domingo, 2 de agosto de 2015

Aliens - Alan Dean Foster (Parte 2)





No infinito que é o espaço, sóis são grãos de areia.
Mesmo uma anã branca é pouco digna de nota.

O pequeno salva-vidas da desaparecida nave Nostromo, era demasiada pequeno para existir em tal vazio. Flutuava através do grande nada como um elétron liberto de sua órbita atômica.

No entanto, mesmo um elétron liberto pode atrair a atenção, se acontecer de cruzar no seu caminho com instrumentos de detecção apropriados. O curso do salva-vidas levou-o para perto de uma estrela familia. Um golpe de sorte que não foi totalmente negligenciado. Passou muito perto de outra nave; sendo que, no espaço, ‘muito perto’ é nada menos do que um ano-luz (aprox.10 trilhões de km) e apareceu na periferia de uma tela de varredura.

Alguém que viu o sinal pensou em ignorá-lo. Era muito pequeno para ser uma nave. Não deveria estar lá. E naves costumam responder em retorno. Aquele estava tão quieto quanto morto. O mais provável é que fosse apenas um asteróide errante, um pedaço renegado de níquel-ferro viajando pelo universo.

Se fosse uma nave, no mínimo, estaria emitindo um estridente sinal de emergência.

Mas o capitão da nave patrulha era um sujeito curioso. Um pequeno desvio em seu curso iria dar-lhes uma chance para verificar o andarilho silencioso, e um pouco de contabilidade inteligente seria suficiente para justificar o custo do desvio para os proprietários. Dadas as ordens, os computadores trabalharam para ajustar trajetória.

O julgamento do capitão foi confirmado quando emparelharam com o objeto estranho: era uma embarcação salva-vidas de uma nave de grande porte.



Ainda nenhum sinal de vida, nem retorno a pedidos de resposta. Mesmo as luzes externas estavam apagadas. Mas não estava completamente morta. Como um corpo em clima frio, a embarcação tinha retirado a força de suas extremidades para proteger algo vital profundamente dentro dela. O capitão selecionou três homens para abordá-la. Suavemente como um acasalamento de águias, a nave maior esgueirou-se para perto da cápsula salva-vida Narciso. Metal beijou metal. Garras foram utilizadas. Os sons do procedimento de acoplagem ecoaram em ambas as naves.


Vestindo trajes de pressão, os três homens chegaram à sua câmara de vácuo.  Carregavam lâmpadas portáteis e outros equipamentos. Sendo o ar demasiado precioso para ser desperdiçado, esperaram pacientemente enquanto o oxigênio foi transferido para sua nave e só então a porta deslizou para o lado.

A primeira vista o interior foi decepcionante: não havia luzes internas visíveis através da porta interna e nenhum sinal de vida lá dentro. A porta se recusou a responder quando os controles externos foram pressionados. Havia sido fechada por dentro.

Depois que os homens tiveram certeza de que não havia ar na cabine do salva-vidas, um soldador robô foi colocado para trabalhar na porta. Tochas gêmeas queimaram brilhantes na escuridão, cortando a porta dos dois lados. Dois homens seguraram o terceiro que chutou o metal e o caminho estava aberto.



O interior era tão escuro como um túmulo.
Uma seção de cabos serpenteava ao longo do chão.
Junto ao cockpit uma luz fraca era visível. Os homens se moveram em direção dela, a cúpula familiar de uma cápsula de hipersono. Os invasores trocaram um olhar antes de se aproximar. Dois deles se inclinaram sobre a tampa de vidro grosso do sarcófago transparente. Atrás dele, seu companheiro estava estudando os instrumentos e murmurou em voz alta:


— Pressão interna positiva. Integridade dos sistemas normal. Nada parece errado; apenas configurado para economizar energia. Pressão constante. Não há alimentação de energia, embora eu aposto que as baterias seguraram bem. Olha as leituras internas como estão fracas. Já viu uma cápsula de hipersono como esta?

— Uns vinte e tantos anos atrás.

O outro se debruçou sobre o vidro e murmurou no rádio do traje.


— Uma dama de boa aparência.

— Boa aparência nada.

Seu companheiro pareceu desapontado.

— Luzes de funções de vida estão todas verdes. Isso significa que ela está viva. Lá se vai o nosso lucro com a recuperação do salva-vidas, caras.

O outro fez um gesto de surpresa. — Ei, tem algo lá com ela. Não é humano. Parece que está vivo também. Não posso ver muito claramente. Parte está sob o cabelo. É alaranjado.

— Laranja? — O líder do trio passou por ambos e pôs a placa dianteira de seu capacete contra a barreira transparente. — Tem garras, seja lá o que for.

— Ei! — Um dos homens cutucou seu companheiro. — Talvez seja uma forma de vida alienígena, hein? Isso valeria algum dinheiro.

Ripley escolheu aquele momento para mover-se levemente. Alguns fios de cabelo caíram do travesseiro sob a cabeça, revelando a criatura que dormia apertada contra ela. O líder endireitou-se e sacudiu a cabeça lamentando.

— Não temos essa sorte. É apenas um gato.

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