domingo, 6 de setembro de 2015

Aliens - Alan Dean Foster (Parte 8)




A Sulaco era uma gigantesca concha metálica à deriva em um mar negro.

Luzes azuladas brilhavam silenciosamente ao longo dos flancos do casco deplorável quando ela se estabeleceu em órbita final.

Na ponte, Bishop verificava seus instrumentos e leituras sem pestanejar. Ocasionalmente, tocava um interruptor ou disparava uma enxurrada de comandos. Na maior parte do tempo, tudo que ele tinha a fazer era observar enquanto os computadores de bordo estabeleciam a órbita desejada.
A automação que fez navegação interestelar possível tinha reduzido o homem à condição de um sistema de backup, um último recurso.
Agora, sintéticos como Bishop tinham substituído o homem.
A exploração do cosmos tornara-se uma profissão com motorista.




Quando os mostradores e medidores tinham o satisfeito, ele se inclinou para a melhor captação de voz.

— Atenção, ponte de comando, Bishop falando. Concluimos as operações finais de manobra intraorbital. Inserção geosincrônica concluída. Ajustei a gravidade artificial para ser a mesma de Acheron. Obrigado pela sua cooperação. Podem retomar ao trabalho.




Em contraste com a paz e a tranquilidade que reinava durante a maior parte na nave, a baía de carga estava repleta de atividade. Spunkmeyer sentou-se na gaiola de um grande Carregador pesado, uma máquina que se assemelhava ao esqueleto mecânico de um elefante e era muito mais forte. As luvas em que eram inseridas as mãos e os pés transmitiam os movimentos do soldado e transferia-os para os braços e as pernas da máquina de metal, multiplicando sua capacidade de carga por um fator de vários milhares.

Deslizou os longos braços reforçados e levantou um container de pequenos mísseis táticos ar-solo. Trabalhando com movimentos suaves e sem esforço, baixou a carga na barriga da nave de transporte de tropas UD-4L Cheyenne, apelidada de Bug Stomper.
Cliques e clangs soaram dentro como da nave ao aceitar a oferta e automaticamente levar os mísseis ao lugar certo. Spunkmeyer recuou em busca de outra carga.


Outros soldados dirigiam reboques motorizados ou carregavam as armas. Ocasionalmente falavam com um ou outro, mas na maior parte da operação de carga e de preparação prosseguiam sem conversa. Também sem acidentes.
Apesar de próximos e da quantidade de máquinas perigosas em constante movimento, ninguém sequer raspou seu vizinho. Hicks vigiava tudo, verificando  um item após o outro em um manifesto eletrónico, ocasionalmente balançando a cabeça para si mesmo mais como satisfação do que um procedimento necessário.

No arsenal Wierzbowski, Drake e Vasquez montavam e limpavam suas armas leves, os dedos movendo-se com tanta precisão quanto as máquinas no compartimento de carga. Placas de circuitos minúsculos eram removidas, verificadas, e limpas de poeira e fiapos antes de serem reinseridas em metal e plástico, tal qual elegantes esculturas mortais.

Vasquez tirou a pesada Smartgun de seu suporte e prendeu-a em um braço flexivel de operação e amorosamente começou a executar movimentos para checar a unidade computadorizada. A arma fora projetado para ser vestida, não carregada.
O equipamento, seu computador integrante de fogo-e-trava, assim como o próprio mecanismo de busca e detecção, era equilibrado em um eixo cardan de precisão, estabilizado de acordo com os movimentos de seu operador.
Podia fazer quase tudo automaticamente, exceto apertar seu próprio gatilho.

Vasquez sorriu carinhosamente enquanto a manuseava. Era uma criança difícil, uma criança complexa, mas iria protegê-la e seus companheiros e mantê-los a salvo.
Ela precisava de mais compreensão e cuidados do que qualquer um de seus colegas.



Drake também entendia aquilo. Ele também conversava com sua arma, embora em silêncio. Nenhum de seus companheiros entendia esse tipo de comportamento anormal. Todo mundo sabia que todos os fuzileiros navais coloniais eram um pouco desequilibrados e que os operadores das Smartgun eram os mais estranhos deles. Tendiam a tratars suas armas como extensões de seus próprios corpos. Ao contrário de seus colegas. Drake e Vasquez não precisavam se preocupar em dominar o equipamento de comunicações, pilotar, dirigir o veículo blindado, ou mesmo ajudar a carregar a nave.
Tudo que eram obrigados a fazer era atirar em coisas.
Matar era sua especialidade. E ambos amavam seu trabalho.

