda quanto o dos sensores das armas sentinelas.

Girando, ela empurrou a mesa, prendendo-a contra a parede.
A criatura se contorcia loucamente, lutando para libertar-se com as pernas e cauda.

— Ripleyyy!

A coisa deslizou uma perna livre, depois outra. Uma terceira, e começou a libertar-se da armadilha.

— Ripleeyyy!

As pernas do abraçador arranharam a cabeça de Ripley, tentando chegar por trás dela chicoteando o rosto. Enquanto lutava, o orgão tubular ovipositor saido de sua abertura ventral, empurrava os braços do Ripley, tentando forçar seu caminho entre eles.

Uma sombra apareceu do lado de fora da janela de observação, atrás do vidro. A cara de Hicks pressionou contra o vidro. Seus olhos se arregalaram quando viu o que estava acontecendo lá dentro. Nem pensou em tentar reparar o mecanismo da porta inoperante. Deu um passo para trás e levantou o cano da sua arma.

Os projeteis quebraram a barreira tripla em vários lugares, mas o painel permanecia.
O cabo, em seguida, mergulhou tal qual uma bala humana, contra os padrões resultantes em forma de teia quebradiça, que explodiram em uma chuva de fragmentos cintilantes. Bateu no chão imediatamente praticando um rolamento ágil, sua armadura moendo os cacos e protegendo-o de suas bordas afiadas.

O abraçador finalmente conseguira posicionar sua cauda poderosa em torno da garganta de Ripley e começou a sufocá-la e puxá-la para mais perto.



Hicks passou os dedos em torno dos membros aracnóides e puxou, forçando a monstruosidade a largar de seu rosto.

Hudson seguira Hicks para dentro da sala. Viu Ripley e o cabo lutando com o abraçador e em seguida girou e avistou Newt.

No mesmo movimento, levantou o rifle para explodir o segundo parasita em pedaços antes que pudesse rastejar livre. Ácido salpicou, mastigando a mesa, parede e chão, quando o corpo de pernas de carangueijo foi explodido.

Gorman se inclinou para junto de Ripley e com ambas as mãos segurou a cauda da criatura. Como um especialista em serpentes, removeu-a, desenrolando-a de sua garganta. Ela engasgou, engolindo ar e água espasmodicamente.

Hicks acenou com a cabeça para a direita e olhou por cima do ombro em direção a Hudson que assistia. — Pronto?

— Pode mandar! — O técnico levantou a arma.

Os três jogaram a coisa para o canto vazio, que conseguiu cair ereto em um instante e pulou de volta para eles. Hudson acertou-o no ar. A chuva torrencial dos pulverizadores ajudou a localizar o jorro resultante de ácido. Fumaça misturou-se com vapor de água quando o líquido amarelo comeu o chão.

Engasgada, Ripley caiu de joelhos.
Estrias vermelhas como queimaduras marcavam sua garganta.
Ajoelhou-se ao lado de Hicks e Hudson.

Os pulverizadores de água finalmente encerraram seu trabalho.
Armários e equipamentos pingavam, enquanto a água se esvaia correndo através dos orifícios do ácido que havia comido o chão.




A sirene de incêndio morreu.

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