segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O Homem que caiu na Terra - Walter Tevis (Parte 14)



VIII

Começou outra vez a beber bastante, durante o segundo mês de detenção, e não estava absolutamente certo do motivo. Não era solidão, visto que, naquele momento, confessara para si mesmo, como fizera para Bryce, que não sentia desejo de companhia.

Nem lhe pesava aquela sensação de forte tensão com que trabalhara durante anos, já que os problemas eram poucos e a responsabilidade quase inexistente.
Havia apenas um assunto importante que podia ter servido de desculpa para beber: continuar, ou não, com o plano, desde que o governo o permitisse. Todavia, não se preocupava muitas vezes com isso, bêbado ou sóbrio, já que tal possibilidade parecia remota.

Ainda lia bastante e ganhara novo interesse pela literatura avant-garde em especial no que dizia respeito à difícil poesia, sestinas, villanelles, ballades, que, embora um pouco fracas cm ideias e intuição, eram com frequência, fascinantes, do ponto de vista linguístico. Até tentou escrever um poema, um soneto italiano em alexandrinos, mas achou-se alarmantemente pouco dotado nesse campo, antes de chegar à oitava linha. Pensou que podia tentar depois e em antheano.

Também lia ciências e história. Os seus carcereiros eram mais liberais a forneciam-lhe livros e gim; nunca vira sequer uma sobrancelha franzida, nem havia um dia de adiamento, quando pedia qualquer coisa ao criado encarregado de atendê-lo e limpar o apartamento. Pareciam admiravelmente capazes de satisfazê-lo. Uma vez, apenas para ver o que iria acontecer, pediu a tradução em árabe de ‘E o Vento Levou’, e o criado, sem se desconcertar, trouxe-a em cinco horas. Visto não conseguir ler árabe, e não gostar muito de romances, fosse como fosse, utilizou-o como suporte para livros, numa das suas prateleiras; pois era colossal.

As únicas objeções graves em relação ao confinamento era poder, por vezes, sair ao ar livre, e outras ver Betty Jo, ou Nathan Bryce, as únicas pessoas do planeta a quem poderia chamar de amigos. Sentia qualquer coisa, também por Anthea, mas era uma vaga impressão. Já não pensava, com frequência, no seu lar.
Tornara-se terrestre.

Ao final do segundo mês, parecia terem terminado os testes físicos, deixando-o com algumas recordações desagradáveis e uma dor de cabeça recorrente. Os interrogatórios havia tornando-se repetitivos; parecia terem esgotado o que lhe queriam perguntar. E, todavia, ninguém fizera a mais óbvia das perguntas: ninguém perguntou se ele era de outro planeta.

Achava que suspeitavam disso, mas nunca tinham perguntado cara a cara. Teriam medo começasse a rir deles ou faria parte de uma técnica psicológica? As vezes quase dizia a verdade inteira, na qual não acreditariam, provavelmente. Podia afirmar ser de Marte, ou Vénus, e insistir naquilo até estarem convencidos de que ele era louco.

E então, uma tarde, mudaram bruscamente de técnica.

Surgiu como uma surpresa enorme, e como um alívio por fim.

O interrogatório começara da maneira habitual; o inquisidor, um tal Sr. Bowen, tinha interrogando-o uma vez por semana, desde o princípio. Embora nenhum dos diversos oficiais lhe tivesse dito qual o seu cargo, Bowen sempre o impressionara como sendo uma personagem mais importante que os outros. O seu secretário parecia um pouco mais eficiente, a sua roupa um pouco mais cara, as suas olheiras um pouco mais escuras. Talvez fosse um subsecretário, ou algo irrelevante na CIA. Era também, à primeira vista, um homem com uma inteligência notável.

Quando entrou saudou Newton cordialmente, sentou-se numa poltrona e acendeu um cigarro. Newton não apreciava o cheiro dos cigarros, mas já não protestava. Além disso, o quarto tinha ar condicionado.
O secretário sentou-se à mesa. Felizmente, ele não fumava.