Nem todos estavam tão ocupados quanto os soldados. Burke tinha completado seus poucos preparativos pessoais para pouso enquanto Gorman deixava para Apone a supervisão efetiva da preparação final.

O representante da empresa conversava casualmente com o tenente.

— Ainda nada da colônia?

Gorman balançou a cabeça e notou algo sobre o procedimento de carga que o levou a fazer uma anotação no seu bloco eletrônico.

— Nem mesmo um ruído de fundo. Morto em todos os canais.

— E temos certeza sobre o satélite de retransmissão?

— Bishop insiste que a verificação que fez, respondeu perfeitamente para cada comando. Disse que enquanto estávamos na aproximação final do sistema, ele emitiu um sinal padrão de volta à Terra, e que devemos obter uma resposta em poucos dias. Isso vai ser a confirmação final, mas ele garantiu o desempenho do sistema.

— Então o problema deve estar em algum lugar na superfície.

Gorman concordou.

— Como nós já suspeitavamos o tempo todo.

Burke parecia pensativo.

— E quanto às comunicações locais? Vídeo, as transmissões dos tratores, entre as estações de processamento atmosférico, e assim por diante?

O tenente balançou a cabeça com pesar.

— Se alguém está falando com alguém lá embaixo, estão fazendo isso com sinais de fumaça ou espelhos. Exceto para o silvo padrão do sol local, o espectro eletromagnético está mortinho da silva.

O representante da Companhia deu de ombros.

— Bem, nós não esperavamos encontrar nada. Ainda assim, há sempre uma esperança.

— Ainda há. Talvez a colônia tenha feito um voto de silêncio coletivo.

— Por que eles fariam algo assim?

— Como eu vou saber? Conversão religiosa em massa ou qualquer outra coisa que exige silêncio de rádio.

— Sim. Talvez.

Burke queria acreditar em Gorman. Gorman queria acreditar em Burke. Nenhum acreditava no outro no momento. O que quer que houvesse silenciado a colônia de Acheron, não tinha sido uma questão de escolha. As pessoas gostavam de conversar, os colonos mais do que a maioria. Eles não iriam encerrar todas as comunicações de boa vontade.

Ripley observava os dois homens. Então dirigiu sua atenção de volta para o processo contínuo de carga e preparação para a descida ao planeta.

Ela tinha visto naves militares como esta nos noticiários, mas esta foi a primeira vez que esteve perto de uma. Isso a fez sentir-se um pouco mais segura. Fortemente armada e blindada, a UD-4L Cheyenne parecia uma enorme vespa negra.

Enquanto observava, um veículo terrestre blindado para transporte de tropas de seis rodas, um M577 APC, estava sendo içado na barriga da nave. Fora construído na forma de um lingote de ferro, baixo e atarracado, puramente funcional. Dez metros de comprimento por quatro de largura, quatorze toneladas impulsionadas por turbinas de combustível híbrido, podendo alcançar até 150 quilômetros por hora em terreno liso.
Sua pesada armadura de kevlar e aço, fornecia proteção até mesmo contra foguetes anti-tanques.

Distraída, Ripley quase tropeçou em Frost, que continuou suas tarefas sem lhe dar atenção. Na confusão organizada ela encontrou Apone.
O sargento estava conversando com Hicks, ambos estudando a lista de verificação do cabo.
Aproximou-se deles. Manteve o silêncio até que o sargento notasse sua presença.



— Alguma coisa?

— Sim. Eu me sinto como uma quinta roda aqui, estou cansada de não fazer nada.

Apone sorriu.

— Estamos todos doentes por não fazer nada. O que sugere?

— Existe alguma coisa que eu posso fazer?

Ele coçou a parte de trás de sua cabeça, olhando para ela.

— Eu não sei. Existe alguma coisa que você saiba fazer?

Ela virou-se e apontou.

— Eu posso dirigir aquela carregadeira. Tenho uma classificação de doca classe dois. Meu mais recente passo na minha carreira.

Apone olhou na direção em que ela estava apontando. A carregadeira reserva da Sulaco dormia agachado na baía de manutenção. Seu grupo era versátil, mas eram primeiro que tudo soldados. Eram fuzileiros, e não trabalhadores da construção cívil. Um par extra de mãos seria bem-vindo para lidar com o material pesado.

