domingo, 2 de agosto de 2015
Aliens - Alan Dean Foster (Parte I)
I
Dois sonhadores.
Não havia muita diferença entre eles, apesar das distinções mais óbvias.
Um era pequeno, o outro bem maior. Um era do sexo feminino, o outro macho. A boca do primeiro continha uma mistura de dentes afiados e planos, uma clara indicação de que se tratava de um onívoro, enquanto o maxilar do outro fora destinado exclusivamente para fatiar e penetrar. Ambos eram descendentes de raças de assassinos. Esta era uma tendência genética que a primeira espécie de sonhadores tinha aprendido a moderar. O outro permanecera totalmente selvagem.
Mais diferenças eram evidentes em seus sonhos do que em suas aparências.
O primeiro sonhador dormia inquieto, memórias de terrores inomináveis experimentados recentemente, escorrendo das profundezas de seu subconsciente para interromper a estase normalmente plácida do hipersono.
Agitaria-se perigosamente se não fosse pela cápsula que continha seus movimentos - isso e o fato de que no sono profundo, a atividade muscular é reduzida ao mínimo. Então, virava-se e mexia-se mentalmente. Mas não estava ciente disso.
Durante o hipersono ninguém está ciente de nada.
De vez em quando, porém, uma memória vil subia à tona, como esgoto infiltrando-se abaixo da rua da cidade. Então, gemia dentro da cápsula. Seus batimentos cardíacos aumentavam. O computador que velava como um anjo eletrônico e observava a atividade acelerar, respondia baixando a temperatura do corpo um grau ou mais, e aumentava o fluxo de drogas para estabilizar seu sistema.
Os gemidos paravam. O sonhador se acalmava.
Levaria tempo para o pesadelo voltar.
O pequeno assassino reagia a esses episódios isolados se contorcendo como se em resposta ao sonhador maior. Em seguida, ele também iria relaxar de novo, sonhando com corpos quentes, pequenos e o fluxo de sangue quente, do conforto de ser encontrado na companhia de sua própria espécie, e a garantia de que isso ocorreria novamente. De alguma forma sabia que ambos despertariam em conjunto, ou nenhum deles iria.
Esta última possibilidade não perturbava seu descanso. Era mais paciente que o seu companheiro de hipersono, e possuía uma percepção mais realista de sua posição no cosmos. Fora colocado para dormir e esperar, sabendo que, se, e quando a consciência retornasse, estaria pronto para perseguir e matar novamente.
Enquanto isso ele descansava.
O tempo passa.
O horror não.
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