Newton cumprimentou os dois, com bastante afabilidade; contudo, não fez menção de se levantar quando entraram no quarto. Havia, reconhecia-o, uma espécie de jogo de gato e rato; mas não estava disposto a jogar.
Em geral, Bowen ia direto ao assunto.







— Tenho que confessar, Sr. Newton, que cada vez consegue nos iludir ainda mais. Ainda não sabemos quem é nem de onde veio.

— Sou Thomas Jerome Newton, de Iddle Creeck, Kentucky. Um mutante, do ponto de vista físico.
Viu o meu registro de nascimento no tribunal de Bassett Country. Nasci em 1918.

— Se assim fosse teria setenta anos. Parece ter quarenta.
Newton encolheu os ombros.

— Tal como disse, sou um monstro, um mutante. Possivelmente, uma espécie nova. Acho que não é ilegal, ou é?

Tudo aquilo já fora dito antes; mas não se importava de dizer tudo de novo.

— Não é ilegal. Mas achamos que o seu registo de nascimento é forjado, que você é um ilegal.

— Pode provar?

— Talvez não. O que o senhor atua muito bem, Sr. Newton. Se conseguiu inventar os filmes Worldcolor, calculo que poderia arranjar facilmente um registo falso. É claro que um de 1918 seria difícil de verificar. Já não há ninguém vivo para testemunhar. Mas não somos capazes de localizar qualquer registro seu de infância. E ainda mais estranho, não conseguimos descobrir ninguém que o conheça há mais de cinco anos. — Bowen esmagou o cigarro e depois coçou o ouvido, como se estivesse pensando outra coisa. — É capaz de explicar o porquê, Sr. Newton?

Newton pensou, com indolência, se os inquisidores frequentariam escolas especiais onde aprendessem as técnicas, como a de  coçar o ouvido, ou se aprendiam esses detalhes do cinema.
Deu a mesma resposta que já dera antes.

— Porque sou um monstro, Sr. Bowen. A minha mãe quase não deixava ninguém me ver. Como já deve ter reparado não sou do gênero de me preocupar, quando estou confinado.

— Nem esconder uma criança era tão difícil naquela época. Principalmente em Kentucky. Nunca foi à escola?

— Nunca.

— Contudo, é uma das pessoas mais inteligentes que conheci. — E depois, antes que pudesse replicar: — Sim, eu sei, também tem a mente de um monstro.

Bowen sufocou um bocejo. Parecia aborrecido.
—  Sim, tenho.

— E escondeu-se em uma torre de marfim, em Kentucky, até ter sessenta e cinco anos, e nunca ninguém o viu, nem ouviu falar?

Bowen sorriu com um ar cansado.

A ideia era absurda, evidentemente, mas nada podia fazer a respeito daquilo.
Ninguém, a não ser um idiota, acreditaria naquela história, mas ele tinha de ter uma. Podia ter se dado a mais incômodos para arranjar alguns documentos e para subornar alguns burocratas que lhe inventassem um passado mais convincente; mas a decisão, tomada muito antes dele deixar Anthea, fora a de não se arriscar mais que o necessário. Mesmo conseguir um especialista para forjar um documento que provasse o seu nascimento, já havia sido um difícil e perigoso.

— E certo — sorriu. — Ninguém ouviu nunca falar de mim até aos sessenta e cinco anos, exceto algumas pessoas de família, falecidas há bastante tempo.
Do nada, Bowen lançou uma nova evidência:

— E então, resolveu começar a vender anéis, de cidade em cidade? — A sua voz tomou-se áspera. — Fez, sem a ajuda de ninguém, calculo, cerca de cem anéis de ouro, todos perfeitamente iguais. E decidiu, de repente, aos sessenta e cinco anos, tornar-se vendedor ambulante?

Aquilo foi uma surpresa; ainda não tinham falado nos anéis, se bem que ele partisse do princípio que saberiam da sua existência. Newton sorriu ao pensar na explicação absurda que ia dar àquela história.