— Aquilo não é brinquedo.

O ceticismo na voz de Apone foi igualado na expressão do rosto de Hicks.

— Tudo bem” respondeu ela secamente. — Não é Natal.

O sargento apertou os lábios.

— Classe dois, hein?

Tomando a observação como resposta, ela girou nos calcanhares e caminhou até a carregadeira, subiu a escada, e estabeleceu-se no banco debaixo da gaiola de segurança. Uma rápida inspeção revelou que, como ela tinha suspeitado, ela era um pouco diferente daquele que tinha operado na Terra. Um modelo ligeiramente mais recente, talvez. Pressionou alguns interruptores. Motores ligaram. Um lamento baixo emanava das entranhas da máquina, aumentando para um zumbido constante.

Mãos e pés escorregaram para as luvas sensíveis.
Como algum dinossauro paralisado repentinamente trazido de volta à vida, o Carregador levantou-se em patas de titânio. Caminhou para a pilha de módulos de carga. Grandes garras mergulharam para o recipiente mais próximo. Ela levantou-a do topo da pilha e fê-lo girar na direção dos homens assistindo.
Sua voz subiu acima do zumbido dos motores.

— Onde você quer que coloque?



Hicks olhou para o sargento e levantou uma sobrancelha.




A preparação do pessoal prosseguiu no mesmo ritmo do carregamento do UD-4L, veículo de embarque e desembarque de tropas, mas com um cuidado adicional. Algo poderia dar errado com os suprimentos, ou as comunicações, mas nenhum soldado permitiria que nada desse errado com seu armamento pessoal. Cada um deles era capaz de lutar e ganhar uma pequena guerra em seu próprio país.

Primeiro a armadura era verificada se havia rachaduras ou deformações. Em seguida, as botas de combate especiais, capazes de resistir a qualquer combinação de tempo, corrosão. Mochilas que permitam um ser humano frágil sobreviver por mais de um mês em um ambiente hostil, sem qualquer auxílio suplementar. Arreios para mantê-lo firmes ao saltar durante uma queda áspera ou quando a APC estava abrindo um caminho em terreno difícil. Capacetes balísticos para proteger o crânio e máscaras para seus olhos e aparelhos de comunicação para contato com a APC.

Dedos fluiam suavemente sobre fechos e mais fechos. Quando tudo ficou pronto, quando tudo havia sido verificado, todo o procedimento foi executado novamente a partir do zero. E quando acabou, se tivesse um minuto, você usaria conferindo o equipamento do seu vizinho.

Apone caminhava a frente e atrás entre seu grupo, fazendo sua própria verificação discreta, embora soubesse ser desnecessário. Ele, no entanto, acreditava firmemente no que aprendera na escola de instrução. Agora era a hora de encontrar deslizes e falhas, pois depois, uma vez que acontecesse, era geralmente fatal.

— Vamos, movam-se, meninas! Vamos, vamos! Vocês dormiram tempo suficiente.

Fora de formação, dirigiram-se a UD-4L, conversando animadamente. Apone poderia ter feito isso formalmente se ele quisesse, colocá-los marchando em fila, mas era seu pessoal e ele não diria a eles como andar. O sargento ficou satisfeito ao ver que seu novo tenente tinha aprendido o suficiente até agora para manter a boca fechada.

Eles lotaram a área de carga com suas vozes, nada de bandeiras voando, nem instruções pré-gravadas. O hino deles era uma série de obscenidades familiares ditas uns para os outros; palavras desafiadoras de homens e mulheres prontos para encarar a morte. Apone compartilhava disso. Como todos os soldados haviam feito há milhares de anos, pois nada havia de nobre em morrer.

Uma vez prontos, entraram diretamente na APC. O transporte terrestre iria ser lançado à superfície no instante em que a UD-4L apelidada carinhosamente de Bug Stomper aterrissasse. Seria um passeio conturbado e difícil, mas os fuzileiros coloniais nunca esperavam moleza.


Assim que todos estavam a bordo e as portas fechadas, uma sirene soou, indicando despressurização do compartimento de carga da Sulaco.

Robôs de serviço correram para se esconder. Luzes de advertência se acenderam.