— É verdade — confirmou.

— E creio que cavou no quintal de sua casa, até encontrar o ouro, e depois fez os anéis com o seu conjunto de química juvenil, e gravou-os o senhor mesmo com a ponta de um alfinete?! Tudo isso para vender as joias, por menos do que valiam, a pequenas joalherias?
Newton não conseguiu deixar de se sentir divertido.

— Sou um excêntrico, também, Sr. Bowen.

— Não é assim tão excêntrico. Ninguém é excêntrico a esse ponto.

— Bem, então como explicaria?

Bowen fez uma pausa e acendeu outro cigarro. Após tudo isso, estava com a mão perfeitamente firme.

— Creio que trouxe os anéis consigo numa nave espacial. — Levantou ligeiramente as sobrancelhas.

— O que acha disso como palpite?
Newton não foi capaz de conter-se, mas conseguiu impedir que notasse.

— Interessante.

— Sim, é sim. E ainda mais quando se pensa que descobrimos restos de uma nave peculiar, a cerca de dez quilômetros da cidade onde vendeu o primeiro anel. Pode não saber disto, Sr. Newton, mas aquele casco que abandonou ainda tem radioatividade. Passou pelo cinturão de Van Allen.

— Não faço ideia do que está dizendo — arriscou Newton.
Não havia mais nada para dizer. O FBI saíra-se muito bem. Houve uma longa pausa. Depois, acrescentou:

 — Se eu tivesse aterrissado aqui numa nave espacial, não teria uma maneira melhor de arranjar dinheiro do que vender anéis?

— O que faria — perguntou Bowen —, se tivesse vindo de Vénus, digamos, e precisasse de dinheiro?
Newton teve dificuldade em manter a voz firme; uma das poucas vezes na sua vida em que tal ocorrera.

— Se os venusianos pudessem construir naves espaciais, suponho que poderiam falsificar dinheiro.

— E onde encontrariam, em Vénus, uma nota de dez dólares para copiar?
Newton não respondeu, e Bowen procurou no bolso do casaco, tirou um objeto pequeno e pousou-o na mesa, a seu lado. O secretário levantou os olhos, por instantes, esperando que alguém dissesse qualquer coisa. Newton pestanejou.
A caixa para guardar aspirinas.

— Dinheiro falso leva-nos a outra coisa, Sr. Newton.

Ele sabia do que Bowen ia falar e, praticamente, nada podia fazer quanto àquilo.

— Onde arranjou isso? — perguntou.— Um dos meus homens tropeçou nisso quando fez uma busca no seu quarto de hotel, em Louisville. Há dois anos, antes de partir a perna no elevador.

— Durante quanto tempo andaram a revistar meus quartos?

— Durante muito tempo, Mr. Newton.

— Então deve ter tido razões para me prender antes. Por que não o fez?

— Bem — disse Bowen —, é natural que quiséssemos descobrir primeiro o que tencionava fazer. Com aquela nave que anda a construir no Kentucky. E deve saber, perfeitamente, que tudo aquilo é muito suspeito. Tomou-se um indivíduo muito rico, e não podemos andar por aí a prender milionários se fazemos parte de um governo com sanidade mental, tendo como acusação o fato do indivíduo ser de Vénus, por exemplo. — Inclinou-se a frente, baixando a voz. — Você é de Vénus, Sr. Newton?
Newton sorriu. Novas informações não tinham alterado o quadro geral.

— Nunca disse que era, a não ser de Iddle Creeck, Kentucky.
Bowen olhou pensativamente a caixinha. Pegou-a e sentiu o peso na palma da mão. E disse:

— Como estou certo de que já sabe, esta caixa é de platina, o que tem de admitir que é espantoso. E também espantoso que, considerando a qualidade do material e a mão-de-obra, como se diria, seja uma imitação muito mal feita de uma caixa de aspirinas da Bayer. Por exemplo, tem um quarto de polegada de tamanho a mais, e as cores estão desbotadas. Além disso, a dobradiça não está feita da mesma maneira que o pessoal da Bayer as faz. — Olhou para Newton. — Nem sequer é uma boa dobradiça, é apenas diferente. — Sorriu de novo. — Mas talvez o mais espantoso desta caixa é não ter o emblema da firma, Sr. Newton...

Newton sentiu-se incomodado, e furioso consigo mesmo, por não se ter lembrado de destruir a caixa.

— E a que conclusão chegou, depois disto tudo?

— Concluímos que alguém falsificou a caixa, o melhor possível, a partir de uma imagem vista num anúncio de televisão. — Soltou um riso breve. — A partir de uma televisão muito diferente.

— Iddle Creeck — declarou Newton — tudo é diferente lá.

— O mesmo que Vénus. E vendem-se caixas de aspirina da Bayer, com comprimidos e tudo, nas lojas de conveniência de Iddle Creeck, por um dólar. Não há qualquer maneira das pessoas as fazerem em Iddle Creeck.

— Nem se se for, por acaso, um monstro excêntrico, com obsessões muito esquisitas?

Bowen ainda parecia divertido — possivelmente com ele mesmo.

— Não é muito provável. De fato eu podia perfeitamente acabar com todo este jogo argumentivo. Uma das coisas fascinantes sobre isso é uma... uma pessoa tão inteligente como o senhor poder cometer tantos erros. Por que acha que resolvemos prendê-lo quando ainda estava em Chicago? Já teve dois meses para pensar.

— Não faço ideia — confessou Newton.

— Era o que eu queria dizer. Aparentemente vocês, os antheanos, não estão nada habituados a pensar como nós. Acredito que qualquer leitor de revistas de detetives, um humano comum, teria calculado que seríamos obrigados a colocar um microfone no seu quarto, em Chicago, quando estava confessando ao Dr. Bryce.

Ele ficou durante um minuto inteirinho, surpreso. Depois, disse, por fim:

— Não, Mr. Bowen, aparentemente os antheanos não pensam como vocês. Mas também não trancamos uma pessoa, durante dois meses, de forma a podermos fazer-lhe perguntas para as quais já sabemos as respostas.

Bowen encolheu os ombros.

— Os governos modernos agem de maneiras misteriosas. Todavia, prendê-lo não foi ideia minha, foi do FBI. Alguém lá encima entrou em pânico. Têm receio que vá fazer explodir o mundo com aquela sua nave.  Na realidade, essa tem sido a teoria deles, desde o princípio. Os executivos encheram relatórios a cerca do projeto, e os diretores assistentes tentaram adivinhar quando ia lançar a nave contra Washington, ou Nova Iorque. — Sacudiu a cabeça. — Desde Edgar Hoover temos uma equipe ocupada com esta preocupação apocalíptica.

Newton levantou-se, bruscamente, e foi buscar uma bebida. Bowen pediu três. Então, levantou-se, também.

Entregando os copos a Bowen e ao secretário — o secretário evitava olhar em seus olhos, enquanto tomava a bebida — Newton pensou numa coisa:

— Já que o FBI ouviu a gravação, creio que fez uma gravação, devem ter mudado de ideia sobre meus objetivos.

Bowen bebericou.

— De fato, Sr. Newton, nunca deixamos que o FBI soubesse da gravação. Apenas demos ordens para  prendê-lo. A gravação nunca saiu do meu gabinete.
Aquilo era outra surpresa. Mas as surpresas estavam a suceder-se com rapidez.

— Como pôde impedi-los de ouvir a gravação?

— Bem — explicou Bowen —, já deve saber que tenho a sorte de ser o diretor da CIA. Portanto, estou acima do FBI.

— Então você deve ser... como é o nome, Van Brugh?