Os soldados sentaram em duas fileiras, uma a frente da outra, num corredor estreito.
Perto dos soldados em suas armaduras, Ripley sentiu-se pequena e vulnerável. Ela usava apenas uma jaqueta de vôo e um fone de ouvido de comunicação.
Ninguém ofereceu a ela uma arma.

Hudson estava muito agitado para se sentar ainda. A adrenalina estava fluindo e seus olhos estavam arregalados. Fez a ronda no corredor, seus movimentos predatórios e exagerados, como um grande felino pronto para atacar no espaço confinado, repetindo uma ladainha psicótica.

— Estou pronto, cara! Pronto para mandar ver! Pode acreditar! Sou pura energia! Você não vai querer se meter comigo. Ei, Ripley!

Ela olhou para ele, sem expressão.

— Não se preocupe, queridinha. Eu e meu pelotão de máquinas de matar vamos protegê-la. Pode acreditar!

Bateu nos controles do servo-canhão montado na ponte de armas acima dele.

— Raio de particulas de mira independente. Não é uma gracinha? VWAP! Frita metade de uma cidade com esta belezinha. Temos mísseis inteligentes táticos, rifles de pulso plasmático M41A, RPGs. Temos canhões sônicos, temos armas nucleares, temos facas...

Hicks estendeu a mão, agarrou Hudson por seu armês, e puxou-o para um assento vazio. Seu tom de voz foi baixo, mas carregado de autoridade.

— Sente!

— Claro, Hicks.


Hudson recostou-se, de repente dócil.

Ripley agradeceu ao oficial, que tinha um rosto jovem mas velhos olhos, ela pensou enquanto o estudava. Devia ter visto coisas demais para sua idade. Provavelmente mais do que ele gostaria.

Não se importou com a calma que se seguiu ao monólogo de Hudson. Já havia histeria suficiente e não precisava de mais.

O cabo se inclinou em direção a ela.

— Não dê atenção para o Hudson. Nem a qualquer um deles. Eles são todos assim, e num local apertado assim, a coisa piora.

— Se ele puder disparar sua arma, como faz com a sua boca, ficarei mais tranquila.

Hicks sorriu.

— Não se preocupe quanto a isso. Hudson é um técnico, mas é um especialista em combate a curta distância, assim como todos os outros.

— Você também?

Ele se recostou em seu assento.

— Não estou aqui porque queria ser um chef de pastelaria.

Os motores começaram a latejar. A Bug Stomper balançou conforme as garras a levavam para fora do compartimento de carga.

— Ei! — Frost gritou. — Alguém verificou os engates desse caixão? Se não estiver bem apertado, estamos sujeitos a ir parar nos fundos.

— Quietinho, meu querido — disse Dietrich. — Foi verificado por mim. Nós estamos seguros. Este 6-rodas não vai a lugar nenhum até beijarmos o chão.

Frost pareceu aliviado.

Os motores rugiram. Estômagos se fizeram sentir ao deixarem o campo de gravidade artificial da Sulaco para trás. Estavam livres agora, flutuando lentamente para longe da grande nave transporte. Logo os motores iriam disparar totalmente. Pés e mãos começaram a flutuar em Zero-G, mas os arnês mantinham-nos seus lugares.

O chão e as paredes da APC tremeram quando os motores trovejaram.
A gravidade voltou com uma vingança.

Burke parecia que estava em um cruzeiro de pesca ao largo da Jamaica, sorrindo ansioso para a verdadeira aventura a começar.

— Aqui vamos nós!

Ripley fechou os olhos, para em seguida abri-los quase que imediatamente. Qualquer coisa era melhor do que olhar para a escuridão interna de suas pálpebras. Formas malignas apareciam do nada. Os rostos tensos e confiantes de Frost, Crowe, Apone e Hicks era mais reconfortante.
 


Na cabine do APC, Spunkmeyer e Ferro estudavam as leituras dos controles conforme a velocidade de queda aumentava. Alguns lábios tremiam. Ninguém disse uma palavra conformes mergulhavam em direção a atmosfera.



Abaixo, um limbo cinzento. O manto escuro de nuvens que cobria a superfície de Acheron de repente assumiu um brilho perolado. A atmosfera era densa e perturbada, fervendo sobre desertos secos e pedras sem vida, tornando a paisagem invisível aos sensores mais e equipamentos de imagem.