— Somos um bando ardiloso, dentro da CIA — esclareceu Bowen ou Van Brugh. — De qualquer maneira, uma vez de posse da gravação, sabíamos o que queríamos sobre você. E também a partir da sua confissão, determinamos que, uma vez que o FBI o capturasse, o que estavam prestes a fazer, qual seria a história a ser contada para eles. Não confiamos no FBI. São tempos perigosos, Sr. Newton; podiam ter resolvido o problema matando-o.

— E vocês não pensam em me matar?

— Claro que isso nos ocorreu. Mas nunca estive de acordo com isso, pois, por mais perigoso que o senhor fosse, seria matar a galinha dos ovos de ouro.
Newton acabou a bebida e encheu o copo.

— O que isso quer dizer? — perguntou.

— Temos uma grande quantidade de projetos de armas baseadas em dados que tiramos do seu arquivo privado, há três anos. Como sabe, atravessamos tempos perigosos; existem diversas maneiras de utilizar seus serviços. Calculo que vocês, os antheanos, saibam muito de armamento.
Newton fez uma longa pausa, contemplando a bebida. Depois disse calmamente:

— Se ouviu a conversa com o Bryce sabe o que nós, antheanos, fizemos a nós mesmos, com as nossas armas. Não tenho qualquer intenção de fazer dos Estados Unidos uma nação onipotente. Nem poderia, mesmo que desejasse. Não sou um cientista. Fui escolhido para a viagem devido ao meu vigor físico, não aos por meus conhecimentos. Sei muito pouco sobre armas, menos do que o senhor, imagino.

— Deve ter visto armas em Anthea, ou ouvido falar delas.

Newton, talvez devido ao álcool, já não se sentia na defensiva.

— O senhor tem visto automóveis, Sr. Van Brugh. Pode explicar um selvagem africano como fabricar um? Apenas com os materiais à disposição?

— Não. Mas poderia explicar sobre a combustão interna para um selvagem. Se pudesse encontrar um, na África moderna. E, se fosse um selvagem esperto, talvez fosse capaz de fazer qualquer coisa com o que lhe explicasse.

— Provavelmente matar a si próprio — comentou Newton. — Em qualquer caso, não tenciono contar-lhe nada neste aspecto, por mais valor que possa ter para você. — Acabou a outra bebida. — Suponho que podem tentar torturar-me.

— Uma perda de tempo, receio — foi a resposta de Van Brugh. — Uma razão para termos feito perguntas estúpidas, durante dois meses, foi estabelecer uma espécie de estudo de psicanálise. Temos câmeras registrando  a quantidade de vezes que pisca, e coisas do gênero. Já concluímos que tortura não funcionaria. Ficaria louco facilmente, se sofresse dores; e não podemos aprender o suficiente da sua psicologia, culpa e ansiedades e coisas assim, para lhe aplicarmos uma espécie de lavagem cerebral. Também o enchemos de drogas, hipnóticos, narcóticos, e não deram resultado.

— Então o que me vão fazer? Me dar um tiro?

— Não. Nem isso podemos fazer, sem a permissão do Presidente pelo menos, e ele não daria. —

Depois sorriu, com tristeza. — Bem, percebe Sr. Newton, depois de todos os fatores, o derradeiro é, afinal, uma questão de política prática, humana.

— Política?

— Estamos em 1988, ano de eleições. O presidente encaminha-se para o segundo mandato, e está numa posição muito boa, já que Watergate não alterou nada, e o presidente nos utiliza, a CIA, para espiar o outro partido.

De repente, inesperadamente, Newton começou a rir.

— Se me derem um tiro, o Presidente pode perder as eleições?

— Os republicanos têm os seus amigos industrialistas na Associação Nacional de Produtores, já bastante excitadinhos. Esses cavalheiros, como provavelmente sabe, detêm uma enorme influência.
Também protegem a si mesmos.

Newton continuava a rir. Era a primeira vez na vida que ria de verdade. Não se tratava só de dar gargalhadinhas; ria alto, e descontroladamente. Por fim disse:

— Então vocês vão me liberar?

Van Brugh sorriu, mas sem relaxar: — Amanhã pela manhã.

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