A aeronave orbital de transporte de tropas saltou através de correntes de vento, tremendo e balançando. A voz de Ferro soou calma e glacial pelo interfone em meio ao vendaval.

— Mudar para DCS. Visibilidade zero. Um verdadeiro terreno de piqueniquel. Que porcaria!

— Dois-quatro-zero — Spunkmeyer estava ocupado demais para responder as suas queixas. — Nominal ao perfil. Pegando alguma ionização no casco.

Ferro olhou para uma leitura.

— Ruim?

— Nada que os filtros não possam lidar. Ventos a duzentos.

Uma tela entre eles piscou, exibindo um modelo topográfico do terreno que sobrevoavam.

— A superfície varia bastante. O que esperava, Ferro? Praias tropicais?

 Ele cutucou um trio de chaves.

— Vamos acertar em cheio as térmicas. Deslocamento vertical imprevisível. Atenção.

— Entendi.

Ferro girou uma chave.

— Nada que não esteja na nossa programação. Pelo menos o tempo não mudou.

Ela olhou para uma leitura. — Turbulência à frente.

A voz do piloto soou no sistema de intercomunicação da APC.


— Aqui é Ferro. Vocês todos leram o perfil dessa bola de sujeira, Não serão férias de verão. Esperem alguns solavancos.

Os olhos de Ripley foram sobre seus companheiros, presos firmemente juntos nos confins do veículo blindado. Hicks tinha caído para um lado, dormindo em seu assento. O quicar não parecia incomodá-lo nem um pouco. A maioria dos outros soldados sentados em silêncio, olhando pra frente, suas mentes remoendo pensamentos particulares. Hudson estava falando silenciosamente consigo mesmo. Seus lábios se moviam incessantemente. Ripley não tentou lê-los.

Burke estava estudando o layout da APC com interesse profissional. Em frente a ele Gorman estava sentado com os olhos bem fechados. Sua pele era pálida, e o suor se destacava em sua testa e pescoço. Suas mãos esfregando as costas dos joelhos. Massageava a tensão. Talvez conversar o ajudasse, ela pensou.

— Quantos pousos assim já fez, Tenente?

Seus olhos se abriram e ele piscou para ela.

— Trinta e oito no simulador.

— Quantos em combate? — Perguntou incisivamente Vasquez.

Gorman tentou responder como se isso não fizesse diferença.

— Bem...dois. Três, incluindo este.


Vasquez e Drake trocaram um olhar, não disseram nada. Não precisavam. Suas respectivas expressões eram suficientemente eloquentes.

Ripley deu a Burke um olhar acusador, e ele respondeu com um de desamparo, como se quisesse dizer ‘ei, eu sou um civil. Tenho nenhum controle sobre as atribuições militares’.




Era besteira discutir isso agora, não havia nada a ser discutido. Acheron jazia sob eles, estavam muito longe da burocracia da Terra.
Ela mordeu o lábio inferior e tentou fazer com que isso não a deixasse incomodada. Gorman parecia bastante competente. Além disso, em um confronto ou combate real, Apone comandaria o show. Apone e Hicks.

Vozes da cabine continuaram a reverberar pelo interfone. Ferro e Spunkmeyer. Entre queixas e reclamações, eles conseguiriam fazer o pouso.

— Virando em aproximação final — ela estava dizendo. — Em torno de um 7-0-9. Travada na orientação final.

— Sempre soube que você era travada — disse Spunkmeyer.

Era uma velha piada do piloto, e Ferro ignorou-o.




— Preste atenção na sua tela. Eu não posso manobrar e acompanhar as leituras do terreno também. Mantenha-nos longe das montanhas — uma pausa, e então — onde está o sinalizador?

— Nada — a voz de Spunkmeyer estava calma. — Deve ter ido embora com as comunicações.

— Isso é loucura e você sabe disso. Sinalizadores são automáticos e alimentados individualmente.

— Ok. Você encontra o sinal.

— Eu me contentaria com alguém acenando uma bandeira.

Silêncio. Nenhum dos soldados parecia preocupado. Ferro e Spunkmeyer tinham transportado-os em climas piores do que de Acheron.




— Ventos melhorando. Bom tempo para empinar pipas. Vamos ficar um tempo aqui, para que vocês, crianças possam arumar seus brinquedos.

Os soldados iniciaram os preparativos finais para pouso.

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